Augusto Comte
Exames: Augusto Comte. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: lucaspro2 • 1/3/2015 • 3.690 Palavras (15 Páginas) • 175 Visualizações
Auguste Comte
Auguste Comte nasceu em Montpellier, França, a 19 de janeiro de
1798, filho de um fiscal de impostos. Suas relações com a família
foram sempre tempestuosas e contêm elementos explicativos do
desenvolvimento de sua vida e talvez até mesmo de certas
orientações dadas às suas obras, sobretudo em seus últimos anos.
Freqüentemente, Comte acusava os familiares (à exceção de um
irmão) de avareza, culpando-os por sua precária situação econômica.
O pai e a irmã, ambos de saúde muito frágil, viviam reclamando maior
participação de Auguste em seus problemas. A mãe apegou-se a ele
de forma extremada, solicitando sua atenção “da mesma maneira que
um mendigo implora um pedaço de pão” para sobreviver, como diz ela
em carta ao filho já adulto. Tão complexos laços familiares foram afinal
rompidos por Comte, mas deixaram-lhe marcas profundas.
Com a idade de dezesseis anos, em 1814, Comte ingressou na Escola
Politécnica de Paris, fato que teria significativa influência na orientação
posterior de seu pensamento. Em carta de 1842 a John Stuart Mill
(1806-1873), Comte fala da Politécnica como a primeira comunidade
verdadeiramente científica, que deveria servir como modelo de toda
educação superior. A Escola Politécnica tinha sido fundada em 1794,
como fruto da Revolução Francesa e do desenvolvimento da ciência e
da técnica, resultante da Revolução Industrial. Embora permanecesse
por apenas dois anos nessa escola, Comte ali recebeu a influência do
trabalho intelectual de cientistas como o físico Sadi Carnot, (1796-
1832), o matemático Lagrange (1736 -1813) e o astrônomo Pierre
Simon de Laplace (1749-1827). Especialmente importante foi a
influência exercida pela Mecânica Analítica de Lagrange: nela Comte
teria se inspirado para vir a abordar os princípios de cada ciência
segundo uma perspectiva histórica.
Em 1816, a onda reacionária que se apoderou de toda a Europa,
depois da derrota de Napoleão e da Santa Aliança, repercutiu na
Escola Politécnica. Os adeptos da restauração da Casa Real dos
Bourbon conseguiram o fechamento temporário da Escola, acusandoa
de jacobinismo Comte deixou a Politécnica e, apesar dos apelos
insistentes da família, resolveu continuar em Paris. Nesse período
sofreu as influências dos chamados “ideólogos”: Destutt de
Tracy (1754 – 1836), Cabanis (1757 - 1808) e Volney (1757 -
1820). Leu também os teóricos da economia política, como Adam
Smith (1723 - 1790) e Jean-Baptiste Say (1767 - 1832), filósofos e
historiadores como David Hume (1711 - 177 6) e W William
Robertson (1721 - 1793). O fator mais decisivo para sua formação foi,
porém, o estudo do Esboço o de um Quadro Histórico dos
Progressos do Espírito Humano, de Condorcet (1743 - 1794), ao qual
se referiria, mais tarde, como "meu imediato predecessor". A obra de
Condorcet traça um quadro do desenvolvimento da humanidade, no
qual os descobrimentos e invenções da ciência e da tecnologia
desempenham papel preponderante, fazendo o homem caminhar para
uma era em que a organização social e política seria produto das
luzes da razão: Essa idéia tornar-se-ia um dos pontos fundamentais
da filosofia de Comte.
O filósofo e sua musa
Um ano depois de sair da Escola Politécnica, em 1817, Comte tornouse
secretário de Saint-Simon (1760 - 1825), do qual receberia
profunda influência. Em carta de 1818, Comte declara, sobre suas
relações com Saint-Simon: "Pela cooperação e amizade com um
desses homens que vêem longe nos domínios da filosofia política,
aprendi uma multidão de coisas, que em vão procuraria nos livros; e
no meio ano durante o qual estive associado a ele meu espírito fez
maiores progressos do que faria em três anos, se eu estivesse
sozinho; o trabalho desses seis meses desenvolveu minha concepção
das ciências políticas e, indiretamente, tornou mais sólidas minhas
idéias sobre as demais ciências...”.
Essa íntima ligação intelectual foi extremamente proveitosa para
Comte, pois acelerou seu processo de desenvolvimento. Terminou,
contudo, de maneira tempestuosa, como acontecia com quase todas
as relações pessoais de Comte. Ele e Saint-Simon eram de
temperamentos muito diversos para que pudessem trabalhar juntos
durante muito tempo: o rompimento ocorreu quando o discípulo
começou. a sentir-se independente do mestre, discordando de suas
idéias
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