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CRESCIMENTO DESORDENADO

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Por:   •  20/2/2014  •  1.002 Palavras (5 Páginas)  •  231 Visualizações

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CRESCIMENTO DESORDENADO

A partir da segunda metade do século XX, o Brasil passou por uma aceleração de seu processo de industrialização e, consequentemente, de urbanização, momento no qual a população deixou de ser majoritariamente rural para tornar-se urbana. Nesse sentido, os centros urbanos nos quais se concentravam as indústrias e o comércio passaram a receber um enorme contingente de pessoas vindas das mais diferentes regiões do país em busca de melhores condições de emprego, de renda e de qualidade de vida. Exemplo claro desse processo de migração e de êxodo rural é o que se deu na região Sudeste do país, principalmente na cidade de São Paulo e em sua região metropolitana, nas quais indivíduos vindos do Norte e do Nordeste do país chegaram para o trabalho como operários das indústrias ou como mão de obra na construção civil. Surgia, dessa forma, uma demanda social por moradias, equipamentos e infraestrutura urbanos. No entanto, restavam apenas as regiões periféricas que ao longo das décadas formariam os chamados subúrbios, a grande maioria com deficiências de infraestrutura fundamentais como água encanada, rede de esgotos, energia elétrica, transporte público, além de terrenos nem sempre com condições topográficas favoráveis à construção de casas.

Porém, nem mesmo imóveis em loteamentos com toda essa precariedade (a despeito dos baixos preços) poderiam ser adquiridos por todos. Restava como opção a ocupação de morros, encostas, margens de rios e córregos, ora invadindo-se áreas públicas e privadas, dando-se origem às favelas (hoje classificadas por aglomerados sunormais por instituições como o IBGE), ora adquirindo-se terrenos em loteamentos irregulares ou clandestinos.

Em um estudo realizado pelo CEBRAP – Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, em 1975, a pedido da Pontifícia Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, no qual nomes como Cândido Procópio F. de Camargo, Fernando Henrique Cardoso e José Álvaro Moisés fizeram parte, já se demonstravam dados e análises alarmantes quanto ao tipo de crescimento desordenado que ocorria na região metropolitana da capital paulista. Segundo o estudo, “o vertiginoso crescimento demográfico da Região, que entre 1960-1970 foi de 5,5% ao ano, junto com o processo de retenção dos terrenos à espera de valorização, levou ao surgimento de bairros cada vez mais distantes. Amontoam-se populações em áreas longínquas, afastadas dos locais de trabalho, impondo-se distâncias de deslocamento cada vez maiores. Acentua-se o processo de criação de ‘cidades-dormitórios’, verdadeiros acampamentos desprovidos de infra-estrutura” (CAMARGO, 1975, p. 29).

Obviamente, o processo de ocupação do solo e de fixação de residência condicionava-se à classe social das famílias (e ainda hoje assim o é, a despeito das importantes transformações do quadro social e econômico do Brasil nas últimas décadas) o que explicava a alta concentração de pessoas em locais de condições precárias de moradia e infraestrutura. “A distribuição espacial da população na cidade acompanha, assim, a condição social dos habitantes, reforçando as desigualdades existentes [...]; Hoje [1975] em dia, a expressão ‘periferia’, que serve para designar os bairros mais afastados do centro, tornou-se sinônima, em certos meios, da noção de marginalização ou de exclusão social” (ibidem, p. 23). Embora a pesquisa citada tenha quase quarenta anos, muito de suas avaliações ainda é válido atualmente em pleno século XXI, pois, segundo a Secretaria Municipal de Habitação da Prefeitura de São Paulo, havia na cidade mais de 1600 favelas em 2008, o que sugere que as habitações e moradias precárias ainda são um fenômeno recente. A Câmara Municipal da capital paulista publicou ao final de 2011 em seu site que o déficit habitacional real para famílias que saem de áreas de risco que estão em urbanização é hoje de 130 mil unidades. Além disso, a projeção do crescimento

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