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CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Por:   •  21/4/2021  •  Trabalho acadêmico  •  8.152 Palavras (33 Páginas)  •  170 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS - ICH

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO ARAGUAIA TOCANTINS  

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

  1. ÉDERSON DOS SANTOS SANTA BRÍGIDA

 

 

 

 

ETNOGRAFIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marabá /Pará

2018 

 

 

ÉDERSON DOS SANTOS SANTA BRÍGIDA

 

 

 

 

 

  1.  “EMPODERAMENTO FEMININO”: O DIA A DIA DE UMA GARI

 

 

 

 

   

 

 

 

 

A etnografia apresentada ao curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará- UNIFESSPA, como requisito final de avaliação de nota na disciplina Teoria Antropológica IV, ministrada pela Professora: Dra. Gisela Villacorta.

 

 

 

 

 

 

Marabá/Pará 

2018 

  1.  “Empoderamento feminino”: o dia a dia de uma Gari 

 

“Tudo o que os homens escreveram sobre as mulheres deve ser suspeito, pois eles são, a um tempo, juiz e parte.” POULAIN DE LA BARRE 

Essa breve abordagem é o reflexo da sociedade em que vivemos em que inferioriza as mulheres ao longo de nossa história e as colocam em situação de vulnerabilidade, de subjetividade, desprovida de coisas que para nós homens somos os únicos capazes de exercer. Nós as jugamos mal e erramos, pois, as mulheres são o que considero o pilar de uma sociedade, elas são fortes, e independentemente da opinião do dito “macho alfa” (elaboro este conceito para exemplificar o homem que se acha superior as mulheres), merecem respeito, por este motivo, mesmo eu sendo um homem, sem saber de fato o que se passa no dia a dia de uma mulher, indaguei-me a ir ao campo e desenvolver este texto para que pudesse compreender através do relato do trabalho de um mulher, jovem, mãe de três filhos que atua na função de Gari, uma função que é vista de forma inferiorizada, e as vezes torna o homem que exerce tal trabalho, uma pessoa desvalorizada, invisível, em suma, vítimas de preconceito, e ainda mais se essa pessoa for uma mulher. Com isso, o objetivo é fazer uma reflexão do relato das experiências de minha interlocutora que exerce a função de gari, para que quem sabe, quebrarmos esse tabu que é muito presente em nossa sociedade, onde segundo Beauvoir (1970) a coloca de forma secundária na história.

Criada depois de Adão, é evidentemente um ser secundário, dizem uns; ao contrário, dizem outros, Adão era apenas um esboço e Deus alcançou a perfeição do ser humano quando criou Eva; seu cérebro é o menor, mas é relativamente o maior; e se Cristo se fêz homem foi possivelmente por humildade. Cada argumento sugere imediatamente seu contrário e não raro ambos são falhos... Se quisermos ver com clareza devemos sair desses trilhos; precisamos recusar as noções vagas de superioridade, inferioridade, igualdade que desvirtuam todas as discussões e reiniciar do começo. 

(Simone Beauvoir, O Segundo Sexo: fatos e mitos, p.21, 1970) 

  1. Primeiro momento: o ir a campo 

Acordei cedo, coisa que não faço corriqueiramente, pois era em uma sexta feira, em pleno feriado do dia das crianças, 12 de outubro de 2018, este cedo era umas 6 horas da manhã, fiz café, em casa ainda tinha um pão do dia anterior, que achei ótimo, pois iria ajudar  reforça o meu café da manhã. Após ter feito o café, tomei um banho, me vestir bem silenciosamente para não fazer barulho e acordar meu filho e minha esposa que discavam, tomei meu café da manhã e como de costume me despedir de minha esposa, falando bem baixinho que iria dar início ao meu pequeno projeto de pesquisa, e assim, fui ao campo.

É essencial que um etnógrafo deva ir a campo, pois Geertz (2009) já dizia, “o que um etnógrafo propriamente dito deve fazer, propriamente, é ir a lugares, votar de lá com informações disponíveis à comunidade especializada, de uma forma prática, em vez de ficar vadiando por bibliotecas, refletindo sobre questões literárias”, e este ir a campo que irá nos dar mais conteúdo para que assim possamos escrever sobre determinado assunto, neste meu caso, sobre a vida de uma mulher, jovem, que atua como Gari.

  1. Conhecendo minha interlocutora 

E aqui dou início a esta analise etnográfica. Por volta das 8 horas do dia 12 de Outubro, de 2018, mandei mensagem para o seu “WhatsApp”, para confirmar a entrevista com a moça que depois de alguns dias após ser solicitado sobre esta atividade acadêmica, a encontrei em frente da universidade em um dia em que iria para aula. Com seu uniforme laranja, uma vassoura nas mãos, estava a varrer as folhas das arvores dos canteiros da prefeitura, usava um chapéu também laranja, botas pretas e um cabelo ao qual chamamos de “rabo de cavalo” por dentro do chapéu, possuía uma tonalidade meio lilás de batom nos lábios, cabelos ruivos, aproximadamente 1,55 à 1,60 de altura e parda, então me aproximei dela, me apresentei, pedir um pouco de sua atenção, então expliquei sobre desenvolver um trabalho da faculdade explicando o seu cotidiano, a sua vivência como mulher e Gari, ela aceitou, me deu seu contato para que quando eu estivesse mais próximo do dia do trabalho, entrasse em contato com ela para marcar uma entrevista.

Antes de continuar, queria ressaltar que eu sempre via Bruna passar em frente de minha casa quando ela iria levar uma de suas filhas para escola, e pelo fato de residir mais próxima de casa, percebi que seria uma ótima oportunidade conhece-la para que esta se tornasse a interlocutora de minha pesquisa, mesmo sem possui nenhuma relação pessoal com Bruna, hoje tornou-se uma amiga que contribuiu de forma magnífica para o desenvolvimento deste trabalho.

Então os dias se passaram, mandei uma mensagem em seu “WhatsApp”, no dia 9 de Outubro de 2018, combinei em um dia que eu poderia falar com ela a respeito do trabalho, então ela aceitou e disse que poderia conversar a qualquer hora do dia 10 de Outubro, pois ela estava de atestado médico, e por isso estava em sua residência, então marquei para conversarmos anoite, pois este era o melhor horário para mim e levando em consideração que ela estaria disponível a qualquer horário, estaria ótimo para ambos. No entanto, no dia combinado, ela me manda uma mensagem no meu “zap”, por volta da 17 horas, dizendo que não poderia conversar naquele dia, pois como ela tinha dito anteriormente que estava de atestado (e eu não me atrevi a pergunta sobre o que ela estava sentindo), e na mensagem em que ela queria remarcar a entrevista, ela me disse que tinha extraído dois dentes e que o médico a recomendou para não falar muito, pois poderia inflamar as extrações, e neste dia ela disse que estava muito inflamado, portanto queria remarcar para quinta ou sexta-feira, foi então que remarcamos a entrevista para sexta feira (12), seria feriado, eu não teria aula no período da tarde, mas eu teria que viajar de tarde para poder trabalhar neste dia (pois trabalho em outra cidade, o que gera pouco tempo para desenvolver uma atividade deste tipo, as não que a impeça), então marquei a entrevista pela manhã, enfim iria acompanhar o cenário de seu trabalho, na mensagem ela disse que estaria ótimo, pois estaria responsável pela parte dos banheiros da prefeitura, então era somente eu ir lá que ela estaria me aguardando para me conceder a entrevista.

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