Capítulo 4 - Temas Relevantes
Dissertações: Capítulo 4 - Temas Relevantes. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 23/2/2015 • 3.079 Palavras (13 Páginas) • 400 Visualizações
Fichamento
DEMO, Pedro. Sociologia: Uma Introdução Crítica. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1987.
4.4 – Farsa e Sátira –
Um dos movimentos mais interessantes da sociedade é o de encobrir seus próprios problemas. Para isso usa-se a ideologia como instrumento fundamental.
Farsa Social – imagem ideológica produzida com vistas a encobrir contradições sociais, no quadro da dinâmica do poder e da desigualdade. É o falseamento da realidade para proveito próprio.
Sátira – movimento de desmascaramento das farsas, ou exercício da crítica ideológica.
“A realidade dificilmente se dá Às primeira vista porque na sua superfície costuma esconder-se, não mostrar-se.” (p.137)
Como sátira a ciência desmascara a realiddae partindo da idéia de que a aparência primeira é casca, não o cerne da questão.
A função latente é geralmente mais decisiva do que a função manifesta enquanto que o poder informal é geralmente o poder real.
O materialismo histórico de Marx: a história não é determinada pelas intenções que os homens possam ter, mas o contrário.
Crítica Social – Pode ser uma pesquisa de grande profundidade quando consegue desvendar máscaras e por a luz o fundo real dos problemas.
A critica social pode também lançar filosofias soltas e estabeleçer a polêmica pela polêmica quando os intelectuais revelam os problemas, mas não propõesm soluções.
Discurso do “intelectual Orgânico - Discurso hoje feito com extrema facilidade
sobretudo por educadores que se dizem populares.
Por que devemos desconfiar deste discurso ?
Para Pedro Demo, devemos desconfiar primeiramente porque é de intelectual , e sendo o intelectual o rei da ideologia , precisamos sempre nos precaver das suas artimanhas de dizer o que se deve fazer , mas mandar os outros cumprir.Segundo, porque pode ser uma interpretação mecânica do que Gramasci definia como tal.
Terceiro, por que a expressão pode já ser apenas um título vazio , como é por exemplo no termo revolução , que se aplica a qualquer ruga histórica . Portanto , declarar-se intelectual orgânico pode ser sabedoria mercadológica para vender uma boa imagem., de quem por trás curte a vida de pequeno burguês , mas capricha para aparecer amigo dos pobres.
Ser um Intelectual orgânico supões alguns passos decisivos e muitos difíceis de serem efetivados .
1. Supõe o reconhecimento autocrítico de fazer parte do grupo dominante , pelo menos indiretamente , por ser intelectual beneficiário do sistema .
2. Supõe uma ascese dura de revisão ideológica , como pobres , conservando sempre ,a clara consciência de que se continua pequeno burguês , embora ideologicamente identificado com o trabalhador.
3. Supõe principalmente a pratica consequente , que a identificação ideológica existe.
4. Supõe o adequado respeito ao povo , do qual se faz diretamente parte , o que significa manter-se suficientemente autocrítico para não declarar-se representante sem o respectivo mandato;
Educação participativa - Algo semelhante pode ocorrer na conversa sobre educação participativa , quando se a toma como tendência não problemática do educador .É próprio do educador farsante expressar-se como democrático , insistir em que não há diferença entre ele e o aluno, que promove as pessoas a partir de suas potencialidades , que sabe o eu o educando precisa.
Se o educador não tem a coragem de conceber-se deseducador porque sempre também , pelo menos um pouco , massacra, oprime, manipula o educando , não tem a mínima condição de ser agente participativo.
Democracia - Geralmente se afirma a democracia que é o governo do povo, para o povo e pelo povo. Afirma ainda que qualquer cidadão , em principio , pode chegar a ser presidente , uma farsa incrível isto aí .Para ser presidente , condição essencial é não ser qualquer cidadão.
Quando vemos a justiça ser diferente para o nobre e o pobre , no sentido de que não se prendem , e muito menos se condenam criminosos da elite, é inevitável o reconhecimento de que o sistema da justiça é mais uma farsa do que realidade.
A Organizações das nações Unidas ( ONU ) - Na pratica se desdiz quase tudo que se afirma na teoria. Não é o lugar de encontro das nações, mas do desencontro , onde se vêm com a mais crua dureza as desigualdades entre as nações. Apenas no papel é gardiã da paz.
Tem sua importância , já fez grandes mediações para evitar ou superar conflitos .É um fórum onde pode se discutir junto. Cultiva-se pelo menos uma ideologia da convivência pacífica. Mas certamente predomina a farsa que se tornou tanto mais dura quanto mais a organização se esvazia.
Desenvolvimento e ajuda do desenvolvimento -
Existe desenvolvimento?
Até que ponto o trabalhador o constrói ? e um pequeno grupo se própria dos furtos desse trabalho coletivo ? Até que ponto apenas crescemos, nos modernizamos, imitamos países avançados , mas não realizamos uma sociedade mais justa e menos desigual?
Vantagens comparativas -Vantagens comparativas entre nações . Prega que pode haver intercambio equilibrado entre elas , porque cada uma cederia seu excedente, definido aqui como vantagem. Nesta troca de vantagens , todos sairiam ganhando , num mundo onde imperaria a boa vontade e a complementariedade. Na verdade , é grosseira mentira . O que existe de fato são as desvantagens comparativas, a imposição de preços , a depreciação da matéria – prima proveniente do terceiro mundo, o prejuízo cambial, etc.
“Comunismo Cientifico Soviético” , bem como a política dos direitos Humanos dos Estados Unidos.
A desigualdade usa de todos os disfarces , para vender-se aceitável, normal, e até necessária; se pode haver consciente má vontade , no caso geral, a farsa é elaborada inconscientemente , como produto necessário do jogo de poder.
A importância desse tipo de sátira está principalmente em ser um instrumento da democratização do poder, porque se põe a desvendar as mascaras da justificação excusa. A democracia começa quando se consegue controlar os mandantes a partir de baixo, no sentido de leva-los a prestar contas, a representar de fato a base, a evitar a corrupção do poder sem oposição, e assim por diante. É uma tarefa central da sociologia vituperar os disfarces da desigualdade social.
4.5 - Nossas mais belas utopias
Embora irrealizável por definição, a utopia faz parte de nossa realidade, descrevendo seu conteúdo mais dialético. Dentro da visão dinâmica da historia, a perspectiva liga-se a dois parâmetros centrais; Um parâmetro é a realidade concreta, sempre relativa e imperfeita, necessariamente criticável e passível de superação, porquanto não esgota nunca a historia; outro parâmetro é a projeção perfeita que fazemos da sociedade , irrealizável por definição, mas que serve de norte para a trajetória histórica.
Se não tivéssemos utopias, contentar – nos - iamos com a relatividade da fase vigente e não nos proporíamos mudanças maiores, se a historia passada fosse a mesma do futuro, não haveria fundamento para imaginarmos sociedades melhores, já que todos foram muito imperfeitas, desiguais e opressoras.
É em nome da utopia da sociedade perfeita que criticamos as sociedades existentes e passadas, e guardamos a esperança de uma sociedade melhor. A utopia é fonte de alternativa, a busca imorredora de uma realização melhor, ainda que a historia somente nos traga situações precárias.
É na utopia que a sociedade deposita seus sonhos mais lindos, como a igualdade social, a autogestão, a autopromoção, a democracia, a participação, a solidariedade, é em nome dessas ideias que não paramos na macha da historia, embalados por uma musica que não sabemos onde, mas que não cessa de encantar.
4.5.1 – A Autogestão
A utopia da autogestão é das mais radicais já reformuladas, porque agride
frontalmente a questão do poder. Autogerir-se significa dispensar comando exterior e encerrar a questão do poder dentro do grupo, tornando – o um poder de serviço. É da lógica do poder concentra-se e justificar-se, procurando aquela situação em que corresponde ao comando centralizado a obediência conformada. (p. 144)
Muitos gostariam de substituir a autogestão pela cogestão, reconhecendo que esta é mais realizável e que poderia tornar-se meta factível da historia. A autogestão de uma empresa – como querem alguns teóricos e regimes – é um fenômeno praticamente impossível, porquanto coloca como ponto de partida algo inverificável e que é a situação de igualdade de todos os que na empresa trabalham. Se não nos restringirmos a empresas muito pequenas, onde certa igualdade poderia ser arremedada, qualquer empresa de porte exige divisão de trabalho e de competências, além de capacidade administrativa, que não consegue evitar a presença do poder de comando. Se colocarmos ainda a meta da eficiência, a volta constante de qualquer decisão à base tende a tornar o processo lento e burocrático. (p.145).
4.5.2 - A Comuna
Ligada à autogestão, a comuna marca profundamente inúmeras propostas comunitárias e tem seu ponto de referencia maior na teorização marxista sobre o assunto, particularmente no escrito de Marx a respeito; logo após a derrota da comuna de Paris, por volta de 1871. Esse escrito desempenha papel importante nas discussões, e representa ao mesmo tempo uma das páginas mais bonitas e mais contraditórias de Marx. Para muitos é seu testamento político, já que de modo geral fala muito pouco sobre o poder em sua obra extensa, colocando – o em sua linguagem, na superestrutura social , ao contrário do econômico, que perfaria a infraestrutura e , por conseguinte, o nódulo central do materialismo histórico. (p. 146)
Seja como for, na altura da utopia, inspira normalmente muitas propostas
comunitárias, porquanto baseia os desejos mais profundos de comunhão e participação, sobre o fundamento da igualdade de todos perante o grupo. Alguns exemplos são sempre manipulados. (p. 147)
A questão da comunidade coloca muitos problemas sociológicos, que por vezes não são levados em conta. Comunidade somente existe em pequeno grupo, dito primário, face à face, onde todos se conhecem e estabelecem uma convivência diária. Em tais grupos, é possível exarar parâmetros mais concretos de igualdade, de fraternidade e de participação , introduzindo formas de poder particularmente democráticas. Ganha ainda maior força quando a característica comunitária se envolve na coagulação ideológica religiosa de mística de grupo, o que torna a força participativa muito mais atuante. (p. 148).
4.5.3 – A Democracia
A democracia e uma utopia, tem de crença o poder do povo, na pratica na exerce certamente baseia-se nesse sentido em caricatura mais ou menos.
O voto passa a ser fato fundamental do exercício da democracia, ele e uma expressão pequena intermitente realiza aproximadamente uma expectativa básica da democracia, que é submissão do veredito popular, pela forma direta ou forma indireta.
Se analisarmos sobre tal prisma não e difícil reconhecer que os regimes ditos
democráticos estão distantes desses ideais de que toda pessoa e livre e pode exercer seus direitos fundamentais; que qualquer cidadão pode chegar a ser presidente ou a que e o povo que governa.
É claro que tais realizações são versões relativas de sua riqueza básica inatingível, mas tem a vantagem de propor normalmente condições calçadas numa ótica de meio termo que as torna menos complicada. A lei da maioria torna-se um exemplo típico. Devidos todos saberem que e a maioria não precisa ter razão, somente elo fato de ser maioria pois não e difícil reconhecer erros crassos na maioria.
A aceitação da lei da maioria funda-se todavia na modéstia, embora a minoria possa ter razão, tendencialmente ela estará com a minoria, pois mesmo que esteja errada, pelo menos estará com a maioria. O contrário e certamente injustificável o saber que além de errada e a minoria.
A democracia talvez seja a utopia mais importante da sociedade, a postura das duas direções básicas da dinâmica social de um lado; é inatingível, constituindo-se na paradigma de crítica e de superação constante de misérias históricas conhecidas, de outra; propõe coisas bastantes factíveis e consegue vesti-las de suficiente modéstia, para lhes emprestar realismo atraente.
4.5.4 A Autopromoção
A autopromoção se casa com a autogestão, buscando manter a solução dos problemas independentemente e comando exterior dentro da política é, de certa forma, a alma do negócio.
Muitas vezes vem ligada a proposta comunitárias, e aparece especialmente como utopia, quando se imagina um força autônoma na comunidade, capaz de resolver seus problemas por si mesma.
A autopromoção torna-se algo mais realizável quando transparece como processo histórico de conquista da participação e do desenvolvimento, assumindo, nesta dimensão, a posição central da política social. De um lado, ressalta-se a necessidade de superar a pobreza sócio-econômica, entrando como componente positivo no sistema produtivo e satisfazendo pelo menos as necessidades básicas das membros; de outro, aparece a necessidade de superar a pobreza política, através da participação nas decisões locais e nacionais, bem como nos frutos produzidos pela economia.
A autopromoção é também vista como reclamo de minorias, que se rebelam contra imperialismos da maioria, apelando para o direito de se desenvolverem como querem, desde que não prejudicam outros direitos.
4.5.5 – A Participação
Demo aborda o tema de forma questionadora e mostrando que a participação esta inteiramente ligada a questão de poder. Uma vez que a participação nos torna autor da nossa própia história.
"A participação é também uma utopia, naquilo que pode idealizar excessivamente as relações de poder" (p 151).
A participação torna-se a conquista de se mesmo, fazendo dessa postura uma visão realista de suas potencialidades, dessa foram virou moda vender essa questão como tais planejamentos como educação comunitária, organização democrática, sem se levar a serio o quanto essa participação é uma forma alternativa de poder.
"Os processos participativos não destrói a imposição, mais propõem reduzir a sua extensão".
(p. 151)
É certo afirmar que a participação é o caminho da autocritica numa sociedade não participativa como essa que temos. Hoje em dia temos pouca participação da nossa sociedade em questões das mais serias do nosso país, como por exemplo o caminho que o poder político de cargos percorre a mais vasta desvios de verbas públicas e que aceitamos sem questioná-la ou brigar por elas.
Fica claro que participar significa reduzir a imposição, porém isso somente se consegue no processo de conquistas de espaço de participação. Não havendo o elemento dessa conquista, não falta os que veneram o poder e os entende essa participação por obediência, bajulação.
"A participação é um lado da medalha, que tem no outro o poder. Para quem considera o poder uma questão fundamental da sociedade, a participação é a bandeira sagrada de uma luta perene". (p. 152)
Dessa forma a participação é o oxigênio da sociedade, já que temos uma sociedade individualista , egoísta que escolhe o anonimato e não percebe que a participação torna-se a sociedade com maior força e satisfatória para ambos.
4.5.6 – Igualdade
"A igualdade é o reverso da desigualdade, filha este do poder. Portanto não pode haver poder, onde não haja quem mande, ou quem obedeça" (p. 153).
Como descrito pelo autor, sociedade e desigualdade parecem sinônimo. Uma relação social é feita de desigualdade porque se houvesse igualdade plena não haveria esse relacionamento. Uma sociedade é movida por interesses, por questões e classes sociais como o rico e o pobre.
"A igualdade é o grito enorme na história. Em seu nome fizeram-se revoluções e as promessas mais radicais. E traduz-se sobretudo na igualdade de direitos." (Demo, p. 153)
Esse sentimento habita dentro de cada um, desde a percepção até a consagração desse
sentimento. Perante a lei todos somos iguais, todos temos direitos e deveres. Porém vivemos em uma sociedade desigual que na realidade nos torna individualista.
"A historia perde-se entre os extremos da excitação da desigualdade e da igualdade.
Acumulação de privilégios, exploração dos outros, massacre, maquiavelismo é o que não falta". (p. 153)
Em tudo encontramos hierarquia e preferencias, mesmo em instituição que se diz perfeito.
Promete-se uma igualdade fácil, as vezes como produto natural do crescimento econômico ou da abundancia de material.
"O lado triste da revolução, é que acordamos no dia seguinte na decepção do vale de lágrimas. A igualdade prometido começa a tropeçar num caminho inevitavelmente pedroso, que tenderá mais a repetir a velha história do que a implantar dimensões novas de redução da desigualdade". (p. 153)
4.5.7 - O Desenvolvimento e a Qualidade de Vida
Imaginar o desenvolvimento e qualidade de vida é tão desejável que se transforma numa utopia, por ser metas tão distantes para quase todos os países de níveis incipientes, se observarmos como realidade em termos relativos, a diferença entre países avançados e países do Terceiro Mundo.
Em um sentido, o condicionamento concreto dos dias atuais é importante conceituar e caracterizar a diferença essencial que existe entre crescer economicamente e desenvolver-se.
Logo, desenvolvimento significa não a sociedade que cresce, mas aquela que cresce para ser melhor habitável, assim satisfazendo uma perspectiva de melhorias das necessidades básicas e complementares.
Com isso produzindo para solidificar o processo de autopromoção de democratização, autogestão, de equalização, jamais aceitando que tais prerrogativas possam ser subproduto do sistema produtivo, colocando o bem estar da maioria como ponto principal de referência.
Pode-se dizer que com essa postura demonstra a preocupação com a qualidade de vida com a equivalência a dizer que a dedicação prematura a soluções, em primeiro momento, garanti padrões mínimos de nutrição, de escola, de emprego etc. Salientando a preocupação com o que é tido como qualitativo, na distinção entre ter e ser, onde entende-se que povos avançados decepcionados pelo consumo excessivo coloquem no conceito de qualidade a satisfação de outras alternativas, seja na volta aos estudos ou no cultivar o espírito entre outros.
4.5.8 - A Utopia Enquanto Ato Político
Não faz mal sonhar, se sabemos que é sonho. A utopia somente faz mal se imaginarmos realizável. O problema não é o castelo no ar: o problema é pretender morar nele.
Podemos chamar de "utopismo" a fuga da realidade, onde não se sabe distinguir o real do imaginário. Embora quem não alimente utopias não tem noção de criatividade, de alternativa, de mudança, de esperança.
No intuito de superação de conflito do poder, a utopia, por ser irrealizável, encontra no sistema concretos meras aproximações, não permitindo jamais que seja confundida somente com a história conhecida. Ela evoca o outro lado da moeda e alimenta a historia de esperança sem limites. Porque se não desfrutar esta face, resta apenas o deserto das misérias que nos cercam.
Alienado não é somente aquele que busca realizar utopias, mas igualmente aquele que eleva à utopia uma realidade dada, como se fosse a final. Se existe esperança o mundo tem graça, esse componente é que alimenta a crença de um futuro melhor, particularmente na política social, dentro dela na educação. Na verdade essa fuga é um instrumento para potenciar a participação, porque o poder sem utopia é puro maquiavelismo.
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