Ciencias Sociais
Ensaios: Ciencias Sociais. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: MWisley • 19/5/2014 • 1.523 Palavras (7 Páginas) • 226 Visualizações
O Desenvolvimento Psíquico na Perspectiva de Piaget
O biólogo suíço Jean Piaget desenvolveu uma teoria do conhecimento com base no estudo da gênese psicológica do pensamento humano. A partir de uma visão organicista, a análise piagetiana constatou que a criança é um ser em constante desenvolvimento, cuja mola propulsora seriam os impulsos internos da criança em conhecer o mundo.
Esse processo de desenvolvimento ocorre de maneira gradual e integrada, com base em três princípios: organização, adaptação e equilibração. O princípio da organização diz respeito à integração do conhecimento num sistema que possibilita ao sujeito conhecer o mundo. A adaptação consiste em ajustar as novas informações do ambiente por meio dos processos complementares de assimilação e de acomodação. O princípio da equilibração consiste na tendência em buscar um equilíbrio cognitivo entre aquilo que se aprende e os processos já interiorizados.
A partir de 1932, Piaget inicia seus estudos sobre o desenvolvimento cognitivo, o julgamento moral e a linguagem, por meio de relações entre construções cognitivas e sociais. Em 1940 Piaget concentra-se naquele que seria seu campo de maior interesse: o desenvolvimento cognitivo.
Para ele, o desenvolvimento psíquico tinha caráter global e esse desenvolvimento tinha funções diferenciadas:
• Funções de Conhecimento – pensamento lógico, que se inicia já com os reflexos (função primitiva) indo até o pensamento operatório (já concretizado no adulto); capacidade de organização da realidade, também se iniciando no estágio de incapacidade de diferenciação entre o eu e a realidade, chegando ao nível de construção de conceitos próprios da mente adulta.
• Funções de Representação – conceito que abarca toda a capacidade de representação da realidade através de símbolos, palavras, sons. Desse grupo fazem parte a imitação deferida, a linguagem e a imagem mental.
• Funções Afetivas – a força propulsora do desenvolvimento cognitivo.
Essas funções se concretizam na relação com o outro, sendo etapas que devem ser cumpridas a fim de se alcançar a etapa seguinte. Aqui se encaixa também sua definição de evolução moral:
• Anomia – ausência de regras;
• Heteronomia – regras existem, porém, ainda são impostas pelo outro;
• Autonomia – já existe um entendimento da intenção e das conseqüências do cumprimento ou não de tais regras.
Seguindo o raciocínio de que cada fase deve ser cumprida para que o sujeito esteja pronto para a fase subsequente, Piaget estipulou faixas etárias para esses estágios:
1 - Estágio Sensório-Motor - de 0 a 18/24 meses, ou seja, do nascimento ao aparecimento da linguagem
.
Fase marcada pela percepção e evolução da motricidade e, segundo Piaget, pela origem do “comportamento inteligente” que, neste estágio, é essencialmente prático. Do ponto de vista prático, os movimentos, centrados inicialmente no próprio corpo, vão amadurecendo até que a criança, por meio de um processo de descentração gradual, atinge a compreensão de que ela é mais um elemento da realidade e descobre o objeto permanente.
Considerando o desenvolvimento do pensamento, esse estágio se divide em outros 6, sendo eles:
1 – Reflexo – o sugar, por exemplo;
2 – Reações circulares primárias – manifesta-se a tendência da criança à repetição de movimentos circulares dos membros, como numa espécie de automatismo;
3 – Coordenação da visão/Começo das Reações Circulares Secundárias – a criança repete movimentos/comportamentos já de modo intencional. Antecipa, de maneira limitada ainda, a conseqüência de algumas ações;
4 – Coordenação dos Esquemas Secundários – agora os movimentos já visam a obtenção de um objetivo novo. Aqui a criança já tenta usar sons, por exemplo, que servem para brincar com um chocalho, na tentativa de acender a luz;
5 – Diferenciação de Esquemas de Ação – por via de reação circular terciária, a criança começa a descobrir novos meios para solicitar água e comida, por exemplo, através de repertório mais dirigido;
6 - Início da Interiorização de Esquemas – Consegue solucionar problemas que são interrompidos através de compreensão súbita. Fase de domínio do objeto permanente.
Aspectos afetivos do sensório-motor:
Presente nos subestágios 1 e 2: dualismo inicial, a centração inconsciente no eu dá-se pela não diferenciação entre este eu e o mundo exterior.
Nos subestágios 3 e 4 manifestam-se as reações intermediárias: ao relacionar as ações do outros com sua própria ação, a criança passa a se comunicar, conseguindo estabelecer causalidade à presença das pessoas.
Nos subestágios 5 e 6 acontece a escolha do objeto afetivo, o que demonstra a capacidade da criança de depositar seu afeto em um objeto alheio a ela e assim, diferenciar-se deste outro.
2 - Estágio Objetivo-Simbólico ou Pré-Operatório – de 2 aos 7 anos de idade.
Fase de preparo e organização das operações concretas, quando a criança se volta para a realidade, saindo do subjetivo para o objetivo pela tradução de sua realidade através de símbolos. Quando a criança começa a falar, normalmente a partir dos 18 meses, ela também é capaz de imitar e brincar de faz-de-conta, o que já faz parte do universo simbólico.
Características diferenciais:
Egocentrismo: na criança, a incapacidade de colocar seu ponto de vista como mais um entre os demais e coordená-lo com estes. Ela presume que os demais sentem e pensam do mesmo jeito que ela e assim, não consideram a possibilidade de justificar suas ações diante dos outros;
Incapacidade de Descentração ou Centração: Incapacidade da criança de enxergar um “todo”, compreendendo apenas parte do objeto. Não há ainda capacidade de enxergar todos os aspectos de uma situação;
Estados x Transformações: liga-se a apenas uma característica, sem perceber os elos que advém ou continuam a partir de tal coisa. Não há noção de causalidade;
Ação:
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