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Conceito Biossocial De Raça

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Por:   •  16/12/2014  •  1.137 Palavras (5 Páginas)  •  361 Visualizações

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O CONCEITO DE RAÇA A PARTIR DA BIOLOGIA E DA SOCIOLOGIA

Francisco Mauro Salzano

Departamento de Genética, Instituto de Biociências,Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Caixa

Postal 15053, 91501-970 Porto Alegre, RS, Brasil

E-mail: francisco.salzano@ufrgs.br

O CONCEITO DE RAÇA

Nossa espécie é muito variável embora, geneticamente,

não tanto quanto os chimpanzés. Este fato

pode ser facilmente avaliado através de nossa diversidade

morfológica, mas existe outra, invisível, que ocorre

em nosso material genético, no DNA (ácido desoxirribonucléico).

Os fatores primários responsáveis pela variação

genética são: a) mutação, a fonte da variabilidade; b)

seleção natural, o agente pelo qual, através de diferenças

de mortalidade e/ou fertilidade, a variação criada pela

mutação é mantida ou eliminada; c) estrutura populacional

- a probabilidade de manutenção da variabilidade

depende da estrutura das populações, que podem ser

grandes ou pequenas, com casamentos direcionados ou

não, com mobilidade maior ou menor de seus membros.

Nas populações da espécie humana, além desses fatores,

os de natureza sócio-culturais também são importantes.

Uma descoberta tecnológica importante pode gerar a supremacia

de uma nação ou de um grupo sobre outro, com

todas as conseqüências daí resultantes.

Os habitantes de diferentes continentes podem

ser usualmente distinguidos morfologicamente. Foi

este fato que levou o Conde Georges Louis Leclerc de

Buffon (1707-1788) a aplicar, pela primeira, vez o termo

raça às diferentes variedades do Homo sapiens. O

problema é que raça também é um conceito social. A

unidade cultural, no entanto, é geralmente denominada

grupo étnico. Este último pode ser uma nação ou grupos

definidos por sua linguagem, costumes sociais ou religião.

Pessoas biologicamente diferentes podem também

ter culturas e níveis sócio-econômicos distintos, e esta

é a origem de todo o racismo. Grupos dominantes tendem

a relacionar a sua posição social com a sua constituição

biológica, podendo atribuir qualidades inferiores

aos grupos dominados e biologicamente diversos. Não

há nenhuma justificativa biológica para tal atitude. Ninguém

provou, cientificamente, que grupos como os asiáticos

seriam superiores de maneira absoluta aos europeus

ou africanos, por exemplo. O que há é toda uma gama de

variação dentro desses grupos continentais.

PROBLEMAS DE CLASSIFICAÇÃO

Em certas sociedades, as pessoas autoclassificam-

se ou classificam as outras tomando como base

apenas as características morfológicas. Esta é geralmente

a posição adotada no Brasil. Em outras, no entanto

(por exemplo, nos Estados Unidos da América), o que

prevalece é a regra da descendência. Se uma pessoa tem

um ancestral, não importa quão remoto, proveniente de

um determinado continente, ele então será automaticamente

classificado como derivado daquele continente.

Porém, em comunidades em que os casamentos interétnicos

são freqüentes (como ocorre, em geral, na América

Latina) é muito difícil classificar uma pessoa de acordo

com seu grupo étnico. O norte-americano Charles Lamb

foi enfático: “A espécie humana, de acordo com a melhor

teoria que eu posso estabelecer, é formada por duas raças

distintas, as pessoas que emprestam dinheiro e as que

pedem emprestado!”

Isto não significa que o conceito de raça

seja apenas uma construção social. Na verdade, com o

desenvolvimento espetacular da genética e da biologia

molecular ficou fácil estabelecer conexões mesmo remotas

com ancestrais dos diferentes continentes desde que

se teste o número apropriado de marcadores genéticos. E

esta possibilidade já proporciona boa fonte de renda para

empresas internacionais que se propõem a estabelecer a

ancestralidade remota de qualquer pessoa obcecada pela

sua genealogia. Devido a histórias evolucionárias distintas,

a própria estrutura genética dos grupos continentais

é diferente; assim, há muito mais trocas de partes entre o

material genético de africanos do que no de europeus ou

asiáticos. A explicação para isto é simples: toda a humanidade

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