Conceito De Carreira
Pesquisas Acadêmicas: Conceito De Carreira. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: analeite • 24/4/2013 • 1.531 Palavras (7 Páginas) • 652 Visualizações
Introdução
O seguinte trabalho consiste na terceira ficha de leitura que abordará o fenómeno da toxicodependência. O texto é “ Contextos de Socialização e Reconstrução Identitária de Adolescentes com Consumos de Drogas”, Doutora Maria Luísa Macedo da Costa Pinto. Este texto enquadra-se no programa da cadeira de Teorias Sociológicas 1- Becker e o conceito de carreira.
Primeiro encontrar-se-á uma possível definição de toxicodependência, depois será feita a ligação do texto com a matéria adquirida nas aulas e, por fim, uma reflexão crítica.
Toxicodependência
O toxicodependente é, por assim dizer, o produto mais bem acabado de uma sociedade onde progressivamente o valor dos laços e das relações afectivas se vai perdendo e que elegeu o químico e o consumo como valores de felicidade. Mas se a abordagem sociológica sobre o fenómeno da toxicodependência serve para afirmar a eclosão de um problema social que envolve todas as camadas da população, não serve para uma tradução literal que consiste em afirmar que a toxicodependência é apenas um comportamento desviante. A sociedade pode rotular as pessoas e o rótulo de “drogado” pode perdurar durante bastante tempo, mesmo após o tratamento e a reinserção.
Drogado é considerado pela sociedade, alguém que consome drogas. É uma espécie de carimbo que se coloca no imaginário de cada indivíduo, associado ou não, a situações reais de para-delinquência, delinquência ou marginalidade social.
Serão os consumidores de drogas portadores de alguma característica psicológica própria?
A perspectiva interacionista surgiu nos anos 30, século XX, como reação à perspectiva estruturalista, no que respeita à forma de estudar os conhecimentos sociais, dando ênfase à interação. Conforme esta perspectiva a sociedade é o resultado de um processo comunicacional dos indivíduos em interação com as suas consciências próprias.
A interação é uma dinâmica de relacionamento que se desenvolve por duas vias: na avaliação que os indivíduos fazem do contexto que estão a viver, nomeadamente em termos da atribuição de sentido ao referido contexto; na avaliação dos relações que estabelecemos com os outros, a forma como se vestem, como se comunicam, como se comportam connosco. Desenvolvemos, assim, a nossa conduta em função desta dinâmica relacional (interação) que vamos construindo.
A consciência de si próprio (self) é a consciência que o indivíduo tem de si próprio que lhe permite ter a capacidade de, em diferentes situações, ser sujeito e objecto simultaneamente. Capacita-o, portanto, de se distanciar das situações, de as sentir e de, ao mesmo tempo, ter a percepção que é ele que está naquela situação, sobre a qual reflete e tira conclusões. É uma competência própria dos seres humanos indispensável para compreender os comportamentos.
Becker, um dos principais autores interacionistas, teve um grande contributo para o desenvolvimento desta perspectiva criando um novo conceito, o de carreira.
O conceito de carreira é familiar aos seres humanos desde que se inserem no mundo do trabalho. No sentido profissional identificam-se quatro características: é um processo que se desenvolve num determinado período de tempo, havendo um momento inicial e final; neste percurso o indivíduo atravessa por várias etapas; desenvolve-se em interação (numa dinâmica de relacionamento) com pessoas que têm as mesmas práticas e identidades profissionais, interação com pares e parceiros; à medida que os seres humanos percorrem estas etapas em interação com profissionais/parceiros vai aperfeiçoando e aprofundando as suas práticas profissionais.
Becker e outros autores interacionistas aplicaram o conceito de carreira a vários problemas sociais, como a toxicodependência, de forma a obterem uma explicação mais enriquecedora sobre este problema social.
A carreira de um indivíduo consumidor de substâncias psicotrópicas consiste em diferentes etapas, em primeiro lugar é um momento de experimentação em que o indivíduo não se vê como toxicodependente nem acredita que virá a sê-lo, mas não só não se vê como também não é assim visto pelos outros. Nesta fase, acreditando no primeiro consumo como apenas uma experiência, o indivíduo preocupa-se em esconder este comportamento do outro significativo , por considerar aquela experiência como um momento excepcional. Este receio de ser descoberto deve-se ao facto de ter consciência que é um comportamento errado, socialmente condenado; e sendo a família um factor protetor ao qual geralmente todos dão importância, o indivíduo teme ser recriminado ou afastado pela família e até desiludir os mesmos.
A manutenção deste comportamento durante um longo período de tempo leva a que a desviância se torne num género de vida e conduza à organização de uma identidade baseada num comportamento desviante.
Um dos mecanismos que leva o indivíduo a passar deste momento de experimentação a uma actividade mais constante é a aprendizagem no decurso das interações com desviantes mais experimentados. Nesta etapa o indivíduo apercebe-se da sua dependência, os consumos aumentam e deixa de esconder dos outros pois tem a percepção de que não tem nada a perder ao transgredir as normas socialmente estabelecidas.
Segundo Becker a maior parte das pessoas tem, frequentemente, tentações desviantes, no entanto, as que respeitam as normas e que vivem segundo as condutas sociais na cedem pois não estão dispostas a perder o que até então conquistaram, como o emprego, a reputação e a confiança dos outros. Por outro lado, todos os que não têm uma reputação a preservar nem um emprego a conservar não tem nada a ganhar com a manutenção das aparências de acordo com as “regras sociais”, assim, sentem-se livres para seguir os seus impulsos.
A partir do momento em que é visto com outros olhos pelo outro generalizado ,
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