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Conhecimento de todos nós

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Por:   •  9/4/2014  •  Artigo  •  542 Palavras (3 Páginas)  •  306 Visualizações

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Com exemplos aparentemente tão disparatados, queremos dizer que a compreensão do mundo se faz à medi¬da que lhe damos sentido e agimos so¬bre ele. Precisamos de interpretações, de teorias, por mais simples que sejam, a fim de "organizar o caos". Toda vez que os "esquemas de pensamento" nos faltam, sentimos que o chão nos fo¬ge dos pés...

O saber de todos nós

Ao considerar o conhecimento no sentido mais amplo possível, percebe¬mos que ele se faz no enfrentamento contínuo das dificuldades que desafiam o Homem. E, como tal, não é fruto ex¬clusivo da razão, mas também dos sen¬tidos, da memória, do hábito, da ima¬ginação, das crenças e desejos.

Chamamos senso comum (ou co¬nhecimento espontâneo, ou conheci¬mento vulgar) a essa primeira com¬preensão do mundo resultante da he¬rança fecunda de um grupo social e das experiências atuais que conti¬nuam sendo efetuadas. Pelo senso co¬mum, fazemos julgamentos, estabe¬lecemos projetos de vida, adquirimos convicções e confiança para agir.

O senso comum, sendo a interpre¬tação do mundo em que vivemos, dá-nos condições de operar sobre ele, ao mesmo tempo que nos orienta na bus¬ca do sentido da existência.

No entanto, o senso comum não é re¬fletido; impõe-se sem críticas ao grupo social. Por ser um conjunto de concep¬ções fragmentadas, muitas vezes incoe¬rentes, condiciona a aceitação mecâni¬ca e passiva de valores não-questionados. Com freqüência se torna fonte de preconceitos, quando desconsidera opi¬niões divergentes.

Por isso é preciso encontrar formas que possibilitem a passagem do senso comum para o bom senso, este entendi¬do como elaboração coerente do saber e como explicitação das intenções cons¬cientes dos indivíduos livres. Nessa perspectiva, o homem de bom senso é ativo, capaz de reflexão e dono de si mesmo. Recebida a herança cultural pe¬lo senso comum, reelabora sua concepção considerando a realidade concreta que precisa interpretar e transformar.

O bom senso tem sua especificidade e vale enquanto forma vigorosa de orientação vital para todos os homens. Por isso não podemos considerá-lo um saber menor ou sequer inferior a formas mais rigorosas ou eficazes de conheci¬mento, como, por exemplo, a ciência. Mesmo o cientista recorrerá ao bom senso nos inúmeros campos não-abarcados pelo seu saber especializado.

Enquanto o senso comum tende à ri¬gidez, o bom senso é flexível, dinâmi¬co, absorvendo com discernimento as influências mais diversas. Por exemplo, quando foi constatado pelos teóricos do heliocentrismo que a Terra não era o centro do universo, coube ao bom sen¬so repudiar as evidências dos sentidos que indicavam justamente o contrário!

Por outro lado, o bom senso resiste sabiamente à aceitação cega das deter-minações alheias, ainda que venham de especialistas de qualquer natureza. Por exemplo, mesmo que não entendamos de medicina, precisamos estar informa¬dos a propósito do tratamento a ser aplicado, como também podemos dis¬cutir questões referentes à ética médi¬ca. E, ainda que não sejamos economis¬tas, podemos questionar os efeitos do plano econômico que visa combater a inflação mediante arrocho salarial.

É necessário que desmistifiquemos a tendência a cultuar as pessoas "es¬tudadas" em detrimento do homem "sem-letras"

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