Contingência E A Organização Escolar
Casos: Contingência E A Organização Escolar. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Siquepo • 30/9/2013 • 3.031 Palavras (13 Páginas) • 377 Visualizações
4. As teorias da organização e a organização escolar
Diversas teorias organizacionais influem o funcionamento da escola ou, pelo menos, facilitam a compreensão do que nela se passa. Destas teorias vamos fazer referência das seguintes:
A Teoria da Burocracia (WEBER e MERTON)
Teoria da Administração Científica do Trabalho (TAYLOR, 1944)
Teoria das Relações Humanas (MAYO, 1986)
Teoria da Contingência (LAWRENCE E LORSCH, 1989 e THOMPSON, 1967)
Teoria Z (OUCHI, 1982)
4.1. A Teoria da Burocracia
4.1.1. Origem
A teoria da Burocracia, enquanto teoria organizacional, é criada por MERTON nos anos 40, inspirando-se nos trabalhos de Max Weber, já falecido
A perspectiva de Weber é uma perspectiva interpretativa: ele não tem uma preocupação prescritiva (deve organizar-se do seguinte modo…) mas procura compreender o que se passa na sociedade (nas organizações acontece o seguinte…)
Para Weber a dominação legal baseia-se na racionalidade e responde as seguintes características:
Actividade ligada a regras
Autoridade constituída por:
Domínio de deveres de execução objectivamente delimitado
Poderes de comando necessários para o fim em vista
Delimitação precisa dos meios de coerção e das hipóteses de aplicação
Existência de uma hierarquia administrativa (com direito de recurso dos subordinados aos superiores)
Separação total da direcção administrativa dos meios de administração e de propriedade
Ausência total de apropriação do lugar pelo seu titular
Todos os regulamentos são fixados por escrito.
Com base nisso, o ideal-tipo da administração burocrática tem as seguintes características:
A totalidade da direcção é constituída por funcionários individuais que são pessoalmente livres, só devendo obediência aos deveres objectivos da sua função
Existe uma relação salarial geralmente congruente com a posição hierárquica e as responsabilidades assumidas e, na maior parte das vezes, os funcionários têm direito à reforma
Os funcionários exercem funções em regime de profissão única ou principal e têm direito a uma carreira profissional muitas vezes ligada à antiguidade
Existe uma separação total entre a administração e a propriedade
Não há lugar a apropriação dos postos de trabalho
Os funcionários estão sujeitos a uma disciplina estrita e homogénea e ao controlo.
4.1.2. Vantagens da organização burocrática
Permite ao funcionário salvaguardar uma zona importante de autonomia, uma vez só deve obediência aos superiores no âmbito das compet6encias que lhe são atribuídas, não tendo o chefe sobre o poder discricionário.
Dificulta o favoritismo no preenchimento de lugares e nas promoções dentro da organização
A organização burocrática é a mais racional do ponto de vista formal e do ponto de vista técnico.
Essa racionalidade advém da sua “precisão, permanência, disciplina, rigor e confiança que inspira, decorrente do seu carácter de previsibilidade tanto para o detentor do poder como para os interessados”e, ainda, “pela possibilidade formalmente universal que ela tem de se aplicar a todas as tarefas, sendo, como é, aperfeiçoavel do ponto de vista técnico para atingir o máximo de rendimento”
4.1.3. Desvantagens da burocracia
A palavra burocracia tem, actualmente, uma clara conotação pejorativa e são comuns os movimentos em favor da desburocratização
Dizer que uma organização é burocrática é dizer que ela se agarra a regulamentos para produzir a sua própria ineficiência; que é incapaz de aceitar a mudança e, menos ainda, a inovação; que não dá respostas às necessidades dos clientes nem sequer tem em conta as suas aspirações
Robert MERTON sintetiza as seguintes disfunções da burocracia:
A burocracia gera a rotina e está é inibidora de atitudes tendentes a dar resposta a novos problemas
A burocracia apoia-se na normatividade e esta produz, frequentemente, um exagerado apego à regras
As regras estabelecidas são rígidas normalmente incapazes de responder situações não previsíveis no momento da sua elaboração; o domínio das regras conduz, assim, a situações de formalismo e de ritualismo insuportáveis e sem sentido
A burocracia estabelece-se sobre a base de competências especializadas que muitas vezes deixam de ter valor ou são mesmo um obstáculo para enfrentar uma situação nova.
A burocracia apela à impessoalidade e esta gera conflitos graves com o público que não vê convenientemente consideradas as situações concretas
A burocracia preocupa-se com a segurança dos funcionários e esta gera, muitas vezes, conservadorismo
A exigência feita ao funcionário de “método, prud6encia e disciplina”transforma-o, frequentemente, num ser hiperconformista
A promoção por antiguidade, normal na burocracia, gera, por um lado, falta de competitividade entre os membros da organização e, por outro lado, um espírito de corpo que leva o pessoal a defender mais os interesses do grupo do que os interesses dos clientes ou da própria organização
4.1.4. A aplicação da burocracia na escola
Podemos citar, pelo menos, três elementos, inequivocamente burocráticos, presentes na organização escolar:
As regras, estabelecidas centralmente, sobre o processo de avaliação dos alunos
O Currículo escolar definido centralmente e de modo uniforme para todas as escolas, para todas as turmas e em todo o país
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