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Etica E Serviço Social

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Por:   •  2/11/2014  •  1.120 Palavras (5 Páginas)  •  361 Visualizações

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RUMO Á CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA MORALIDADE.

2.1.A afirmação e negação da liberdade nos anos 60/70

Como analisarmos, a ética tradicional expressa uma das perspectivas morais da sociedade burguesa: a moral conservadora em sua articulação com a cristã e a positivista. Correspondendo a um ethos rigidamente fundado na defesa da autoridade, da ordem e da tradição, o conservadorismo moral é uma forma de alienação moral: reproduz o preconceito e se opõe à liberdade. Ontologicamente considerado, é uma força social inscrita na dinâmica das possibilidades de conquista e perda relativa da liberdade, ao longo da história.

A ruptura com costumes e valores de ordem moral é sempre relativa a condições históricas favorecedoras de questionamentos que remetem à vida cotidiana, explicitando conflitos e contradições e possibilitando novas alternativas e escolhas. Entendida sob o ponto de vista de questionamentos aos valores e costumes tradicionais, a década de 60 é considerada uma época “revolucionária”, especialmente por suas potencialidades de ruptura ideológica com instituições, papéis sociais e princípios historicamente vinculados à moralização dos costumes: a família, o papel “feminino”, a tradição.

Com efeito, a partir dos anos 60, alargam-se as bases sociais de emancipação da mulher: sua inserção no trabalho, na educação superior, na vida pública e na defesa de direitos sociais e políticos. Configura-se uma determinação da intervenção ético-moral, dada pela recusa dos papéis tradicionalmente definidos como “femininos”, o que implica a desvalorização da subalternidade e passividade imprimidas ao papel da mulher na sociedade.

Ao lado das mulheres, a juventude tem um protagonismo mundial, marcado pelos eventos de maio de 1968 na França e pelos seus questionamentos das formas convencionais de sociabilidade. Os “anos rebeldes” expressam uma recusa radical em face das normas, valores e formas de ser mais caras ao conservadorismo moral: o poder, a autoridade, o dogma, a hierarquia, a ordem, a tradição. A geração de 68, principalmente a juventude e as mulheres, rompe com padrões morais de várias gerações, donde a radicalidade de suas manifestações, evidenciadas, por exemplo, em novas formas de fazer política, estranhas à tradição revolucionária.

A década de 60, pelas suas características apontadas, é também um momento de explicitação de conflitos éticos, que ocorrem em situações de questionamentos de valores morais, no âmbito da vida cotidiana. O rebatimento dessas potencialidades ético-morais no Serviço Social não se faz visível, nas décadas de 60 e 70, em termos de um questionamento coletivo á moral tradicional; o eixo condutor da construção de uma nova moralidade não se objetiva explicitamente pela oposição aos padrões culturais e morais repressivos que perpassam pela vida cotidiana, mas por uma intenção de ruptura político-ideológica com a ordem burguesa.

Não podemos afirmar que os agentes profissionais, individualmente, não tenham sido influenciados pelo ethos peculiar á geração 68; o que estamos salientando é que a oposição ao moralismo, á família tradicional, à repressão sexual, aos costumes em geral, típicos dessa geração, não aparece na literatura profissional ou em debates coletivos da época. Consideramos que construção de uma nova moralidade, nos anos 60, vincula-se a duas dimensões da vida profissional.

A década de 60 é um momento em que liberdade emerge como projeto, ora em função de projetos políticos coletivos, ora em termos de uma liberdade individual que tanto propicia um processo de individualização como permite uma reatualização do individualismo. Nos anos 60/70, o Terceiro Mundo se destaca como um espaço potencialmente gerador de manifestações político-revolucionárias. Na América Latina são determinadas, por um lado, pela crise mundial do padrão de acumulação capitalista que vinha se operando desde a Segunda Guerra Mundial e se explicita claramente nos anos 60; por outro, pela política econômica desenvolvimentista.

Como mostra Hobsbawm, nos anos 60, a América Latina forma, com outros países do Terceiro Mundo, “uma zona mundial de revolução-recém-realizada, iminente ou possível” (Hobsbawn, 1995: 421). Este cenário também se vincula

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