Fichamento Sobre o Filme Kasper Hauser

UFABC
Disciplina: Identidade e Cultura
Professora: Dra. Arlene Ricoldi
Aluna: Marta Cavalcante Ferreira
RA: 21065516

O Enigma de Kaspar Hauser

O filme conta a história de Kaspar Hauser, um personagem real que foi encontrado na Alemanha. O mesmo não havia sido socializado como um ser humano, não tendo a capacidade de executar habilidades básicas ou funções motoras como andar e conversar. O personagem é mantido em cativeiro durante grande parte de sua vida, até o homem que lhe mantia nessa situação resolver tira-lo dali e ensinar algumas poucas palavras, para logo depois o abandonar em praça pública. Kaspar Hauser passa a viver em um estábulo sob os cuidados das autoridades, que sabiam sobre o personagem apenas as informações que estavam contidas em uma carta que ele carregava. Hauser começa a ser socializado, mesmo com suas dificuldades para tanto, e sofre algumas humilhações por conta de sua condição, chegando a se tornar uma atração de circo em certo momento do filme. Um professor ajuda e ensina o personagem, se tornando íntimo do mesmo, contudo seus ensinamentos não foram o suficiente para inserir Hauser por completo na sociedade, sociedade esta que começou a se incomodar com as diferenças do personagem em questão, que foi atacado e morto posteriormente.

Uma análise mais profunda do filme e um estudo de seus conceitos em paralelo com o que é dito por D. Cuche (2002) no livro “A noção de cultura nas Ciências Sociais” (Cap. 3, pp. 65-108) nos leva a perceber mais claramente a importância do processo de socialização do indivíduo, desde a socialização primária, que é dada na infância (onde é inserida a prática social, atribuição de significado para as coisas e a linguagem), até a socialização secundária (que o indivíduo está exposto ao longo de sua vida, acumulando cultura a todo momento). O texto de Cuche aponta que a língua é a expressão das culturas, afirmação que fica evidente ao longo do filme, pois Hauser – num primeiro momento – é incapaz de contar para aqueles que lhe acolhem o que se passava com ele antes de ser inserido na sociedade, portanto, Hauser não era dotado de um conceito de humanidade prévio, visando que não possuía uma cultura que o formava como um indivíduo dotado de personalidade, já que o ser humano age dentro da cultura. O texto também se vê presente no filme ao levarmos em conta o conceito de “cultura e personalidade”, que busca a personalidade que é esperada de cada cultura, tentando definir a “personalidade normal” (ou AS personalidades) para aquela sociedade, existindo nela uma “força” que guia os atos gerais. Podemos utilizar esse conceito para fazer uma análise da reação daquela sociedade ao entrar em contato com o indivíduo novo que ali se inseria e que possuía uma grande diferença do que se era habituado, havendo um estranhamento geral da sociedade e uma dúvida sobre como agir em relação àquele novo evento.

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