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Globalizãção E Desigualdade

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Por:   •  7/6/2013  •  1.065 Palavras (5 Páginas)  •  359 Visualizações

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As evidências trazidas por Sala-i-Martin, que tinham sido expostas em seu ensaio anterior e discutidas em meus próprios artigos, já citados, traduzem uma realidade que poderia ser diferente: sim, o mundo poderia estar se tornando mais desigual e mais “divergente”, com o crescimento das desigualdades distributivas dentro e entre os países.

A bem da verdade, ele demonstra que as desigualdades internas têm crescido nas últimas décadas, mas que isso não foi suficiente para eliminar os maiores fatores de convergência entre os países. Essa convergência vem sendo assegurada, na prática, por alguns grandespaíses pobres que experimentam, desde os anos 1970, um extraordinário processo de crescimento econômico e de aumento da renda disponível em todos os estratos da população (ainda que com um relativo aumento das desigualdades distributivas entre os estratos da população).

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Estes são dados de “conjuntura”, mas que também traduzem uma lenta evolução “estrutural” que se pensa poder consolidar nos próximos anos: o mundo conheceu, por certo, uma longa divergência a partir da primeira revolução industrial, e vem agora passando por uma lenta convergência, à medida que caminhamos para a quarta revolução industrial (a da nano e da biotecnologia). Nada disso é inevitável ou apresenta caráterfatal: como sempre ocorre na história humana, decisões erradas adotadas por homens que

estão em posição de decidir – as chamadas elites – podem, e em vários casos

efetivamente o fizeram, colocar tudo a perder, escolhendo caminhos errados no processo de desenvolvimento. Assim ocorreu com a China, em algum momento entre os séculos XVI e XVIII: ela decidiu isolar-se do mundo, concluindo – naquele momento com certa razão – que ela não tinha nada a aprender com os “bárbaros” do exterior, uma vez que estava à frente deles em muitas coisas. Decisão fatal, pois ela foi invadida, esquartejada, espoliada e humilhada, graças à superior tecnologia guerreira das potências ocidentais,

aliás obtida em grande medida a partir da própria China, nos séculos nteriores.

Em nenhum momento, Sala-i-Martin recorre ao conceito de globalização em seu estudo, nem apresenta as taxas de crescimento desiguais entre os países, que “explicam” a convergência de alguns e a divergência de outros, mas é isso, obviamente, que está em causa no trabalho que acabamos de resumir. Ainda que um processo consistente de crescimento da renda disponível possa se dar, hipoteticamente, unicamente em um plano nacional, isto é, tendo como base o crescimento da produtividade total de fatores em bases inteiramente nacionais, ou seja, self-contained e autárquicas, não é crível, ainda que seja teoricamente possível, que China, Índia e tantos países asiáticos tivessem logrado o desempenho extraordinário que conseguiram nas últimas duas décadas em uma situação de “descolamento” da economia mundial. Isso não é verossímil e não seria possível, não, em todo caso, com as altas taxas de crescimento econômico sustentadas pela China nas últimas duas décadas. O que isto tem a nos ensinar?

Em primeiro lugar, que o crescimento econômico, quaisquer que sejam as

políticas econômicas empregadas para torná-lo consistente e sustentável, é uma condição sine qua não se podem alcançar os demais objetivos das políticas macroeconômicas e setoriais, em especial as de cunho social ou tecnológico. Em outros termos, não adianta

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pensar em distribuir, mesmo de forma modesta, se não há crescimento da produtividade e se a economia não alcança patamares mais elevados de valor agregado.

Em segundo lugar, que esse crescimento precisa alcançar os vários setores da

economia e ser sustentado ao longo do tempo, de preferência a taxas bem superiores ao crescimento populacional, para que a distribuição seja mais ou menos bem repartida entre a população. Esse processo precisa se dar no bojo de transformações estruturais que atingem os diferentes setores, subsetores e ramos da economia, de maneira a transformar o crescimento econômico em vetor do desenvolvimento social.

Estas são lições “teóricas” que podem ser extraídas a partir dos dados disponíveis.

As lições “práticas” são as de que esse crescimento pode ser facilitado por um ambiente internacional favorável à expansão das exportações, que está inquestionavelmente

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