Grazia Deledda, ganhadora do Nobel de Literatura (1926)
Resenha: Grazia Deledda, ganhadora do Nobel de Literatura (1926). Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: wesleyvalle • 15/5/2014 • Resenha • 997 Palavras (4 Páginas) • 266 Visualizações
Esclarecimento sobre o relatório de Pesquisa de 1993 e o pedido de prorrogação, a fim de perseguir no percurso narrativo deleddiano. O veio culpa. Tão inserido na narrativa de Grazia Deledda e o conseqüente “gancho” com Sciascia no dito “romanzo giallo”, que, por suas características especiais, denomino “romanzo poliziesco”.
Como a pesquisa, em desenvolvimento, se conjuga a uma narrativa feminina do fim do séc. XIX e princípio do séc. XX. Na longínqua Sardegna muitos problemas explodiram em ilha tão avessa às mudanças da tradição. Grazia Deledda, ganhadora do Nobel de Literatura (1926), atrevera-se a furar o “cerchio” familiar e, assim, se tornara conhecida publicamente, através de sua produção literária. A crítica machista de então foi quase unânime no repúdio à escritora sarda que com apenas estudos primários e leituras assistemáticas de romances europeus conseguira tornar-se conhecida também fora da Itália. Grazia Deledda escreveu uma obra gigantesca e prosseguiu sempre em leve constatação e, algumas vezes, em amargas contestações a trajetória e a vitória da tradição obedecida e fossilizada na ilha marginalizada.
Na minha tese de Doutorado sofri “por tabela” essa discriminação e, lembro-me bem, fui até aconselhada a trabalhar Deledda como verista ou decadentista. A minha proposta, todavia, era outra: caminhar com Deledda a sua narrativa doída, intimista, atraída pela utopia do eterno ao “Paraíso terrestre”, sua Nuoro, distante agora que morava em Roma. Trabalhei as obras Canne al Vento, La madre e Cosima, tendo como confluência Pane casalingo, escrito no Corriere della Sera em janeiro de 1936, alguns meses antes de sua morte.
No início da proposta de pesquisa (janeiro de 1991 e respostas em outubro do mesmo ano), conforme relatório enviado, as releituras dos romances Cenere, La chiesa della solitudine, Lédera, principalmente o último, levaram-me a questionar a culpa como problema fundamental no esclarecimento das aparentes antíteses “deleddianas”: morte x vida, religião x religiosidade, primavera x outono x inverno x verão, ilha x continente, carne x espírito, bem x mal, velho x novo etc. e a dialética estruturadora que, a princípio, apontava para Hegel. Deledda, criticada por ser repetitiva, intrigava-me e a procura do suporte básico estava realmente na poética de Bachelard (Poética do Espaço), onde casa, porão, sotão, canto, concha, cofre, miniatura, ninho e etc. diziam das ressonâncias e da repercussão na narrativa da autora. Respeitando o enovelar das notícias “deleddianas” (novelle), oriundas do seu espaço sardo, procurei não comprometer minhas leituras e aceitar nas Formas Simples, de André Jolles, a palavra e depois, o coro da ilha “deleddiana”. Era a Poética do Espaço, a bandeira teórica de que mais necessitava, no momento, o livro de cabeceira.
Tendo sido orientadora da Tese de Doutorado da Profª Ana Maria Magalhães sobre Leonardo Sciascia, também habitante de ilha, Sicília, onde a culpa é o elemento estruturador e coteja sua narrativa, tento estabelecer um eixo entre os dois autores, resultado das leituras de Lédera. Canne al vento de Grazia Deledda e o Mar do texto e a cor da denúncia (uma leitura de Il mare color del vino da profª Ana Maria Magalhães). A presença da máfia, a constatação “deleddiana” e a contestação “sciasciana” levaram-me a um desvio no qual as obras de crítica textual de Cesare Segre (Aviamento all l’analisi del testo novecentesco e Intrecci di voci) serviam como indicadores, à medida que adentrava as obras tão distantes no tempo. Da culpa ao “romance poliziesco” se projetava novo vilão nos tipos Efix-Giufà. O tratamento dos criminosos involuntários aproxima os dois autores. A fim de estabelecer na pesquisa a “plurivocità” e a polifonia de quase um século, apelei para Segre que nos diz:
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