HUMILHAÇÃO SOCIAL - UM PROBLEMA POLÍTICO EM PSICOLOGIA
Trabalho Universitário: HUMILHAÇÃO SOCIAL - UM PROBLEMA POLÍTICO EM PSICOLOGIA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ThayslaraSantos • 29/9/2013 • 2.785 Palavras (12 Páginas) • 1.677 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
A desigualdade social é considerada um fenômeno social, assim como a violência, o preconceito, as relações comunitárias. Fenômenos sociais são quaisquer fenômenos que ocorram em nossa sociedade e são analisados a partir da existência coletiva. (BOCK, 2008).
O conceito de desigualdade social compreende diversos tipos de desigualdades, desde desigualdade de oportunidade, resultado, até desigualdade de escolaridade, de renda, de gênero, etc. (CAMARGO, 2011). A desigualdade econômica é a mais conhecida - e chamada muitas vezes erroneamente de desigualdade social - caracterizada pela distribuição desigual de renda. O Serviço Social, no estudo da desigualdade social, deve esclarecer os aspectos psicológicos que acompanham, permitem e constituem essa desigualdade.
Segundo Gonçalves Filho (1998), a humilhação social trata-se de um fenômeno político e psicológico. O sujeito humilhado é impedido na sua humanidade, que ele reconhece em si mesmo, no seu corpo, gestos, imaginação, voz e no seu mundo, seja de trabalho ou no bairro em que vive. É também um fenômeno histórico, pois a humilhação foi sofrida durante muito tempo pelos pobres.
Vivemos rodeados de problemas sociais, dentre os quais a desigualdade social faz parte. Este é um problema que gera vários outros para o indivíduo, como humilhação, sentimento de inferioridade e de desrespeito para com sua maneira de viver.
O presente relatório tem como objetivo compreender o significado social da profissão desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade, bem como, identificar as demandas da sociedade visando a formular respostas para o enfrentamento da questão social.
2 HUMILHAÇÃO SOCIAL – UM PROBLEMA POLÍTICO EM PSICOLOGIA.
O cidadão impedido traz uma perspectiva interessante de relações na sociedade, mostrando as indagações culturais e as limitações trazidas por pessoas que vem de uma cultura mais simples mais estável (cidades pequenas, roças, tribos), chegando a locais de culturas mais agitadas com uma menor relação pessoal (grandes cidades), passando a se deparar com as dificuldades nesse choque cultural, ficando presos em bairros pobres, encarcerados pelo preconceito e pela falta de oportunidades.
Nada é mais angustiante ou amargo, para essa gente que conhece a vida comunitária, do que participar de um bem privatizante. Despencam. Isto nada tem a ver com a rejeição de uma satisfação pessoal. A vida comunitária não é a condição determinante daquela amargura nos espaços não democráticos, separatistas e racistas. Apenas vem aprofundá-la. Pode temperá-la. Mas a amargura chega para toda a gente, para qualquer um de nós e especialmente para aqueles que sem saber sistematicamente são excluídos do direito a cidade. Para aqueles que sabem que a festa dos outros frequentemente repousa no trabalho de pessoas que são como meu pai ou sua mãe, seu irmão ou seus amigos pobres.
A fruição de um bem publica que venha corrompida pela desigualdade não pode sem dificuldades trazer ao humilhado, quando então nela é incluído de um modo passageiro ou discricionário, o sentimento de simplesmente usufruir de um direito inédito: o que costumeiramente lhe vem é o sentimento de agora ele também beneficiar-se, para sua satisfação, da exclusão dos que o servem, seus irmãos de classe.
O novo rico busca consolar-se com o pensamento de que sua fortuna vem do trabalho, como se nunca houvesse dependido também do trabalho alheio. Algumas vezes, para quem necessite apaziguar suas culpas, o consolo pode vir pela filantropia, esporádica e ostensiva.
E preciso que haja algo de imparcial no mundo para que seja possível usufruí-lo: os bens mundanos precisam parecer em alguma medida nossos, abertos a todos, para que possam parecer meus. Esta possibilidade é criada pela situação intersubjetiva toda vez que for atravessada pela participação comum e pela distribuição de rendas.
São muitos os lados por onde o pobre é golpeado. O sentimento da dignidade parece desfeito. Deixa de ser espontâneo. E preciso um esforço de atenção para conservá-lo. Um esforço nem sempre eficaz para o humilhado - o proletário não é humilhado porque sente ou imagina sê-lo: o sentimento e a imaginação estão fincados numa situação real de rebaixamento. A situação imediata é sempre a situação mediada pela longa historia de rebaixamento que atravessa sua classe e atravessa sua família.
A humilhação social é um fato psicossocial que reconduz sempre o homem a outro homem. Seus determinantes mais variados, sua generalizada cristalização nos fatos de retificação, não deviam elidir-nos sua indeterminação de base: a desigualdade não pode nunca dispensar os homens para que se mantenha. A desigualdade só vive de seus mecanismos de sua inércia enquanto a visão do homem pelo homem manteve-se embotada. O problema da desigualdade é problema humano dos mais enigmáticos e talvez, o mais urgente entre eles, aquele cuja solução precede a de todos os outros.
Reificação ou aparição? Constantemente o mundo está esquecendo que as pessoas são seres humanos e não um corpo onde o caráter é comparado ao nível social onde vivem. Olhando apenas para o lado profissional hierarquizado onde é tratado como coisa, porque se observam somente os meios pelos quais vivem, porém não olham a grandeza que existe nas diferenças sociais.
Quando uma pessoa tem cargos e vestes elegantes são bem vista, são tratadas com cordialidade e quando a pessoa tem um fardamento simples e não tem muitos modos são invisíveis. Seja qual for à profissão, ou a maneira de falar, de vestir, de ser somos todos seres humanos que deveríamos ter direitos e igualdades sociais.
As crianças, filhos dos profissionais que trabalham nas fábricas, indústrias ou nas casas de família, muitas vezes observam seus pais serem humilhados e não compreendem, pois para essas crianças torna-se uma coisa banal na medida em que vão crescendo, porque no cotidiano social em que vivem já estão acostumadas com maus tratos.
Estudos feitos por professores de psicologia nas universidades de São Paulo fizeram experiências trabalhando em locais onde tinham cargos simples, geralmente trabalhados por pessoas sem especializações, e constataram que passam por humilhações não somente da clientela, porém dos próprios funcionários que tem cargos mais hierarquizados.
Segundo Simone Weil, o progresso trouxe esmagamento dos trabalhadores nas fábricas e indústrias, onde eles são vistos como máquinas para obedecerem aos mandos recebidos
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