IDH INDICADORES SOCIAIS
Monografias: IDH INDICADORES SOCIAIS. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: RAFAELLAMOREIRA • 10/3/2015 • 8.970 Palavras (36 Páginas) • 269 Visualizações
IDH, INDICADORES SINTÉTICOS
E SUAS APLICAÇÕES EM
POLÍTICAS PÚBLICAS
UMA ANÁLISE CRÍTICA
J O S É R I B E I R O S O A R E S G U I M A R Ã E S
P A U L O D E MA R T I N O J A N N U Z Z I
R E S U M O Uma das áreas de pesquisa interdisciplinar nas Ciências Sociais Aplicadas
que vem merecendo atenção crescente nas universidades, centros de pesquisa e agências estatísticas
é o campo de estudos em Indicadores Sociais e Políticas Públicas, que se revela pela
proposição de medidas-resumo – indicadores sintéticos – da realidade social vivenciada pela
população brasileira. Neste trabalho, faz-se uma análise crítica dessas medidas, começando
pelo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, estendendo-se por diversas outras propostas
de indicadores propostos ao longo dos últimos dez anos. Reconhece-se a contribuição
desses no que se refere a promover a discussão sobre a pobreza, a exclusão social, para a agenda
política nacional, mas apontam-se os problemas de natureza conceitual e metodológica das
propostas, assim como, o que é pior, o uso mal informado de indicadores sintéticos como critérios
de elegilibilidade de municípios para políticas sociais.
P A L A V R A S - C H A V E Indicadores sociais; indicadores sintéticos; Índice de
Desenvolvimento Humano; políticas públicas; planejamento.
Como tive já oportunidade de afirmar, o alvo que me proponho atingir é, através de
minhas pesquisas, chegar a uma expressão tão exata quão possível, do que chamaremos estado
econômico, social e moral das sociedades humanas, em dada época e diversos países.
(Neumann-Spallart em Congresso Internacional de Estatística de 1887)1
INTRODUÇÃO
Uma das áreas de pesquisa interdisciplinar nas Ciências Sociais Aplicadas que vem
merecendo atenção crescente nas universidades, centros de pesquisa e agências estatísticas
é o campo de estudos em Indicadores Sociais e Políticas Públicas. É revelador do interesse
nesse campo a atividade de pesquisa e produção de mapas, atlas ou índices de “Exclusão
social”, “Desigualdade social”, “Fim da fome”, “Vulnerabilidade juvenil”, “Desenvolvimento
humano”, “Responsabilidade social” ou “Qualidade de vida urbana”, desenvolvidos
em diferentes escalas espaciais, com diferentes preocupações temáticas, em diversas
instituições no país.2
Essa intensa atividade de pesquisa aplicada nos últimos dez anos está certamente associada
ao aprofundamento, no meio acadêmico, dos estudos sobre pobreza e exclusão social
no contexto da crise e estagnação econômica nos anos 1980, que, desde então, passaram
a disputar a centralidade do debate da agenda social com os estudos sobre
R. B. ESTUDOS URBANOS E REGIONAI S V. 7 , N. 1 / MAIO 2 0 0 5 73
1 Devemos ao Prof. Nelson
Senra (Ence/IBGE) a oportuna
indicação do texto da Revista
Brasileira de Estatística
de 1956, onde esse
trabalho foi republicado.
2 Ver, nesse sentido, entre
outros, para o município de
São Paulo, os trabalhos de
Sposati (1996), Sposati et
al. (2000), Seade (2002),
CEM (2003); para Curitiba,
Rocha et al. (2000); para Belo
Horizonte, Nahas (2002);
para o Rio de Janeiro, os estudos
publicados em encartes
do jornal O Globo sobre
o IDH para os bairros da cidade,
computados pelo Ipea
e PNUD.
desigualdade de renda e condições de vida, de origem mais antiga. Além disso, contribuiu
para dinamizar a produção de trabalhos aplicados em Indicadores Sociais e Políticas Públicas,
o interesse crescente do poder público em dispor de instrumentos técnicos para focalizar
a ação social, em um quadro de recursos mais escassos e demandas públicas cada
vez mais organizadas, no que o “Mapa da fome”, desenvolvido no final dos anos 1980 e
início dos 1990, pode ser apontado como um dos marcos iniciais.
Também se deve creditar aos órgãos do Sistema Estatístico Nacional – IBGE, agências
federais como Inep, Datasus, do Ministério do Trabalho, e os institutos estaduais de
estatísticas – uma contribuição fundamental para a pesquisa na área, seja pela ampliação
do escopo das estatísticas públicas disponíveis seja pela prontidão e versatilidade com que
estas passaram a ser disseminadas, pela internet, CD-ROMs inteligentes, microdados e outros
meios e suportes. Não fosse a rapidez com que as agências estatísticas absorveram as
novas tecnologias de informação e comunicação
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