Indicadores Sociais Como Termômetro Para Construção De Políticas públicas De Atenção A Criança E Adolescente No Município De Guarulhos.

1 INTRODUÇÃO

A prática de maus-tratos infelizmente ainda é uma realidade inegável vislumbrada no campo de atuação dos órgãos vinculados diretamente com a infância e juventude. O crescente número de crianças e adolescentes vítimas dessa forma de abuso é cada vez mais visível nas redes de atendimento de saúde, tornando-se um doloroso desafio aos profissionais que têm o compromisso de zelar pela garantia dos seus direitos.

Em tese, deveríamos pensar na criança como um ser inserido em um meio familiar, de forma natural e espontânea, sempre provida de todas as atenções afetivas e materiais que necessita para o seu normal desenvolvimento. Porém, frequentemente nos deparamos com atos comissivos (físicos, psicológicos e sexuais), ou omissivos (negligência), praticados por sujeitos em condições superiores em relação à criança, ou seja, em situação vantajosa decorrente da idade, força, posição social ou econômica, inteligência e autoridade, que transformam o lar em um ambiente hostil, capaz de causar danos irreversíveis na criança e no adolescente.

Assim buscamos um diagnóstico social para proteger crianças e adolescentes e mudar esse quadro que infelizmente acontece e não é algo incomum em nossa sociedade.

2 DESENVOLVIMENTO

Diagnóstico Social

Indicadores sociais como termômetro para construção de políticas públicas de atenção a criança e adolescente no Município Três Lagoas.

CARTAS RELATANDO MAUS TRATOS E ABUSO SEXUAL

Faz 9 anos que a criança está sob a guarda do pai devido a separação e a prisão da mãe, a família vive um drama e a mãe da menina contou o fato para a equipe de Reportagem da Rádio Caçula.

Há cerca de 10 anos atrás Neuza Nascimento de Souza de 42, vivia a ruína em seu casamento e sem emprego para sustentar as três filhas (04, 10 e 15 anos), praticamente sem ter como se alimentar Neuza diz que acabou entrando para o tráfico de drogas, depois de uns meses no mundo do crime a mulher acabou sendo presa em 2005 e permaneceu quatro anos em regime fechado, no Presídio Feminino de Guarulhos.

Nesse período o marido identificado como Edson Martins de Assunção acabou separando de vez da esposa e ficou com a guarda das três garotas.

Após quatro anos, Neuza muito arrependida pelo crime cometido e por ficar longe das filhas saiu da prisão, rapidamente foi atrás das filhas mas conseguiu pegar somente duas com idades de 14 e 19 anos. Logo, a ex- detenta foi para cidade de Nova Granada- SP, para recomeçar uma nova vida e desde então vem lutando na justiça pela guarda da menina mais nova.

Segundo o relato de Neuza, a menina é impedida de vê-la pelo ex- marido há muitos anos, e inúmeras vezes pediu para Edson deixá-la levar a garota, sempre tendo a recusa do mesmo.

ANOS LUTANDO PELA GUARDA

A mãe diz que compareceu no juizado de menores, conselho tutelar, mas nada foi feito devido a passagem na polícia, emocionada hoje sofre com as consequências de um ato impensado no passado.

Ainda conforme informações a mãe veio a Três Lagoas essa semana para buscar a menor a pedido do pai, porém ao chegar na barreira policial, foi reconhecida por uma ex-mulher de Edson que a questionou sobre a permissão do pai, Neuza foi impedida de seguir viagem e aguardou a liberação do Pai da criança que surpreendentemente afirmou não saber da ação da mãe perante a filha, tentando caracterizar o crime de sequestro.

Então Neuza, o ex e a garota foram para delegacia onde os policiais de plantão puderam conversar com todos e para surpresa a menor carregava na bolsa inúmeras cartas com relatos de casos ocorridos na convivência com o pai.

Nas cartas a menina havia escrito que o pai não gostava dela e que apanhava frequentemente, frases como "Meu Pai me xingou de demônio porque eu abri uns pacotes de sazon, e só por isso ele me xingou, mãe ele não gosta de mim".

"Meu pai brigou comigo disse que eu só atrapalho ele, fiquei muito triste, me senti excluída por ele mamãe".

"Hoje é meu aniversário e meu pai me deixou sozinha e foi pescar".

"O pior dia depois do meu aniversário foi o dia 09 de madrugada".

A frase acima faz parte do relato de maior gravidade, pois se trata de uma tentativa de abuso sexual que a menor sofreu quando passava a noite na casa de uma amiga, a menina conta que estava assistindo televisão quando o homem (Pai da amiga) apareceu na sala tocou nos órgãos sexuais se insinuado para a mesma e depois a tocou no rosto, com medo a garota o questionou e logo foi embora para a sua casa.

Ao tentar contar para o pai o ocorrido a criança ainda foi agredida verbalmente e repreendida, após esse episódio Edson pediu a Neusa que viesse a Três Lagoas para buscar a filha.

De acordo com a mãe, a menina de 13 anos mora sozinha com o pai e é responsável por todo o serviço doméstico, não é levada ao médico quando há a necessidade e sempre que tenta falar com as irmãs apanha do pai.

"Não tem como uma menina ficar com o pai desse jeito, ela está passando fome, ela não é cuidada, uma menina de 13 anos não consegue organizar uma casa" exclama Neuza.

A mãe questiona o motivo da justiça negar a guarda da filha, pois segundo ela antes o motivo seria o crime cometido, mas atualmente a mesma já pagou o que devia ao Estado, está trabalhando e vive corretamente.

Neuza está desesperada e diz que vai procurar o Ministério Público e o Conselho Tutelar para recuperar a guarda da menina e presenciar a adolescência da mesma já que toda a infância foi perdida.”

(Criança de 13 anos relatou em cartas maus tratos sofridos e até um caso de abuso sexual em Guarulhos, 2011)

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