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Introdução as Ciências Sociais

Por:   •  25/4/2017  •  Artigo  •  4.283 Palavras (18 Páginas)  •  357 Visualizações

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Texto de Apoio: Introdução as Ciências Sociais

I. MODELO DA ACULTURAÇÃO

Este capítulo, apresento o modelo da aculturação como descrito por Schumann, (1978a) em sua tentativa de identificar causas da aquisição de segunda língua (ASL) em contexto natural, isto é, sem instrução formal.

Schumann parte da premissa de que, diferentemente de outras disciplinas escolares, é possível aprender uma língua de forma natural, ou seja, em contacto com seus falantes.

Schumann (1978a, p. 28) lista uma série de factores que influenciam a aquisição, identificados, até aquele momento, por outros pesquisadores e agrupados por ele em nove grupos: social, afectivo, personalidade, cognitivo, biológico, aptidão, pessoal, instrucional e insumo linguístico. Para ele, os dois mais importantes são o social e o afectivo os quais ele propõe unir em uma categoria única que ele denomina de aculturação e que define como “a integração social e psicológica do aprendiz com o grupo da língua alvo” (SCHUMANN, 1978a, p. 28). Schumann defende que a aquisição é fruto da aculturação e que os aprendizes se localizam em um contínuo entre mais proximidade e mais distância social e psicológica dos falantes da língua alvo.

Ele divide a aculturação em dois tipos. No primeiro, as condições ideais para aquisição são aquelas em que o aprendiz está socialmente integrado ao grupo da segunda língua (SL), o que lhe proporciona contacto suficiente para aprendê-la, e psicologicamente aberto para a outra língua, absorvendo o insumo obtido em suas interações sociais. No segundo, além das características do primeiro, o aprendiz vê os falantes da língua alvo como um grupo de referência e, consciente ou inconscientemente, adopta seus valores e estilo de vida. Em sua visão, a adopção de estilos e valores não é condição necessária para uma aquisição bem sucedida, mas sim o contacto social e o psicológico com o grupo da língua alvo.

1.2. Variáveis Sociais

Schumann afirma que certos factores sociais podem promover ou inibir o contacto entre dois grupos sociais de línguas diferentes, afectando o grau de aculturação. Ele elenca cinco factores: padrões de dominação; estratégias de integração; fechamento; coesão e tamanho; congruência; e tempo de residência pretendida. Vejamos como ele entende cada um.

1.3. Padrões de Dominação

Schumann considera que um grupo cultural ou politicamente dominante oferece resistência em aprender a língua do grupo dominado e o mesmo acontece com a situação inversa. No primeiro caso ele cita o exemplo da resistência dos franceses, colonizadores na Tunísia, em aprender o árabe e, no segundo, o exemplo é dado pela resistência dos índios americanos no sul dos Estados Unidos em aprender o inglês. Ele advoga que a mesma dificuldade não é natural entre grupos que têm status político, cultural, técnico e econômico semelhantes, pois o contacto entre os dois grupos é mais extenso o que contribui para intensificar a aprendizagem.

1.4. Estratégias de Integração

Essas estratégias englobam assimilação, preservação e adaptação. A assimilação dos valores e estilo de vida do outro, com o consequente abandono dos de seu grupo, favorece a aprendizagem da SL em função da maximização do contacto entre os dois grupos. Ao contrário, se o grupo resiste à cultura do outro e preserva seus próprios valores e estilo de vida, cria-se distância social entre os dois grupos e, segundo Schumann é improvável que a aquisição aconteça.

Uma terceira estratégia é a adaptação quando o grupo mantém seus valores e estilo de vida, mas adapta-se ao grupo da língua alvo. Nesse caso, ele considera que o contacto entre os grupos é variável e também será variável o grau de aquisição.

1.5. Fechamento

Fechamento se refere ao grau de compartilhamento de actividades sociais entre os dois grupos (igrejas, escolas, clubes, espaços recreativos, actividades artísticas, profissões e comércio). Segundo o autor, se as actividades sociais são compartilhadas o fechamento é baixo e o contacto entre os grupos será um factor facilitador para a aquisição. Se o contacto for limitado às oportunidades de aquisição serão reduzidas pelo alto fechamento do grupo.

1.6. Coesão e Tamanho

Schumann acredita que grupos coesos e grandes acabam interferindo negativamente na aquisição, pois seus membros tendem a se manter separados do grupo da língua alvo e a interagir mais dentro de seu próprio grupo.

1.7. Congruência ou Similaridade

A congruência ou similaridade entre as duas culturas, segundo Schumann, também afecta o grau de contacto entre os dois grupos. Ele acredita que a aquisição será provavelmente facilitada se houver semelhança entre os dois grupos.

1.8. Atitude

Schumann acredita que se os dois grupos têm uma atitude positiva recíproca, a probabilidade de ASL aumenta.

1.9. Tempo de Residência Pretendido

Se os aprendizes de um determinado grupo pretendem ficar mais tempo na área da SL, provavelmente, desenvolverão mais contactos com o outro grupo e terão mais. Schumann conclui que isso promoveria a aprendizagem.

2. Variáveis Afectivas

Entre as variáveis afectivas, Schumann inclui choque linguístico, choque cultural, motivação e permeabilidade do ego.

2.1. Choque Linguístico

Schumann argumenta que o adulto enfrenta mais problemas ao tentar aprender uma SL do que uma criança, pois tem medo de parecer ridículo e de não conseguir usar as palavras adequadas. Já as crianças vêem na comunicação divertimento e prazer e não têm as preocupações do adulto.

2.2. Choque Cultural

Schumann (1978a, p.32) define choque cultural como “a ansiedade resultante da desorientação encontrada ao se entrar em uma nova cultura”. Ao se inserir nesse novo grupo, actividades consideradas rotineiras na cultura do aprendiz, agora, podem demandar mais energia e causar stress, ansiedade e medo, interferindo negativamente na aprendizagem da língua.

2.3. Motivação

Schumann busca apoio em Gardner e Lambert (1972) que classificam a motivação em integrativa e instrumental. Gardner e Lambert (1972) definem o motivo integrativo como “um desejo de se tornar membro de outro grupo etnolinguístico” (p.12) e a orientação instrumental como “um desejo de ganhar reconhecimento social ou vantagens económicas através do conhecimento da língua estrangeira” (p.14).

Schumann acredita que a motivação integrativa é mais poderosa, pois um aprendiz com essa motivação “quer aprender a segunda língua para encontrar e conversar com falantes da língua alvo, saber mais sobre eles e, talvez, se assemelhar aos falantes desse grupo cujos valores valorizam e admiram” (SCHUMANN, 1978a, p.32).

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