Introjeção Do Racismo E O Racismo Inconsciente
Dissertações: Introjeção Do Racismo E O Racismo Inconsciente. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: angelleda • 27/10/2014 • 808 Palavras (4 Páginas) • 732 Visualizações
A visão da sociedade é projetada pelos meios de comunicação. Ambos – a sociedade e os meios de comunicação – acabam por levar o negro-descendente a crer (introjetar) em tudo aquilo que forjam contra ele. Assim, os pretos e pardos recebem três vetores contra si: o par sociedade/meios de comunicação e a violência racial, cuja manifestação explícita do racismo e do preconceito se dá pela mídia e pelas (in)seguranças pública e privada.
A INTROJEÇÃO DO RACISMO
Um autor que explicou muito bem como se dá esse processo de introjeção do racismo foi Helio Santos (militante do movimento negro). Em seu livro A Busca de um Caminho para o Brasil: a trilha do círculo vicioso, ele defende a ideia de que o racismo no Brasil ocorre segundo uma metáfora da “centopeia de duas cabeças”
Apesar de não fazer parte da sociedade dominante, o negro é integrante da sociedade civil. Conseqüentemente, ele mesmo também colabora na construção da visão da sociedade ao introjetar contra si aspectos desfavoráveis. Quem imaginar que se trata de uma contradição simples está equivocado. Trata-se – SIM – de uma monumental contradição.
Em primeiro lugar, a sociedade que discrimina a população de ascendência negra se supõe branco-européia. Contudo, NÃO O É.
Em segundo lugar, essa sociedade discriminadora é marcadamente negra em termos culturais. Vive, consome e tem internalizados em sua cultura valores negros. Estranho, não?, flagramos agora uma ironia peculiar da terra brasilis : aqui, os brancos (ou supostos), quando agridem os negros, ofendem a si mesmos.
Isso porque eles também são meio negros/meio brancos, curtindo e vivenciando a cultura negra. Portanto, mesmo quando não há em suas veias o vigoroso sangue negro – caso do brasileiro efetivamente branco – ,não tem como escapar da sedução da cultura negra que acolhe a todos. Assim, pensamos não apenas na culinária, mas também no paladar, falamos não só da religião, mas sobretudo da religiosidade; encarnamos uma energia e ritmo singulares; reagimos diante das coisas do mundo de uma forma criativa e peculiar e intuímos uma musicalidade que surpreende e causa inveja a músicos do mundo inteiro. Tudo isso é a maciça e consistente cultura negra que dá a forma e o conteúdo da cultura brasileira.
Ninguém ousaria dizer isso do branco norte-americano em relação à cultura negra. É inegável a influência negra, por exemplo, na música daquele país. Entretanto, os brancos lá, pensam e agem como brancos europeus
A via dupla que explica nossa realidade étnico-racial é atípica(se afasta do normal), como já vimos: as duas mão fluem contra o mesmo alvo. Assim a alegoria da centopéia de duas cabeças, que vai-e-vem, é adequada. Primeiro não apresenta risco de colisão
Depois, o caldo cultural reforçado pela miscigenação racial, jamais permitirá que nossa lacraiazinha se rompa
Não se deve esquecer em nossa figuração os dois fluxos correm contra os interesses dos negro-descendentes. Para que houvesse alguma chance de conflito ou rompimento na estrutura do nosso bichinho, em algum momento, o fluxo do negro teria que trafegar contra os interesses da sociedade dominante. Como é fartamente sabido, isso não ocorre.
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