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Leitura Territorial E Expansão Metropolitana

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Por:   •  11/9/2014  •  2.383 Palavras (10 Páginas)  •  235 Visualizações

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Leitura Territorial e Expansão Metropolitana

“Bairro Água Azul”

“O Brasil experimentou na segunda metade do século 20, uma das mais aceleradas transições urbanas da história mundial. Esta transformou rapidamente um país rural em um país urbano e metropolitano, no qual grande parte da população passou a morar em cidades grandes [...] apesar da precocidade dessa transição urbana, as cidades brasileiras ainda enfrentam desafios sociais, econômicos e ambientais pesados.” (MARTINE e MCGRANAHAN, 2010 p.11)

Como toda grande cidade, Guarulhos tem contrastes discrepantes: de um lado, possui a segunda maior arrecadação do Estado de São Paulo e, de outro, muitos de seus moradores sofrem com a falta de infraestrutura urbana e exclusão social.

Segundo Nobre, “dessa forma deve existir uma maior articulação da sociedade civil, do Poder Público e das cidades que formam o CME na formação de instrumentos de planejamento para a Região, que busquem um modelo de desenvolvimento que leve em consideração as diferenças regionais e as transformações econômicas recentes”. (s/d, p.14)

Dentro destes parâmetros o Bairro Água Azul foi selecionado para análise, onde os objetivos específicos dessa pesquisa são voltados ao planejamento de propostas para inserção e melhoria de políticas públicas no bairro, pois há precarização dos mesmos e o índice de vulnerabilidade social alerta para reflexão sobre o assunto.

O nome “Bairro Água Azul” tem sua origem em 1970, ano em que a loteadora Lutfalla começou a implantação do loteamento e fez uma grande parede de contenção das águas dos córregos que formou o grande lago no Centro do bairro, o nome “Água Azul” foi dado em função do reflexo da luz do sol sobre a água que se mistura com o verde das plantas que envolvem o lago, contam os moradores “que em certas épocas a água fica azul”. (OLIVEIRA et al, 2010 p. 84).

O atual Bairro Água Azul, antigamente pertencia à fazenda do senhor Vasco, depois ele vendeu para um japonês de nome Kawaka e foi junto a Lutfalla que implantou o loteamento, ou seja, dividiram em chácaras onde o menor lote é de 900 metros quadrados. O bairro está inserido na zona de proteção e desenvolvimento ambiental e sustentável, protegido pela lei nº 6253 de 2007. (OLIVEIRA et al, 2010 P.84)

Localizado na região Nordeste a 23km do Município de Guarulhos, nas proximidades do bairro de Bonsucesso, tendo como principal acesso, a Estrada Juvenal Ponciano de Camargo (SP, 036), também conhecida como estrada Guarulhos Nazaré (PMG, 2011 p.7). Considerado uma zona rural, o bairro apresenta vários aspectos negativos contrários ao que garante a C/F 88, onde são “assegurados a todos os brasileiros, direito à educação, à saúde, à moradia, ao trabalho, ao lazer, à segurança [...] revelando a disposição do Estado brasileiro em prover, de maneira equânime, bens, benefícios e serviços sociais básicos, respeitando-se as capacidades e as necessidades do indivíduo”. (RODRIGUES e BAENINGER, 2010 p. 26)

Infraestrutura

O Bairro Água Azul é bastante carente em termos de infraestrutura, não contando com melhoramentos urbanos básicos que caracterizam uma localidade bem estruturada. É visível a situação de vulnerabilidade que os moradores enfrentam, parte do bairro vem sendo ocupada por chácaras de recreio, muitas delas com bom padrão construtivo, enquanto outras áreas são ocupadas por habitações precárias, que abrigam uma população de baixa renda, moradores que se fixaram de forma irregular em áreas inicialmente destinadas à implantação de áreas de lazer, muitas dessas habitações estão situadas às margens da Lagoa Azul, que se encontra poluídas, pois recebe esgoto de algumas residências.

Esta ocupação não possui sistema público de abastecimento de água potável e a maior parte da população que residem nas áreas mais baixas é atendida por poços particulares. Segundo moradores locais, “existem notícias que vários destes poços estão contaminados, por estarem próximos a fossas sépticas construídas em sua maioria pelos próprios moradores, enquanto as residências situadas em porções mais altas são abastecidas por caminhões-pipa até três vezes por semana com um custo mensal bem significativo”.

“No Bairro Água Azul existem cerca de 3500 habitantes e duas favelas cadastradas no departamento de ação comunitária da Secretaria Habitacional do Município de Guarulhos, uma localizada na Rua Lydia de J. Mendonça e a outra em uma área delimitada pela Lagoa Azul e pelas Avenidas Miami e Guanabara ambas implantadas em parte da área reservada, nas inspeções de campo foram detectadas a existência de outros aglomerados de moradias subnormais, ocupando outras áreas”. (PMG, 2012 p.21)

Conforme MARTINE e MCGRANAHAN “a falta de serviços básicos nos assentamentos urbanos constitui para os problemas de saúde ambiental, particularmente aqueles ligados a água e ao saneamento básico” (2010,p.19), questão que os moradores do bairro Água Azul também enfrentam, pois não existe coleta de esgotos nem saneamento básico, nenhuma das ruas é pavimentada dificultando assim, o acesso aos serviços como saúde e educação, pois quando chove conseqüentemente as ruas ficam interditadas pela lama.

A coleta de lixo é realizada três vezes por semana, sendo a qualidade desse serviço considerada regular por alguns moradores. Existe apenas um posto de saúde a USF (Unidade de Saúde da Família) numa área de difícil acesso, causando indignação nos moradores que segundo eles “só tem um médico e quando o caso é grave recorrem ao atendimento em bairros vizinhos que também são lotados”.

A única escola Estadual 1º e 2º graus (Dr. José Leme Lopes), com cerca de 480 alunos matriculados também fica num lugar de difícil acesso, uma pequena creche conveniada à Prefeitura de Guarulhos (uma conquista da Associação de moradores do bairro), que atende cerca de 70 crianças de um a três anos e meio em turnos dois turnos diferentes.

A falta de transporte público de qualidade também é um dos questionamentos entre os moradores que contam apenas com duas linhas de ônibus, durante a semana esperam de 30 minutos à1 hora e nos fins de semana de 1 a 2 horas.

Muitos moradores “sobrevivem” como caseiros e roçadores de chácaras no bairro, por menos de um salário mínimo e a maioria sem registro em carteira, a mesma situação de alguns funcionários da única fábrica de blocos existente no bairro os demais trabalhadores se deslocam a locais próximos para exercerem seus ofícios como a empresa AMBEV e a Pedreira Paupedra, outros

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