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Movi Sociais

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Por:   •  23/5/2014  •  2.691 Palavras (11 Páginas)  •  292 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O presente Trabalho tem como objetivo esboçar uma análise dos movimentos sociais enquanto modo de democracia participativa e sua contribuição acerca do desenvolvimento político e da emancipação social. Pode-se dizer que a partir da década de 1980 os movimentos sociais mudaram substancialmente a constituição da esfera pública, onde somente os partidos políticos e as elites eram aptos a discutir as problemáticas sociais, em uma clara e evidente verticalização do poder no sentido de cima para baixo.

Com a ascensão dos movimentos sociais se inverte consideravelmente a lógica do poder político e do próprio poder dominante brasileiro, uma vez que a partir deste momento, as aspirações e demandas sociais das classes oprimidas começam a ganhar espaço de discussão na esfera pública por suas próprias manifestações.

1 - MOVIMENTOS SOCIAIS

A maioria dos teóricos sociais concorda em que neste modo de ação coletiva engloba um tipo especifico de relação socialmente conflitiva. O tipo clássico é o movimento operário que marcou a sociedade industrial do século XIX ao inicio do século XX. Mais recentemente nos anos 60, a maioria dos países do ocidente vivenciou importantes movimentos sociais. Ex. movimento estudantil, movimentos pelos direitos civis e os movimentos pela paz.

Enquanto nos países de terceiro mundo surgiram movimentos de libertação nacional durante os anos 70 e inicio dos anos 80 um grande numero de movimentos sociais proliferou através da America do norte e da Europa – movimentos de mulheres, ecológicos, antinucleares e pela paz, bem como movimentos pela autonomia regional. Em outras partes, surgiram movimentos fundamentalistas enfatizando a especificidade cultural. Muitos movimentos sociais desafiam estruturas institucionais, modos de vida e de pensar, normas e códigos morais. Na verdade os movimentos sociais estão intimamente ligados à mudança social, e vários aspectos da sociedade contemporânea são provavelmente consequências das ações dos movimentos sociais.

De um ponto de vista teórico, também os movimentos sociais se colocam no centro da discussão cientifica social. Afirmando que o comportamento coletivo e movimentos sociais são conceitos centrais da teoria sociológica e o fato de o uso da atual expressão ser bastante impreciso, mesmo na literatura profissional, pode dever-se em grande parte à excessiva variedade de fenômenos que baseiam na experiência e não no estudo aos qual essa noção potencialmente os aplica.

Tal como a maioria das noções das ciências sociais, a de movimentos social não descreve parte da realidade, mais é um elemento de um modo especifico de construir a realidade social. Scherer-Warren define os movimentos sociais como sendo uma ação grupal para transformação (a práxis) voltada para a realização dos mesmos objetivos (o projeto), sob a orientação mais ou menos consciente de princípios valorativos comuns (a ideologia) e sob uma organização diretiva mais ou menos definida (a organização e sua direção) (SCHERER-WARREN, 1989, p. 20).

Também se pode dizer que movimentos sociais são “ações sociais coletivas de caráter sócio-político e cultural que viabilizam distintas formas da população se organizar e expressar suas demandas” (GOHN, 2003, p. 13). Enfim, trata-se, sem dúvida, de um agir comunicativo, em que as ações coletivas são discutidas na esfera pública a partir dessa comunicabilidade.

De acordo com Maria da Glória Gohn (2003, p. 18) há um novo projeto emancipatório e civilizatório por detrás dessa concepção que tem como horizonte uma sociedade democrática sem injustiças sociais. É inegável que o processo de democratização ocorreu e ocorre pelo desempenho dos movimentos sociais, posto que a própria redefinição da democracia emergiu de tal luta. A partir das reivindicações dos movimentos sociais se vê expressada, também, a pluralidade de interesses, fator tão importante hoje em sociedades cada vez mais heterogêneas e multiculturais, onde ainda também se encontra o confronto da luta de classes, o qual fora tão combatido por Marx.

Maria da Glória Gohn, realiza um mapeamento das principais ações coletivas, organizadas em movimentos, redes de mobilização ou associações civis da atualidade. O mapeamento focaliza quais são as áreas temáticas e seus eixos de manifestação como problema social, um breve perfil desses problemas, onde se localizam as demandas e lutas, quais são os sujeitos sociopolíticos e culturais que estão envolvidos, em que territórios estão situados, que ações protagonizam como são tematizadas suas ações, como constroem as redes por onde circulam e etc.

Através da participação política os cidadãos alcançam a sua autonomia, tão importante para a emancipação social. Segundo Gohn (2003, p. 30) a participação é um processo de vivência que imprime sentido e significado a um movimento social, desenvolvendo uma consciência crítica e gerando uma cultura política nova. A defesa da democracia participativa a partir dos movimentos sociais como critério legitimador da própria democracia e como canal de manifestações das classes oprimidas é uma necessidade do Estado Democrático de Direito, bem como uma clara e evidente forma de desenvolvimento.

Por isso, “um projeto político é democrático quando não se reduz a um conjunto de interesses particulares de um grupo, organização ou movimento” (GOHN, 2005, p. 36-37). Necessário para ser democrático é incorporar a visão do outro e do universal. A partir dos movimentos sociais há uma ruptura com a tradição paternalista de apropriação das reivindicações populares e também para com a tradição clientelista, onde os cidadãos passam a ser os próprios agentes da construção democrática.

É um novo cenário da sociedade civil onde o espaço público passa a ser ocupado por atores que anteriormente não tinham tal espaço e, sequer, tinham o direito de reivindicar ante o Estado, mas que a partir deste momento serve como canal de expressão e atendimento das demandas sociais populares. Por issoa cidadania se constrói pela participação direta e indireta dos cidadãos, enquanto sujeitos políticos, não apenas para a solução de seus problemas sentidos, sem espaços públicos onde as decisões coletivas possam ser cumpridas, mas também para um processo de radicalização democrática, através do desempenho instituinte, transformador da própria ordem na qual operam (BAIERLE, 2000, p. 192).

2. MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL

Em

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