O Saber e Diversidade Cultural
Por: Gabrielly Coquito • 6/6/2023 • Seminário • 1.202 Palavras (5 Páginas) • 92 Visualizações
RELATO CRÍTICO DA EXPERIÊNCIA DA ESCOLARIZAÇÃO
Gabrielly Coquito – 123005037
Saber e Diversidade Cultural
Tendo em vista as leituras, comentários feitos em aula e minhas experiências de vida escolar, posso destacar alguns pontos sobre a escolarização ocidental e a colonização - que são estritamente conectados.
Primordialmente, a colonização visava, no meu ponto de vista, basicamente, um extermínio e sobreposição cultural, isto é, o fim de uma cultura “exótica” e “selvagem” - sobre o olhar do colonizador – para que o estilo de vida branco, europeu e “evoluído” - novamente, sobre o olhar do colonizador - pudesse ascender sobre os diversos povos indígenas.
Dialogando com Foucault em “Vigiar e Punir” (2013), a cultura europeia de ensino, historicamente, é feita de modo em que o professor detém o poder, o Poder Disciplinar. Em uma sala de aula – quatro paredes, talvez algumas janelas, uma porta, uma multidão de fileiras de cadeiras padronizadas, o professor a frente, todos com os olhos voltados para ele sem que haja outro tipo de relação senão a de autoridade máxima e distante - onde se tem forte poder de manipulação e padronização, em que a fábrica de corpos dóceis e úteis funciona a todo vapor sob uma Vigilância Hierárquica - o professor – que corta, vigia e pune qualquer desviante do normal, seja lá o que “normal” signifique.
O olhar ocidental sobre a aprendizagem, além de tudo, é sobre a produtividade e padronização do indivíduo. O Estado não quer seres críticos, - porque isso os levaria a ruína - ele apenas quer corpos feitos em moldes que são de fácil manipulação, que não questionam e acima de tudo adestrados – assim como animais de estimação (nós) que fazem tudo que o dono (o Estado) manda, sem hesitação.
Disponibilizamos nosso cérebro por anos com sede e fome de conhecimento verdadeiro, mas tudo o que recebemos é algumas equações, regras gramaticais e qual foi o estopim para a Grande Guerra estourar. Serei estúpida em admitir que não sei a maioria dos tópicos que mencionei? Provavelmente sim, mas talvez seja esse o propósito. E se, só e se, nos perguntarmos o porquê disso? Por que somos bombardeados de ditos “conhecimentos importantes para a vida toda”? Não me leve a mal, acho que algumas dessas informações são sim importantes para nós como sociedade, para não repetirmos as desgraças do passado devemos aprender com ele, mas será mesmo que a escola nos faz aprender com ele? Estudamos as guerras, mas isso não nos impede de travá-las. Estudamos gramática, mas isso não nos impede de falarmos e escrevermos errado. Estudamos matemática e ainda sim usamos a calculadora. O único trabalho da escola é nos passar o conhecimento devido, mas, ela falhou, falha e falhará em todos os cenários que em ela colocar seus tentáculos, enquanto o Estado tiver poder sobre ela porque não é isso que o ele quer que ela faça.
O Estado quer submissão. O Estado quer seres produtivos que façam a economia andar. O Estado quer indivíduos de fácil adestramento e manipulação para que ele tenha poder, e poder pleno, sobre eles. Não é de interesse do Estado que tenhamos consciência crítica, porque no momento em que nós percebermos que o Estado depende de nós e não o contrário, ele cai.
O sistema escolar ocidental é baseado no poder, no poder de um indivíduo sobre outro, mas acima de tudo, no poder do Estado sobre todos.
Em minha experiência escolar, nunca me perguntei por que as escolas eram desse jeito. Nunca fiz perguntas como: “Por que nos sentamos desse jeito?” “Por que o professor fica em cima de um palanque?” “Qual a finalidade de usarmos uniforme? Estamos sempre tão padronizados...”. Hoje me faço essas perguntas e tenho a resposta: controle. O Estado faz de tudo para ter controle sobre a população, tudo é pensado para nos rotular, nos colocar em caixas, nos contabilizar. Tudo são números, nunca seres humanos.
O que é realmente ser aluno? Sentar-se em uma cadeira, dentro de uma sala, prestar atenção nas aulas, tirar notas boas? Será mesmo que o único espaço de aprendizagem é a sala de aula? Hoje, posso com certeza responder que não.
Conversando com Bell Hooks em “Ensinando a Transgredir: a educação como prática da liberdade” (2013), nós como sociedade ocidental, estamos tão acostumados com um ethos escolarizado que não conseguimos enxergar outra forma de adquirir conhecimento. Não conseguimos ver uma maneira de aprendizado onde o conhecimento é dado por experiência. O conhecimento é restritamente escrito/oral, existe um cronograma que tem que ser seguido, tudo muito rápido, a cada aula é um conteúdo diferente, tem um tempo específico que não pode ser ultrapassado e se você não der um jeito de acompanhar, você é jogado de lado e automaticamente rotulado de menos capaz que os outros. Existe uma padronização e rotinização a ser seguida.
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