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O conceito de filantropia

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Por:   •  1/9/2014  •  Relatório de pesquisa  •  2.184 Palavras (9 Páginas)  •  240 Visualizações

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IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Uma “nova filantropia” na sociedade brasileira: o Investimento Social Privado

Por Marcos Kisil*

Introdução

A noção de filantropia é suficientemente antiga para ser tomada como elemento constituinte natural

das sociedades atuais. Isso pode ser o resultado de um valor intrínseco aos seres humanos: a

solidariedade. Esse valor consiste no fato de a necessidade de um ser humano ser interiorizada por

outro e de essa interiorização levar a uma reação (portanto, uma ação) desse indivíduo, justificada

pelo mero fato de que existe alguém com uma necessidade que precisa ser atendida.

Essa qualidade humana é valorizada em praticamente todas as religiões e culturas. Assim, a

solidariedade deve ser entendida como o reconhecimento e uso por parte do doador de que ele é

possuidor de diversos dons, talentos, capacidades e bens, que devem ser colocados, gratuitamente, à

disposição das necessidades de outras pessoas.

Com o evoluir da humanidade, porém, esse entendimento foi se concentrando nos bens e,

particularmente, nos recursos financeiros que poderiam ser disponibilizados para os necessitados.

Assim, surge a filantropia que aqui chamaremos de “tradicional” - baseada na decisão de indivíduos

que, voluntariamente, atendem aos necessitados, mas de forma assistencialista, isto é, partindo das

necessidades básicas de sobrevivência do ser humano, como alimentação, vestimenta, albergue etc.

Essa postura está inserida dentro de uma visão bastante difundida pelas religiões, que é o

entendimento de que “dar” é uma expressão de amor ao próximo e, conseqüentemente, a satisfação

de um desígnio divino.

O entendimento da filantropia “tradicional” ainda é muito importante em nossos dias. Ele representa

um segmento da sociedade civil que, diante da necessidade do ser humano e de sua incapacidade de

acessar recursos, programas e serviços de responsabilidade dos governos, organiza-se dentro de um

sistema alternativo para prover esses bens e serviços, por meio de recursos privados colocados em

beneficio público. Embora de relevância na constituição de uma sociedade mais justa e solidária, essa

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IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

visão alternativa não traz mudanças das relações existentes dentro da sociedade. Assume papel

suplementar à ineficiência do Estado, aproximando-se de uma visão caritativa para com os excluídos

dos bens e serviços oferecidos pelo setor público.

Há, porém uma segunda abordagem para a filantropia. É quando ela atua como um segmento da

sociedade civil que busca construir um sistema alternativo da situação de exclusão do ser humano,

seja ela representada pela exclusão social ou pela econômica, política ou cultural. Essa abordagem

utiliza o recurso privado para o beneficio público, buscando transformar a sociedade, a partir de

programas e projetos criativos, testes modelos que tornam serviços e bens mais acessíveis,

construção de relações entre diferentes setores e grupos sociais, geração de capital humano e social,

influência em políticas públicas. Seu compromisso é com a mudança da sociedade, com a alteração do

status quo.

As duas abordagens apresentam-se dentro da própria evolução histórica do conceito de filantropia em

nossa sociedade, de influência ocidental cristã. Assim, hoje, no Brasil, convivem dois modelos ou

paradigmas de filantropia: o “tradicional” e o “novo”.

Filantropia “Tradicional” x Nova Filantropia

O conceito original de filantropia, desenvolvido no início do século passado, tal como apresentado por

Waldemar A. Nielsen, no livro “Inside American Philanthopy”, parte do princípio de que a ação social

não começa devido à aceitação de um conceito traduzido no planejamento estratégico de uma

entidade ou organização especializada em fazer doações. Ela nasce, fundamentalmente, da decisão

individual de um possuidor de bens ou recursos financeiros, que acredita que esses recursos doados a

uma entidade ou a uma causa podem fazer a diferença na vida de uma pessoa.

Isso explica a própria origem etimológica da palavra filantropia, que significa “amizade pela

humanidade”. Ela é a expressão do compromisso de um indivíduo consigo mesmo em fazer o uso

misericordioso de recursos dos quais ele é o único e exclusivo possuidor. É um compromisso individual

de uma pessoa que chamamos de “filantropo”, “mecenas”, ou simplesmente “doador”. Quando

pessoas com esse perfil sabem institucionalizar sua filantropia, despontam fundações como a

Rockfeller, Kellogg, Carnagie.

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Se para esse entendimento da filantropia Nielsen estudou personagens

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