O conceito de liminalidade
Pesquisas Acadêmicas: O conceito de liminalidade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: dajs • 24/7/2014 • Pesquisas Acadêmicas • 1.039 Palavras (5 Páginas) • 749 Visualizações
Introdução:
Victor Turner no capitulo III de seu livro, o Processo Ritual, intitulado “ Liminaridade e Communitas” discute relatos, analises e resoluções dos “rites de passagem” na sociedade tribal dos Ndembu. Utilizando dados extraídos de seu trabalho de campo com os Ndembu na Zâmbia (África) e os analisando através de uma abordagem teórica do conceito de liminaridade.
Liminaridade
A noção de liminaridade encontrada na obra de Turner está sustentada nos estudos de Arnold Van Gennep sobre as estrutura dos ritos, especificamente no que diz respeito aos ritos de passagem. Gennep demonstra que esses rituais de transição são compostos por três fases: separação, limiar e agregação. Caracterizadas respectivamente por: o distanciamento do individuo da sua estrutura social, conjunto de condições culturais (estado), ou ambos; Período intermediário em que o sujeito assume características ambíguas, perpassando por um domínio cultural de poucos, ou quase nenhum atributo do estado passado ou futuro; Retorno onde o transitante passa a um estado de estabilidade assumindo um novo status.
A liminaridade, ou fase limiar é a fase intermediaria entre o distanciamento e a reaproximação do individuo. É um estado subjetivo, onde as características do transitante ou sujeito ritual tornam-se ambíguas. Segundo Victor Turner, as estruturas sociais designam papéis sociais que os indivíduos devem representar. Estes papéis de posições sociais incluem atividades e ações específicas para cada indivíduo, entretanto as pessoas que participam nos rituais estão, temporariamente, fora da estrutura social normal e, portanto, em um estado liminar. Logo não há mais papeis ou posições aqui, somente entidades em transição sem lugar ou posição (neófitos), o momento de liminaridade é onde o processo de transição do ritual se desenvolve, o sujeito passa a uma esfera de abstração para que aja um desligamento de sua posição anterior e posteriormente lhe seja dado um novo status. Turner relata que a liminaridade é frequentemente comparada a morte, a invisibilidade, e outros estados que demonstram que, como seres liminares, os indivíduos transitórios não possuem status, e expõe que nos processo dos rituais, por várias vezes roupas normais são substituídas por simples tiras de pano ou até mesmo nudez, para simbolizar a humildade e a falta de status. O conceito de liminaridade em Turner se concretiza no estudo ritualístico dos Ndembu. E dentre os rituais dessa sociedade, discutidos por ele, estão inclusos os ritos de iniciação ou puberdade, ritos de fertilidade, ritos de circuncisão, ritos referentes à posição social e geminação. Turner dá ênfase a um exemplo ritualístico, que segundo ele é um modelo sucinto de rito de passagem dos Ndembos, o ritual de investidura do Kanongesha, útil não somente para compreensão sobre o modo como esta sociedade utiliza dos seus símbolos rituais e os explicam (Ex: o lukano, kafu, kumubayisha, etc..) Mas também para a assimilação de como o estado de liminaridade se manifesta.
No estado liminar, dado o distanciamento simbólico da estrutura hierárquica da sociedade, surge um segundo modelo que alterna com essa estrutura: um estado de comunidade ou comunhão, de indivíduos iguais, denomidado Communitas.
Communitas
As communitas, são grupos que se encontram no interior da liminaridade durante um processo ritual. Na formação da communitas percebe-se um estado de comunhão entre os sujeitos, em que não há hierarquias, isto é, não há mais uma diferença entre a estrutura social e as communitas. Nota-se que há uma percepção antagônica, pois na estrutura social o sujeito é individualizado diante de uma gama de regras, normas e convenções, de uma hierarquia política, econômica e social; na communitas forma-se uma anti-estrutura em que o sujeito assume outro papel (diferente deste modelo hierarquizado), passando a viver a comunhão com outros, em situação de igualdade. Ou seja, Turner parte da ideia de que existem dois modelos de co-relacionamento
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