Os discursos de maquiavel e a contemporaneidade
Por: Raquel Silva • 27/11/2015 • Resenha • 762 Palavras (4 Páginas) • 490 Visualizações
Raquel Silva de Oliveira 14/0160418
Disciplina: teoria política moderna
Trabalho de Maquiavel Entrega: 02/09/2015
Quando se fala de Maquiavel pode ser preciso que se especifique em qual de seus textos está se pensando, pois, o Maquiavel dos Discorsi está mais preocupado em exemplificar uma república grandiosa do que dar conselhos aos governantes que é o que se propõe a fazer no príncipe. Quem lê somente o príncipe correrá o risco de não conhecer a face republicana de Maquiavel que se nota nos Discorsi. Esta face que expõe a importância da liberdade dos cidadãos e dos conflitos para uma república que se pretende ser grandiosa.
Maquiavel propõe que a república romana seria a melhor forma de governo pois junta as 3 originais formas de governo, essencialmente boas, –monarquia, aristocracia, e a democracia- em um só. A monarquia sendo representada pelos cônsules, a aristocracia pelo senado, e a democracia pelos tribunos do povo. De maneira que apesar dos conflitos entre as classes existirem eles não tomariam proporções perigosas pois as classes tinham seus interesses representados na instituição política vigente. Desta forma ocorreu um equilíbrio entre os poderes que naturalmente estão em conflito (Maquiavel. Pp. 24-27).
A valorização do conflito no Maquiavel dos Discorsi ocorre, pois, o autor defende a importância do conflito como maneira de manter o povo engajado politicamente com o interesse de lutar pela sua liberdade. O autor chega a defender a existência de instituições que proporcionem naturalmente conflitos na cidade como acontece com as denúncias públicas ou os Tribunatos da plebe (Abreu. Pp. 70-72). Porque o povo por ter o medo continuo de ser dominado acaba por julgar melhor do que os aristocratas em assuntos que podem botar em risco sua liberdade, depositando sua força em mecanismos institucionalizados pelo estado (McCormirck. 2011. P.7).
Porém o autor de Florença não julga serem todos os conflitos ferramentas da construção da cidadania. Os conflitos que não estão relacionados com as instituições estatais são negativos na medida em que não se tornam discussões públicas, impedindo assim que hajam discussões entre as classes conflituosas. Consequentemente as desordens acabam terminado por favorecer os interesses não da população geral, mas de somente uma das partes envolvidas (Abreu. Pp. 75-76).
Pela liberdade em Maquiavel ser ligada com a ausência da corrupção, pode se entender melhor o seu apoio em instituições que possibilitem a denúncia de corruptos. A liberdade do povo dessa maneira está relacionada com a grandeza da republica, já que, denunciando os que defendem mais o bem particular do que o público, restam os governantes que se preocupam com o bem geral da república. Logo a existência continua das instituições estatais que proporcionem a liberdade são as ferramentas essenciais para a manutenção e expansão da república (Abreu. Pp. 82-84).
Essa questão de a liberdade dos cidadãos evitarem a corrupção deve ser revista pois o Brazil é um país, onde existem instituições em que o povo pode denunciar os corruptos. Mas a descrença geral com as instituições políticas está fazendo a população buscar novas maneiras de mostrar sua insatisfação com o governo, fora da esfera institucional, como por exemplo as manifestações. Atualmente as instituições não são a única maneira de se debater um assunto e ouvir as opiniões de todos. Porém talvez quem falhou no caso do nosso país foram as instituições políticas que falharam em solucionar os conflitos gerados, construindo leis ou medidas que arrefeçam os ânimos gerais e garantam o bem-estar da população.
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