PERDAS E E GANHOS NA VELHICE
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FACULDADE DE TEOLOGIA INTEGRADA
JOSÉ EDSON BATISTA LOPES
PERDAS E GANHOS DA VELHICE
CARPINA (2014)
FACULDADE DE TEOLOGIA INTEGRADA
PERDAS E GANHOS DA VELHICE
Produção Teórica articulada à prática do Estágio realizado pela aluno José Edson Batista Lopes do 7º período do Curso de Direito, sob a orientação da Mestre Lucy de Holanda C.R.P: 02/ , para submeter à apreciação da conclusão da disciplina de metodologia cientifica, ministrada pelo Professor Gerson.
INTRODUÇÃO
A escolha do tema não foi por acaso, veio de experiências vividas. Toda a minha família é constituída por pessoas idosas, pessoas essas que não se deixam limitar-se muitas vezes pela idade. O desafio maior foi explorar esse assunto que faz parte de qualquer ser vivo, e muitas vezes não tem o seu devido valor.
A passagem de uma fase da vida para outra traz inúmeras transformações na vida de qualquer ser humano, em cada etapa trás os seus ganhos e perdas, com a velhice não é diferente, muitas vezes caracterizada por ser um período muito mais de perdas. O que gera a diferença é a maneira como cada um desenvolve-se na vida, apoio da família e muitas vezes em que meio social a pessoa está inserida (Neri, 2000).
Na nossa cultura somos ensinados a desejar a longevidade, a beleza sempre com esperança que esses desejos virem eternos e consequentemente afastar a velhice, que está associada a decadência, a feiúra e a morte. Na nossa sociedade moderna, o corpo tem sido o principal objeto de investimento narcísico, corpo este quem vem sendo preparado com muito cuidado à custa de muita dieta e ginástica, cirurgia, esse corpo sem dúvida é o passaporte para a felicidade, e no meio de tanto esforço não há lugar para o declínio orgânico inevitável orgânico com a chegada da velhice. Por esse assunto nos remete ao que queremos adiar ao máximo a morte, temos a fantasia que só iram envelhecer é os outros.
Em toda etapa do ciclo vital da existência humana, em suas diferentes fases há ganhos e perdas, na velhice é importante reforçar que as perdas são mais frequentes e delicadas O velho tem que passar por situações de aprendizagem, muitas vezes imposta pela situação social e física em que vive, tem que aprender a ajustar a sua vida a perda do vigor físico, a redução salarial e a falta de controle do que lhe restou. Obriga-se a lidar com a ausência dos seus familiares, a estabelecer relações sociais com pessoas da mesma idade. Além disso, necessita ajusta-se a u novo comportamento sexual (Beauvoir, 1976).
Ressalta Anita (2000) a perda da identidade, baixa autoestima, diminuição das atividades físicas e até a completa inatividade por problemas de saúde ou por falta de oportunidade de realizar pequenos exercícios físicos, aposentadoria muitas vezes nem eles tem o controle dessa aposentadoria, o número é muito maior de perdas de parentes e amigos, a certeza da sua própria finitude e a aproximação da morte, diferente de muitas etapas onde o forte sentimento de onipotência e a fantasia da imortalidade.
Através dessas perdas percebemos como grande é a dificuldade da velhice em lidar com elas, e ao mesmo tempo surgi a resistência a novas situações. Não é à toa que depressão é uma forte característica dessa fase da vida, o fato de ser excluído socialmente traz a sensação de não ser mais um sujeito com direitos e desejos, esses fatos levam o velho a viverem no passado, como assim amenizassem a angústia que sentem com a realidade. E isso pode forma uma barreira entre os idosos e o mundo externo que favorece a modificação do eu, e consequentemente da identidade, da liberdade de escolha, levando a uma ruptura de papéis anteriormente vividos no meio social Goldfarb ( 1995, p.210) diz que “ A velhice é a fase da vida que a perda adquire maior magnitude, se perde a beleza física padronizadas pelo modelos atuais, a saúde plena, o trabalho, os colegas de tantos anos, os amigos, o bem estar econômico, e fundamentalmente, a extensão infinita do futuro”.
A pessoa idosa só poderá perceber o valor de suas informações e experiências, seja elas do ponto emocional, afetivo e psíquico se seu ambiente social demonstrar interesse por elas, se esse velho é bem acolhido, e com isso poderão afirmar sua própria identidade, tendo a chance de se sentirem como membros atuantes da sociedade em que vivem. De acordo com Neri (2000. P. 76), “O esforço do idoso para manter os mesmos níveis de atividade de estágios anteriores contribui de forma importante para o envelhecimento bem sucedido.” Consequentemente o velho poderá ter um autoconceito positivo, substituindo os papeis sociais perdidos nesse processo de envelhecer por novos papeis, onde possa encontrar bem-estar e satisfação nessa etapa da vida.
A psicologia do envelhecimento focaliza as mudanças desta etapa da vida nas áreas cognitivas, afetiva e social, como também as alterações de ordem motivacional, de interesses, atitudes e valores. Tem ênfase ainda nas diferenças intra-individuiais e interindividuais que caracterizam os diferentes processos psicológicos da velhice. O estudo da senectude também é beneficiado por outras várias especializações como a neurologia, a psiquiatria e a gerontologia. Diante dessas variadas colaborações, percebe-se que as mudanças biológicas que ocorrem durante o transcurso da vida, em suas diferentes etapas tem influência no campo psicológico do indivíduo. As mudanças físicas resultantes do processo do envelhecimento d organismo, também trazem consigo, o que irá definir o grau de ajustamento de cada idoso.
Diante de tantas reflexões sobre a velhice e até por saber que em qualquer atendimento de ordem psicológica o idoso sempre será um assunto presente, seja por histórias de vidas dos paciente, seus medos e pelo nosso país ser um país de velhos, veio o desejo de aprofundar mais nessa fase da vida. Para atingir esses questionamentos, será necessário um aprofundamento dessa temática referida. Esses subsídios serão adquiridos com os objetivos específicos do trabalho: O que é velhice? Qual foi a visão da velhice ao longo do tempo? Quais as perdas e ganhos da velhice? Quais as formas de intervenção do psicólogo de base analítica?
Diante de toda a pesquisa feita, o presente trabalho consta de dois capítulos, onde o primeiro traz todo o histórico da velhice, todas as modificações que ocorrem nesse período como biológicas, culturais e psicológicas que caracterizam tal fase. Traz também as perdas e ganhos e algumas intervenções psicológicas. O segundo dediquei só aos pressupostos da psicanálise e tudo como essa fase é afeta psicologicamente.
CAPÍTULO 1
1 - BREVE HISTORICO SOBRE A VELHICE
A velhice sempre tem acompanhado a humanidade como uma etapa inevitável de decadência, declinação e antecessora da morte. A palavra velhice é carregada de significados como inquietude, fragilidade, angústia. O envelhecimento é um processo que está rodeado de muitas concepções falsas, temores, crenças e mitos. A imagem que se tem da velhice mediante diversas fontes históricas, varia de cultura em cultura, de tempo em tempo e de lugar em lugar. Esta imagem reafirma que não existe uma concepção única ou definitiva da velhice, mas sim concepções incertas, opostas e variadas através da história (Beauvoir, 1990).
Segundo o autor o estudo da visão que a sociedade tem das pessoas velhas remonta aos tempos dos Babilônios, Hebreus e da Grécia Antiga. O velho tinha mais condições de subsistir nas sociedades ricas do que nas pobres, nas sedentárias mais do que nas nômades, sendo que, no que diz respeito às sedentárias colocava-se apenas um problema de sustento; já no que se refere às nômades, além deste problema, havia ainda outro, de mais difícil resolução, ou seja, o transporte. Mesmo que gozassem de certa abastança, esta não era conseguida senão graças aos seus deslocamentos constantes. Dessa maneira, quando os idosos não conseguiam acompanhar os demais, eram abandonados.
Nas sociedades agrícolas, a mesma relativa abundância seria suficiente para alimentá-los. Entretanto, a situação econômica não era, absolutamente determinante: em geral, tratava-se de uma opção que a sociedade fazia, e que poderia ser influenciada por diferentes circunstâncias; porém, naquelas mais pobres, por exemplo, não era a idade em si, mas sim, a capacidade produtiva, o fator decisivo do destino do idoso. Entretanto, em outras sociedades também pobres eles eram respeitados. Pode-se supor que, nas sociedades desfavorecidas, a magia e a religião intervinham em favor dos velhos, contudo isso não era uma regra em absoluto. Devido ao fato de se preocupar essencialmente com a sobrevivência, não desenvolviam quase nenhuma cultura religiosa. Os velhos até recebiam respeito, mas a velhice não lhes conferia nenhum poder mágico (Beauvoir, 1990.).
Em algumas sociedades caracterizadas como equilibradas e prósperas, o fato do indivíduo envelhecer não demandava nenhuma diferença de tratamento, nem mais prestígio ou desprezo e, em outras, além da riqueza, um desenvolvimento cultural mais significativo, os conhecimentos dos idosos eram valorizados, oportunizando uma situação de vida mais adequada. No entanto, algumas sociedade agrícolas, mesmo dispondo de recursos, permitiam que idosos morressem de fome, encarando este fato de forma indiferente.
Nas sociedades primitivas a noção de velhice era relativa e imprecisa, uma vez que existiam variações em função de momentos e realidades históricas de cada sociedade, bem como das diferentes situações sociais que cada uma apresentava: um indivíduo podia ser considerado idoso aos 30, 40 ou 60 anos de idade, dependendo da sociedade em que vivia, demonstrando assim, o significado social da velhice, e que não convêm a ideia romântica de que num passado impreciso todos os idosos eram respeitados por sua sabedoria. Isso foi verdade em apenas algumas sociedades. Em muitas delas eles desfrutaram de prestígio e conforto, enquanto que em outras levaram uma vida miserável. Contudo, fica claro que seu destino sempre foi decidido pela coletividade, conforme os interesses desta sociedade. (Beauvoir, 1990).
É imprescindível dizer que até o século XIX, nunca se fez menção aos “velhos pobres”, estes eram pouco numerosos e a longevidade só era possível nas classes privilegiadas. Os idosos pobres não representavam rigorosamente nada, e a condição de vida dos que sobreviviam era bastante difícil, haja vista passarem a depender da caridade pública, que nem sempre correspondia à demanda existente. Beauvoir (1990) afirma que entre os primitivos, os que chegavam aos 65 anos eram raros, uma vez que seu número raramente ultrapassava 3% da população. A classe dominante tratava com indiferença esse segmento, chegando a empreender poucos esforços para socorrer os velhos pobres, nessa época, mas a partir do século XIX, esses velhos tornaram-se numerosos, e ela não pôde ignorá-los mais.
Gusmão (2003) Afirma que para justificar sua selvagem indiferença, foi obrigada a desvalorizá-los. Mais do que o conflito das gerações foi a luta de classes que deu à noção de velhice sua ambivalência. À falta de melhor explicação, uma longa e bem sucedida velhice eram atribuídas ao destino, à virtude, à posse de conhecimentos secretos e ao sobrenatural. O mais comum era a velhice ser vivida em meio à fragilidade, ao afastamento e a doenças, que a transformavam numa experiência temida pela maioria das pessoas. Com a chegada do capitalismo, na Inglaterra no século XIX, com a Revolução Industrial, teve início a distinção entre indivíduos produtores ou consumidores, ativos ou inativos, aumentando mais ainda o processo de desigualdade, do ponto de vista econômico .Dessa maneira, a situação dos idosos tornou-se ainda mais difícil, assemelhando-se, muitas vezes, ao destino, dividido por um grande número de idosos nas sociedades primitivas, que foram abandonados, negligenciados e até mesmo assassinados clandestinamente.
Nas sociedades contemporâneas, em especial nas primeiras décadas do século XX, a questão da velhice teve realce, principalmente pelos aspectos negativos que apresentava. Na medida em que a força física e a capacidade de produção se constituíam como requisito fundamental do homem, a importância dos idosos e as funções a eles destinadas reduziam-se drasticamente. A sociedade moderna reforçou a imagem do idoso como um ser improdutivo e decadente. Outra característica marcante da nossa sociedade é o tempo, estabelecendo uma classificação cultural dividindo as diferentes faixas etárias, em função, principalmente, das leis que determinam os direitos e os deveres do cidadão. Ao estabelecer o tempo cronológico, demarcou-se a padronização da infância, da adolescência, da maturidade e da velhice, inaugurando uma nova ordem.
O trabalho passou a ser o ponto central da vida do homem, vindo daí uma supervalorização do indivíduo inserido no processo produtivo “No âmbito da ciência, quer sejam as ciências naturais ou mesmo as sociais, que se desenvolveram no século XX, não havia lugar para a consideração da velhice como outra coisa senão um período de doenças, perdas e negação do desenvolvimento. Levando-se em conta o fato do arcabouço teórico das disciplinas comportamentais repousarem sobre essa noção, que se reflete nas teorias clássicas sobre o desenvolvimento humano. Durante mais de meio século, elas só contemplaram a infância e a adolescência e negaram à velhice possibilidade de crescimento” (GUSMÃO, 2003. P. 7).
No Brasil, o marco inicial da construção da categoria social velhice remonta ao ano de 1890, quando foi fundado no Rio de Janeiro o Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada, e ao ano de 1909, quando surgiu, nessa mesma instituição, um pavilhão para velhos não-desamparados.
1.1. EM BUSCA DE UM CONCEITO: VELHO, IDOSO OU TECEIRA IDADE?
Na França, no século XVIII os indivíduos que não possuíam status social eram tratados como velho (vieux) ou velhote (vieillard), enquanto os que o possuíam eram designados como idosos (personne âgée). Entretanto, o termo velhote não possuía uma conotação tão pejorativa, pois ele também era empregado para os velhos abastados, cuja imagem estava associada a “bom cidadão” e “bom pai”. Já o termo “velho”, até o final do século XIX esteve associado à decadência e incapacidade para o trabalho, no entanto, quando se começou a distinguir os velhos dos mendigos internados nos “depósitos de velhos” e nos asilos públicos, a velhice passou a receber um tratamento social.
Dessa maneira, a partir dos anos 1960, há uma transformação nos termos de tratamento, tendo em vista o prestígio alcançado pelos aposentados, ao receberem aumento em suas pensões, através da adoção de uma nova política social. Retomou-se então o termo “idoso”, entendendo que este era menos estereotipado; no entanto, houve críticas por parte de alguns especialistas do tema, pois vislumbraram uma certa ambigüidade no termo, que serviria para caracterizar tanto a população envelhecida em geral, quanto os indivíduos originários das camadas sociais mais favorecidas. (Peixoto, 1998).
A política de integração da velhice introduzida na França, a partir de 1962, almejava modificações político administrativas, assim como à transformação da imagem das pessoas envelhecidas. Criou-se, então, um novo vocábulo para designar mais respeitosamente a representação dos jovens aposentados – surge a “terceira idade”. Esse termo seria sinônimo de envelhecimento ativo e independente, convertendo-se em uma nova etapa da vida. Desse modo a expressão “terceira idade” não é um simples substituto do termo “velhice”, uma vez que o trabalho de classificação é indissociavelmente um exercício de eufemização, tendo como objetivo tornar como nominável, ou seja, público, tudo o que até o momento foi rejeitado e não pôde se exprimir. (Peixoto, 1998).
No Brasil, até 1960, o termo empregado de maneira geral era sobretudo
“velho”, porém, não possuía um caráter especificamente pejorativo, como o “vieux” ou o“vieillard” francês. No final dessa década, a adoção da categoria idoso invade todos os domínios e passa-se a compreender que o termo até então usado – “velho” – é sinônimo de decadência. A etimologia da palavra “idoso” vem de “idade + oso”, sendo que ela sempre se relaciona objetivamente com o tempo em anos, meses e dias, decorridos a contar de uma data inicial determinada ou determinável. Idoso, em relação ao ser humano, tem esse significado, a partir do nascimento. (Peixoto, 1998)
O termo idoso parece menos estigmatizante, considera a pessoa como um todo, em sua dimensão histórica, com necessidades físicas, sociais, psicológicas, mentais, econômicas, políticas, religiosas, buscando sempre a sua auto-satisfação e o seu desenvolvimento mais pleno. “Terceira idade” é uma expressão que recentemente, popularizou-se com muita rapidez no vocabulário brasileiro, que mais do que referência a uma idade cronológica é uma forma de tratamento das pessoas de mais idade, que ainda não adquiriu conotação depreciativa. Idoso simboliza, sobretudo as pessoas mais velhas, “os velhos respeitados”, enquanto terceira idade designa principalmente os “jovens velhos”, os aposentados dinâmicos (Peixoto , 1998, p. 81, destaque do autor).
1.2. VELHICE E ENVELHECIMENTO
“Definir uma categoria denominada velhice, que engloba as características em comum de todos os velhos em todas as épocas e culturas, é uma empreitada vazia de sentido, tendo em vista que ser velho não é uma condição natural e já dada, mas um processo construído social e culturalmente. E isso também engloba categorias como infância, adolescência e adultez.” (GUSMÃO, 2003, pag.36).
Ainda que seja difícil definir a velhice, já que ela assume uma multiplicidade de aspectos; podemos entendê-la como fato universal, quando olhada como parte do processo de desenvolvimento humano, mas também um fato individual, onde as características internas e a influência do meio são determinantes no processo de envelhecer. “Não existe uma velhice, mas maneiras singulares de envelhecer. Cada velhice é conseqüência de uma história de vida que, à medida que o tempo passa, vai acrescentando processos de desenvolvimento individual e da socialização junto ao grupo em que se insere: internalizando normas, regras, valores, cultura” (GUSMÃO,2003, pag.18 grifo do autor).
Dessa maneira, a velhice como o resultado de um conjunto de fatores dinâmicos, em constante movimento, em permanente mudança, que só pode ser visto dentro de um contexto histórico e cultural, dependendo ainda de fatores psicológicos, genéticos, emocionais e sociais. Contudo, é possível compreender a realidade e a significação da velhice, mas para tanto é indispensável examinar o lugar que é destinado aos idosos, que representação se faz deles em diferentes tempos e em diferentes lugares (GUSMÃO,2003).
Carvalho (1998) afirma que a velhice é plural e que o envelhecimento deve ser considerado como um processo tipicamente individual, existencial e subjetivo, cujas consequências ocorrem de forma diversas em cada sujeito, ou seja, cada indivíduo tem um tempo próprio para se sentir velho ou idoso. A velhice como uma categoria social construída culturalmente e ainda, também, como um destino do indivíduo. A ideia de que ser velho é continuar lutando para ser homem e que a sua função é lembrar e aconselhar, lembrando-nos acerca da desvalorização do idoso na sociedade. Passou a ser uma condição social. Dessa maneira os idosos não são uma classe, nem tão só um mero segmento de uma população, no entanto o que é novo nessa questão é o fato de ter se tornado uma categoria social, já que idosos sempre existiram, ainda que em menor proporção.
Veras (2003) afirma que não é possível estabelecer conceitos gerais aceitáveis para o envelhecimento, no entanto, isso não impede de refletir sobre o que significa ser velho em nossa cultura, sem dúvida, levar em conta a análise do mundo econômico, do trabalho, das ideias de produtividade e improdutividade e como esses mesmos elementos são simbolicamente constituídos para os sujeitos – velhos, jovens e adultos, homens, mulheres, classes sociais. Na nossa sociedade, ser velho significa, na maioria das vezes, estar excluído de vários lugares sociais. Estar aleijado do mundo quase que inteiramente define o “ser velho”. Esse aleijamento espalha-se, criando barreiras impeditivas de participação do idoso nas outras tantas e diversas dimensões da vida social.
“Olhar devagar e profundamente as realidades de pessoas, grupos e sociedade, para observar-lhes as diferenças e assim, descobrir-lhes as propriedades. Crianças e velhos são sujeitos de vivências individuais e coletivas que configuram as possibilidades de um patrimônio cultural e social, a um só tempo, particular e universal. São eles, também que evidenciam a natureza das sociedades modernas altamente estratificadas e classificadoras de coisas, de pessoas e de tudo o mais com que se defronte! (GUSMÃO, 2003, p. 26 - 27). Nessa perspectiva, não há a negação do ciclo biológico da vida (nascimento, crescimento e morte), mas o respeito à maneira como cada momento desse ciclo é vivenciado simbolicamente nas diversas culturas e sociedades, pois entendemos a idade como tudo aquilo que levamos conosco, que herdamos ao nascer e que vamos criando enquanto vivemos, a partir do que o mundo nos diz e tal como se nos apresenta.
“O velho e a velhice são concomitantemente referidos a um período cronológico e temporal e constituem uma adjetivação em si mesmos. Desse modo, ressalta-se algo de suma importância, ser velho não é só estar numa fase da vida, mas representa uma propriedade, alguma coisa que se qualifica em si mesma e que, por esta razão, sofreu um processo de desqualificação no interior da modernidade” (GUSMÃO, 2003, p. 28). Assim é o sentido que os homens conferem à sua existência, é seu sistema global que define o sentido e o valor da velhice, través da maneira pela qual uma sociedade se comporta com seus idosos, ela revela-se sem equívoco a verdade muitas vezes cuidadosamente mascarada – de seus princípios e de seus fins.
O envelhecimento biológico é o que indica o tempo que resta de vida para um indivíduo, está vinculado à idade funcional que é definida em termos do grau de conservação do nível da capacidade adaptativa em comparação com a idade cronológica, que é a velhice, ou seja, a última fase do ciclo vital que é delimitada por eventos de múltipla natureza, incluindo perdas psicomotoras, afastamento social, restrição em papéis sociais. Como envelhecimento psicológico, a relação existente entre a idade cronológica e as capacidades, tais como: percepção, aprendizagem e memória. É também o senso subjetivo da idade, a relação com as mudanças biológicas, sociais e psicológicas em comparação com outras pessoas de sua idade. Neste contexto o envelhecimento é o processo de mudanças universais pautados geneticamente para a espécie e para cada indivíduo, que se traduz em diminuição da plasticidade comportamental, em aumento da vulnerabilidade, em acumulação de perdas evolutivas e o aumento da probabilidade de morte.
Por sua vez, o envelhecimento social é o que demarca as idades ou épocas certas para o desempenho de tarefas. “É o processo de mudanças em papéis e comportamentos que é típico dos anos mais tardios da vida adulta e diz respeito à adequação dos papéis e dos comportamentos dos idosos ao que é normalmente esperado” (BOBBIO, 1997. P 27).
São chamados idosos, as pessoas com mais de 60 anos nos países em desenvolvimento e de mais de 65 anos, nos países desenvolvidos. As questões de gênero, classe social, saúde, educação, fatores de personalidade, história passada e contexto sócio histórico são importantes elementos que se misturam com a idade cronológica para determinar diferenças entre os idosos. O envelhecimento é assim, um processo permeado por falsas concepções e preconceitos e mitos, a saber: a diminuição da inteligência com o avançar da idade, impotência do idoso para a aprendizagem, a convivência exclusiva com pessoas da mesma faixa etária, a manutenção do aposentado pelo governo, dentre outros; juntamente com os preconceitos e mitos associados ao envelhecer, os estigmas se constituem em um dos participantes do conjunto de representações formado e atribuído a esse envelhecer, os quais exercem papel significativo na configuração da velhice como algo negativo. Esse processo associa outras conotações à velhice, como o idoso “gagá”, “caduco” e esclerosado, entretanto, não podemos ignorar a existência, nos próprios idosos, de um comportamento de auto rejeição do processo e de todas as situações e circunstâncias decorrentes do envelhecimento. A velhice se apresenta hoje como um fenômeno social criado pelos homens, ao contrário do envelhecimento, que é inerente a todos os seres vivos (BOBBIO, 1997).
1.3. A VELHICE NA CONTEPORANEIDADE
O envelhecimento populacional é um fenômeno recente na história da humanidade, sendo acompanhado de significativas transformações demográficas, biológicas, sociais, econômicas e comportamentais (GUSMÃO, 2003). A questão da modernidade, ao sucatear as vidas humanas dos considerados outros em função do capital, expõe crianças e velhos a viverem antecipadamente suas próprias vidas: a criança que se faz adulto antes da hora e o adulto que precocemente envelhece e é, assim, negado pelo sistema.
Violência de uma sociedade ao estipular os limites de um e de outro, por meio de uma hierarquia etária, convencionada e ideologicamente produzida, que não vê o verdadeiro sentido de se ter uma idade, mais do que pertencer a uma idade (GUSMÃO, 2003, p. 27, grifo do autor).
Em demografia, entende-se por envelhecimento populacional o processo de crescimento da população considerada idosa em uma dimensão tal que, de forma sustentada, amplia-se a sua participação relativa no total da população. Um dos indicadores que melhor avaliam o envelhecimento demográfico é a razão entre a população idosa e a população jovem, ou seja, a proporção de pessoas de 60 anos ou mais por 100 pessoas de 0 a 14 anos (Lins de Barros, 2004).
Hoje a população brasileira é composta por cerca de 10% de idosos e a expectativa de vida ao nascer é igual a 68 anos e estima-se que em 2020 seremos a sexta população mundial de idosos (Indicadores e Dados Básicos para a Saúde/IBGE,2000).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) (2006) classifica o envelhecimento em quatro estágios:
• Meia-idade: 45 a 59 anos;
• Idoso(a): 60 a 74 anos;
• Ancião 75 a 90 anos;
• Velhice extrema: 90 anos em diante.
O Brasil tem um envelhecimento moderado avançado, pois as suas proporções de idosos estão entre 10% e por fim, há o envelhecimento avançado, De acordo com os estudos realizados pela Divisão de População da Organização das Nações Unidas (ONU) (2002) – foram preceituados quatro considerações básicas sobre a transição demográfica mundial com objetivos de subsidiar os países para debates e promoção de ações contemplativas às necessidades dos idosos. São elas:
1. O envelhecimento da população mundial ocorre sem precedentes na história, conforme já dissemos.
2. O envelhecimento populacional é um fenômeno geral e afeta a todos –homens, mulheres e crianças, sendo que a solidariedade e a intergeracionalidade devem ser a base das ações da sociedade civil e dos estados.
3. O envelhecimento é importante e tem conseqüências em todos os setores da vida humana, tais como econômico, saúde, previdência, lazer e cultura.
4. E, o envelhecimento populacional está se processando de forma gradual, contínuo e irreversível e transcorrerá acentuadamente no século XXI.
1.4. PERDAS E GANHOS
O aumento da população idosa é uma realidade com as quais muitos países têm se deparado e um deles é o Brasil. Novos desafios surgem para a sociedade e para os pesquisadores e planejadores de políticas sociais em decorrência do aumento da longevidade. É fundamental que esses profissionais se comprometam com projetos que busquem a geração de boas condições de vida para as pessoas dessa faixa etária. As capacidades e possibilidades de desenvolvimento e crescimento na velhice devem ser reconhecidas e estimuladas para que o indivíduo possa envelhecer de forma plena e bem-sucedida. Nas sociedades ocidentais, ainda prevalece a ideia de que a velhice é um período de doenças, de perdas e de solidão. O idoso pode ser percebido como um peso, fardo ou como um recurso pelo sistema familiar ao qual pertence, e até por ele mesmo. Entretanto, é importante que, além do reconhecimento dos possíveis riscos característicos dessa fase da vida, suas possibilidades de crescimento não sejam negligenciadas. Portanto, no processo de envelhecimento, como em outros momentos do ciclo evolutivo, adversidades podem estar presentes. O desafio encontra-se em manter e renovar a vida de maneira significativa e produtiva. Os idosos são desafiados a compensar possíveis perdas aprendendo novas possibilidades, reforçando e valorizando as áreas que se mantêm e as novas habilidades desenvolvidas (Neri, 2005).
Pesquisadores vêm deslocando a atenção, outrora dada à patologia, a uma posição mais positiva, que se dedica ao estudo dos recursos e das potencialidades existentes na velhice. Deste modo, as abordagens psicológicas atuais vêm salientando que o processo de envelhecimento não se compõe apenas de perdas e limitações, e que cabe aos terapeutas explorarem essas questões junto aos pacientes idosos e seus familiares. A autonomia adquirida pelos idosos, na sociedade atual, gera um novo campo de amizades e investimentos sociais que criam uma nova atmosfera e possibilidades de vivência da velhice. Entre estas novas possibilidades encontra-se o desenvolvimento de uma área de estudo e prática psicológica específica para esse momento do ciclo evolutivo, denominada psicogerontologia. O processo terapêutico nessa faixa etária possui características específicas, ainda pouco estudadas (Neri, 2005).
O processo de envelhecimento, é permeado por inúmeras transformações em nível biológico, psicológico e social. Por ser a última etapa do ciclo vital, a velhice traduz-se como um período no qual há perdas. No caso, perda do contato com os amigos, restrições em função da saúde e redução da jornada de trabalho. Quanto às relações interpessoais na velhice, pelo avanço dos anos de vida, o idoso pode experimentar um decréscimo no número de indivíduos que compõem sua rede social, devido a doenças e mortes de pessoas da mesma idade. Os idosos percebem que o seu tempo é curto e limitado e, por isso, investem em relações emocionais significativas. Trata-se, portanto, de um processo motivacional através do qual os idosos selecionam as relações de proximidade afetiva. Neri (2005) sugere que, apesar de serem menos numerosas em sua composição estrutural, funcionalmente as redes sociais de idosos são mais efetivas e eficazes na promoção de seu bem-estar.
No entanto, com frequência, tais perdas são maximizadas, resultando em práticas sociais discriminatórias contra o idoso e em um senso pessoal de que a vida não tem sentido. Sentimentos de rejeição, solidão, incapacidade, dentre outros, podem eventualmente levar o idoso a apresentar um quadro sintomático de depressão. Muitos são os riscos associados a essa doença que afeta prejudicialmente a qualidade de vida na velhice. Se, por um lado, há danos em aspectos do funcionamento físico, por outro, em nível pessoal, a depressão afeta a qualidade dos relacionamentos sociais e familiares e o bem-estar psicológico do idoso. Na velhice, a depressão é o principal fator psicológico associado ao suicídio. Ou seja, ela pode ainda constituir-se em um fator de risco para a própria vida dos idosos. (Neri, 2005).
Pesquisadores afirmam que eventos de vida estressantes indicaram que os que ocorrem com maior frequência na velhice são: a aposentadoria, a perda de familiares e amigos queridos e o aparecimento ou agravamento de doenças crônicas. Indica que os eventos estressores atuam nos idosos de forma mais negativa quando afetam os papéis sociais de cônjuge e de progenitor, por despertarem sentimentos de falta de controle no exercício desses papéis. Além disso, especificamente no caso das mulheres, os fatores que representam importantes condições de risco para a depressão são: a maior possibilidade de viuvez, o assumir papéis sociais relacionados ao cuidado, a maior exposição a doenças crônicas, incapacidade funcional, ônus familiar, pobreza e baixo nível educacional (Neri, 2005).
Diferentes funções são atribuídas à rede de suporte na adultez e na velhice. Algumas das principais relacionam-se: 1) à troca de apoio emocional e de ajuda material; 2) à manutenção e afirmação da identidade social; 3) ao estabelecimento de novas relações sociais; 4) ao reforço da crença das pessoas de que são cuidadas e amadas; e, 5) à possibilidade de criar oportunidades para que as pessoas desenvolvam estratégias de comparação de suas competências e realizações com as de outras pessoas (mecanismos de comparação social). Estas estratégias de comparação social ajudam na manutenção de uma autoimagem positiva, bem como da autoestima. Por essa razão, são muito importantes na velhice, principalmente quando é necessário que o idoso se adapte a perdas físicas e sociais (Neri, 2005).
Esta é uma etapa também caracterizada pela morte dos amigos.
Deparar-se com a perda de pessoas próximas e companheiras de vida leva o casal a se defrontar com a finitude da própria existência. A alteração de expectativas de vida e aceitação das suas limitações pode gerar um funcionamento no qual os cônjuges passam a depender mais um do outro. O casal tende a unir-se de modo que se eleve a dependência mútua. Isto pode ser em parte benéfico e em parte pode criar novos problemas (Neri, 2005).
Os aspectos referentes à noção de tempo apresentada pelos idosos. A ideia de "finitude" é lembrada sempre que um amigo falece ou quando se dão conta que muitas vezes não podem fazer o que faziam antes. Afirmaram que pacientes que buscam a terapia apresentando dificuldade de ajustamento a essa nova fase, uma reação de luto não-resolvida ou um distúrbio de estresse pós-traumático, podem beneficiar-se com uma psicoterapia. A reconstrução da história de vida do paciente pode ser um grande auxílio se o foco estiver na "descoberta" de recursos pessoais e na valorização do que foi construído ao longo da sua vida. Quando o idoso, seja em atendimento individual ou familiar, reconhece em si recursos que podem melhorar a situação do seu sistema familiar, aciona e conecta-se com os aspectos que permitem uma velhice em contato com aqueles que o amam.
1.5. VELHICE BEM SUCEDIDA
Hoje a velhice também pode ser caracterizada não só por suas duras perdas, mais podemos definir também como um conceito de velhice bem-sucedido ou ideal – que se contra põe com a antiga ideia de que o envelhecimento é resultante de um inevitável, intrínseco processo de perda e declínio – e assim representa a maior mudança de estudo em gerontologia, em resposta ao crescente número de pessoas ativas e saudáveis. Visto que esses fatores modificáveis têm um papel sobre o ritmo do envelhecimento, segue-se que, de acordo com a gerontologia, algumas pessoas podem envelhecer melhor que outras (Diane Papalia, 2009).
“Sobre o envelhecimento sadio identificou-se três componentes principais do envelhecimento bem sucedido: (1) anulação da doença ou de incapacidade relacionada à doença, (2) manutenção elevada das funções psicológicas e cognitivas e (3) engajamento sustentado e ativo em atividades sociais e produtivas, atividades pagas ou não, criadoras de um valor social. Os idosos bem-sucedidos tendem a ter um apoio social, quer emocional, quer material, o que colabora para a saúde mental, e enquanto ficam ativos e produtivos não se consideram velhos” (Diane Papalia, 2009.p.365).
Hoje em dia, os cientistas especialistas em envelhecimento se referem a três grupos de adultos mais velhos, o “idoso jovem”, o “idoso idoso” e o “idoso mais velho”. Cronologicamente, o idoso jovem são as pessoas entre 65 e 74 anos, que em geral estão ativas e vigorosas. O idoso idoso, pessoas entre 75 e 84 anos, e o idoso mais velho, pessoas de 85 anos em diante, que tem probabilidade de estarem frágeis e enfermas e apresentarem dificuldades em administrar as atividades diárias da vida.
A classificação mais significativa é por idade; a capacidade de uma pessoa interagir em um ambiente físico e social em comparação com outros da mesma idade cronológica. Uma pessoa de noventa anos que está com boa saúde pode ser funcionalmente mais jovem do que uma de 65 anos. Assim, podemos usar o termo idoso jovem para a maioria ativa e saudável dos adultos mais idosos e idosos mais velhos para a minoria frágil e enferma, apesar da idade cronológica. A idade cronológica não estar relacionada à idade subjetiva, a idade que a pessoa realmente sentem ter. “ A gerontologia que é o estudo do envelhecimento e seus processos, e da geriatria, o ramo da medicina preocupado com o envelhecimento, têm ressaltado a necessidade de serviços de apoio, principalmente para o idoso mais velho, muitos dos quais sobrevivem com poucas economias e não podem pagar por seu próprio cuidado” ( Diane Papalia, 2009.p. 370).
Todas as definições de envelhecimento bem sucedido ou ideal têm uma carga de valor, importante. Esses termos, podem muitas vezes estigmatizar, mais do que trazer benefícios, muitas vezes focando os idosos a buscar um padrão de vida, beleza entre outros, que as pessoas não desejam. O conceito de envelhecimento bem sucedido, não considera devidamente os fatores de coação que podem limitar as escolhas de um estilo de vida (Diane Papalia, 2009).
1.6. MUDANÇAS FÍSICAS
Algumas mudanças físicas estão comumente associadas ao envelhecimento, sendo óbvias para um observador casual. A pele mais velha tende a se tornar mais pálida, manchada e com menos elasticidade; como a gordura e os músculos encolhem, a pele fica enrugada. São comuns varizes nas pernas. O cabelo branco fica mais fino e o pêlo do corpo mais ralo (Diane Papalia, 2009).
Adultos mais idosos diminuem de tamanho em razão do atrofiamento dos discos entre as vértebras da espinha. Os ossos mais finos podem causar uma corcunda atrás do pescoço, especialmente em mulheres com osteoporose. Além disso, a composição química das alterações ósseas cria um risco maior de fraturas. Mudanças menos visíveis afetam os órgãos internos e o organismo em geral, o cérebro e o funcionamento sexual, moto e sensorial (Diane Papalia, 2009).
1.7. O SONO
Pessoas idosas tendem a dormir menos e sonhar menos do que antes.
Suas horas de sono profundo são mais curtas, e elas podem acordar mais facilmente em razão de problemas físicos ou exposição a luz. Entretanto, a suposição de que problemas de sono são normais no idoso pode ser perigoso; insônia, crônica ou não, pode ser um sintoma ou, quando não tratada, um princípio de depressão (Diane Papalia, 2009).
1.8. FUNCIONAMENTO SEXUAL
O fato mais importante para a manutenção do funcionamento sexual é a atividade sexual consistente ao longo dos anos. Um homem saudável que tem sido sexualmente ativo pode continuar tendo alguma forma de expressão sexual ativa em seus 70 ou 80 anos. Mulheres são fisiologicamente capazes de serem sexualmente ativas pelo tempo em que viverem; a principal barreira para terem uma vida sexualmente é provavelmente a falta de um parceiro (Diane Papalia, 2009).
O sexo na idade adulta avançada é diferente do que era antes.
Geralmente, os homens levam mais tempo para terem uma ereção e ejacularem, podem precisar de estimulo manual e podem vivenciar intervalos mais longo entre as ereções. A disfunção erétil podem aumentar mais em geral é tratável. O intumescimento dos seios nas mulheres e outros sinais de excitação sexual são menos intensos do que antes. A vagina pode se tornar menos flexível e necessitar de lubrificação artificial (Diane Papalia, 2009).
Ainda assim, a maior parte dos homens e mulheres mais idosos podem desfrutar de expressões sexuais. A atividade sexual pode ser mais satisfatória para pessoas mais idosas quando elas reconhecem que é uma atividade normal e saudável. Familiares e cuidadores devem considerar as necessidades sexuais das pessoas idosas (Diane Papalia, 2009).
1.9. TRABALHO E APOSETADORIA
A ideia de se aposentar é relativamente nova; ela afirmou em muitos países industrializados no final do século XIX e no início do século XX, à medida que a expectativa de vida aumentava. Nos Estados Unidos, foi a depressão dos anos 1930 que impulsionou a criação do sistema de seguridade social, o qual, em parceria com planos de aposentadoria patrocinados pó empresas e negociados pelos sindicatos, permitiu que muitos trabalhadores idosos se aposentassem com segurança financeira. Posteriormente, a aposentadoria obrigatória aos 65 anos tornou-se quase universal.
1.10. QUALIDADE DE VIDA NA VELHICE
É importante enfatizar que, ao contrário do que muita gente pensa, velhice não está associada a má qualidade de vida. O processo de envelhecimento é bastante heterogêneo e pode levar a duas situações-limite: uma com qualidade de vida muito ruim e outra com excelente qualidade de vida. Entre esses dois extremos, existem inúmeras situações intermediárias.
Entender os motivos de sensações e posturas tão díspares é fundamental, se o objetivo for o de propor condutas e políticas que favoreçam um caminho feliz para a velhice, para que seja uma etapa da vida repleta de significado (Paschoal, 1996).
Em nossa sociedade, existe um desejo contraditório que se constata desde cedo e é explicitado fortemente pelos jovens e adultos-jovens: o de viver cada vez mais. A longevidade é intensamente desejada pela maioria dos indivíduos, desde que sob certas condições: a primeira é a de não ficar dependente, o que é bastante compreensível, e a segunda, a de não ficar velho. Como se isso fosse possível! Não é possível envelhecer, sem ficar velho. Pelo menos no estágio atual do desenvolvimento tecnológico e científico da humanidade. E aqui está a contradição, reforçada pela associação frequente entre velhice e experiências negativas. A maioria dos indivíduos deseja viver cada vez mais, porém a experiência do envelhecimento (a própria e a dos outros) está trazendo angústias e decepções, pelo menos em nosso país. Essa visão negativa do final da existência pode levar ao “medo de envelhecer” e ao “desejo da eterna juventude” (Paschoal, 1996).
Viver cada vez mais tem implicações importantes para a qualidade de vida. A longevidade pode ser um problema, com consequências sérias nas diferentes dimensões da vida humana, física, psíquica e social. Esses anos vividos a mais podem ser anos de sofrimento para os indivíduos e suas famílias, anos marcados por doenças, declínio funcional, aumento da dependência, perda da autonomia, isolamento social e depressão. No entanto, se os indivíduos envelhecerem mantendo-se autônomos e independentes, com participação na sociedade, cumprindo papéis sociais significativos, com elevada autoestima e encontrando um sentido para suas vidas, a sobrevida aumentada poderá ser plena de significado (Paschoal, 1996).
A expectativa de vida está aumentando em todo o mundo. O desenvolvimento sócio-econômico-cultural e a tecnologia conseguiram aumentar a sobrevida da espécie humana. Com isto, um número cada vez maior de indivíduos passa a sobreviver até 70, 80, 90 anos. Hoje, cem anos é uma idade possível (Paschoal, 1996).
Podemos afirmar que o envelhecimento populacional (aumento da proporção de idosos numa população) é um triunfo. Ele é resultado do desenvolvimento das sociedades, prova cabal das vitórias do ser humano sobre os percalços e adversidades da Natureza, até mesmo um atestado de competência para muitas políticas e programas. O paradoxo é que esse envelhecimento populacional costuma ser visto como um problema pela maioria dos governantes, políticos, planejadores. É triunfo, mas é problema, ou, é triunfo e problema. O motivo de tal situação paradoxal é que ele pode ter uma contrapartida de fracasso, um gosto amargo no final, pois os anos ganhos a mais na sobrevida podem significar anos de sofrimento e infelicidade, um tempo de perdas, incapacidades e dependência (Paschoal, 1996).
Assim, as pessoas desejam viver cada vez mais, desde que essa sobrevida aumentada lhes proporcione uma vida com boa qualidade. É verdade que, em nosso país, os idosos são pessoas com possibilidades menores de uma vida digna, dada não apenas a imagem social da velhice, vista como época de perdas, incapacidades, decrepitude, impotência, dependência, mas, também, pela situação objetiva de aposentadoria insuficiente, analfabetismo, oportunidades negadas, desqualificação tecnológica, exclusão social. Pelo menos da maioria. Mesmo em condições tão adversas, encontramos idosos que se sentem felizes, que se dizem contentes com suas vidas (Paschoal, 1996).
1.11. PSICOTERAPIAS PARA IDOSOS E SUAS POSSIBILIDADES.
A aplicação da psicoterapia para idosos começou com muito ceticismo, Sigmund Freud acreditava que o tratamento psicológico de indivíduos com mais de 50 anos não era efetivo (Freud, 1904/1959). Para substanciar essa sua visão, ele alegou que os idosos tem limitações no funcionário no funcionamento cognitivo ou do ego, que a análise deveria lidar com um tempo de vida relativamente maior e, assim, seria indefinida, e que a análise ocorreria em uma época em que a saúde psicológica não seria mais essencial. Embora Abraham (1919/1927) tenha sido o primeiro psicanalista a reconhecer e a transmitir otimismo com relação ao tratamento psicológico de idosos, as visões de Freud dominavam o pensamento clinico daquela época (Guite Zimerman, 2000).
Apenas recentemente as sociedades ocidentais começaram a identificar o preconceito de idade como uma fonte de preconceito real e de práticas discriminatórias. Superficialmente, isso é uma surpresa, pois o envelhecimento é universal. Defesas psicológicas baseadas em negação podem ter a função de separar o self de um conceito idealizado não realista dos idosos, na tentativa de evitar as realidades do próprio envelhecimento (Gabbard, 2007 e colaboradores).
Existe inúmeros estereótipos com relação aos idosos, que podem afetar a atitude e o comportamento do psicoterapeuta de forma negativa. Notadamente, segundo tais estereótipos, os idosos são: (1) um grupo homogêneo; (2) geralmente sós e solitários; (3) doentes frágeis e dependentes de outras pessoas; (4) vivem em moradias segregadas para idosos ou clínica de repouso; (5) costumam ter limitações cognitivas; (6) costumam ser depressivos; (7) difíceis e rígidos; e (8) não lidam bem com o declínio físico associado ao envelhecimento. Os estereótipos exageradamente idealizados de idosos também podem ajudar a minimizar os desafios do envelhecimento (“velho é aquele que se sente velho”, por exemplo). Pelo contrário, os idosos são um grupo heterogêneo de pessoas, que, de um modo geral, mantém contato íntimo com a família, vivem de maneira independente e se adaptam bem aos desafios do envelhecimento. Geralmente, as personalidades dos idosos permanecem consistentes ao longo da vida, com uma quantidade proporcionalmente pequena sofrendo de problemas importantes de saúde mental. Embora possa haver um certo declínio em habilidades intelectuais, a debilidade não é suficiente para causar problemas na vida cotidiana (Gabbard, 2007 e colaboradores).
Uma ampla variedade de tratamento é oferecida sob a rubrica da terapia psicanalítica/dinâmica, incluindo abordagens orientadas para o insight e de apoio. Muitas delas se interessam por causas históricas e de padrão mais amplos de comportamento atual, pela restauração de defesas saudáveis e da autopercepção positiva e pela investigação do relacionamento entre o paciente e o terapeuta. Esse tratamento costuma ser menos diretivo e busca ajudar a identificar e resolver questões pendentes de estágios anteriores do desenvolvimento, BM como explorar o seu impacto no funcionamento atual. (Gabbard, 2007 e colaboradores).
Do ponto de vista psicodinâmico, existem certas transferências e tarefas evolutivas singulares a serem abordadas na terapia com idosos. Entre esses temas adequados à idade, estão o luto por perdas, o medo de doenças físicas, deficiências e morte (Gabbard, 2007 e colaboradores).
A psicoterapia é um método para lidar com vários fatores de dificuldade da existência humana, seja de manifestação sintomática (anorexia, fobias, depressão, ansiedade, síndrome do pânico, etc.), crises de diversas ordens como: crises pessoais, crises de relacionamento, familiares, conflitos conjugais, profissionais entre outros. Assim sendo a psicoterapia um lugar favorável ao crescimento pessoal, levando o ser humano a ter mais contato com o seu eu, mantendo um questionamento interno aumentando o seu crescimento, e quem sabe levando a desconstrução do óbvio. Cordioli define psicoterapia como “É um método de tratamento para problemas de natureza emocional, no qual uma pessoa treinada, mediante a utilização de meios psicológicos, estabelece deliberadamente uma relação profissional com a pessoa que busca ajuda, visando remover ou modificar sintomas existentes, retardar seu aparecimento, corrigir padrão disfuncionais de relações interpessoais, bom como promover o crescimento da personalidade”. ( 1998, p. 19).
Há alguns tipos de psicoterapia, e se aplicam devido as necessidades ali apresenta como derivações de conflitos e suas configurações. Os principais tipos são: Psicoterapia individual (crianças, adolescentes, adultos e idosos), psicoterapia de grupo, psicoterapia para casal, psicoterapia de família.
Sobre psicoterapia individual – as sessões ocorrem num espaço de associação livre de ideias, o terapeuta vai ajudando o paciente para olhar os seus problemas e de outro vértice de observação, vai levantando outras questões que ainda não tinha sido descortinadas pelo paciente, vai estabelecendo ligações entre acontecimento atuais e vivencias passadas, dos quais muitas vezes o paciente não tem consciência, confrontar com aspectos da realidade para os quais não está dita, tudo isso no espaço de confiança. Sem dúvida a psicoterapia individual é uma construção progressiva, sendo entendida como um processo de crescimento e desenvolvimento pessoal mesmo para idosos, que possivelmente pode resultar num maior grau de liberdade no funcionamento global. As indicações para psicoterapia é para perturbações ansiosas ou defensivas, conflitos laborais e dificuldade na adaptação à vida social, conflitos familiares, problemas na relação de casal, lutos, fobias, inseguranças, baixa autoestima, timidez excessiva, dificuldades de interação em grupos sociais, dificuldade na sexualidade (Cordioli, 1998).
Nessa etapa da vida, a psicoterapia individual torna-se, muitas vezes, fundamental. A cada dia se conhecem melhor os benefícios do tratamento psicológico voltados para essa população. Entretanto, é preocupante o fato de determinados profissionais da área de saúde estarem desinformados e despreparados para lidar com os idosos. Vários deles ainda acreditam que o tratamento psicoterapêutico na velhice é algo impossível de evoluir, alegando que estes pacientes estão próximos do final de vida (Cordioli, 1998). Nesse prisma, A terapia psicológica na velhice surge como uma das formas de se promover a saúde do idoso. Através da adoção de uma conduta terapêutica preventiva, alicerçada na ótica da interdisciplinaridade, a psicoterapia pode favorecer um presente e um futuro mais criativos, uma vida mais satisfatória ao sujeito, bem como respostas sobre os vários aspectos do processo de envelhecimento e da velhice (Cordioli, 1998).
Terapia de Grupo- É um meio psicoterápico de muita importância, o grupo trás para a velha convivência com outras pessoas, auxiliando também a entender melhor sua condição de saúde, a importância do uso dos medicamentos e os tratamentos médicos, além de ajuda-lo a entrar em questões emocionais e psíquicas, possibilitando assim uma diminuição dos sofrimentos causados por problemas como depressão e ansiedade, problemas esses comuns nessa faixa etária. Todos esses fatores traz para o velho a possibilidade de si sentirem reconhecidos pelos demais como seres humanos valorizados e queridos, permitindo também as trocas de angustias antigas, presentes e futuras, tanto felizes como tristes. O grupo sem dúvida favorece a importante experiência do velho de sentir-se amparado, e ao mesmo tempo podendo ajudar a vida do outro. O grupo deve ser um agente de mudança para cada um dos participantes. No grupo, cada participante adquire mais consciência de sua própria identidade e a dos demais. O processo de conscientização é capaz de gerar mudanças. No grupo a comunicação é máxima através de meios que não exclusivamente o verbal (Guite Zimerman, 2000.)
Psicoterapia Familiar-. A psicoterapia com idoso visa também beneficiar os cuidadores e a família, uma vez que cuidar, com isso os familiares também saberá lidar de maneira mais adequada e adaptada com todos que vivem com ela. Através da inclusão de membros idosos na terapia de uma família abre-se uma porta de acesso a antigos mitos e legados familiares. É uma forma de psicoterapia que se aplica aos principais membros da família do paciente (cônjuge, filho, irmãos e outros), pessoas importantes, reunidos em conflitos onde são tratados os problemas emocionais comuns e as dificuldades de relacionamento (Neri, 2002).
O mito é constituído em qualquer relação, pois sempre existe uma margem de ambiguidade, de algo não expresso diretamente no encontro. Os não ditos ou implícitos são territórios vagos, para serem preenchidos por mitos e regras inconscientes. Estas últimas se referem às atitudes que são tomadas nas relações pessoais mais próximas sem nunca terem sido conversadas.
Apenas se age de forma complementar sem nunca combinar claramente como cada um deve agir. Portanto, mitos e regras são dois termos que se misturam e se sobrepõem. Mitos, entretanto, são de mais difícil questionamento e regras podem (ou não) ser negociadas e flexibilizadas. O desenvolvimento do mito familiar parece ter sua base em problemas não resolvidos de perda, separação, abandono, entre outros. Os mitos referem-se a situações que não podem ser lembradas ou faladas, fazendo com que a família construa um conluio sobre não tocar em assuntos que se referem a um segredo. A conversa aberta com membros mais idosos da família pode permitir uma melhor compreensão de algumas regras e atitudes que são guias de conduta da família e não são questionadas. Mesmo conversando sobre aspectos delicados da história familiar, a re-narração do passado pode servir como um momento de re-elaboração e re-construção do mito familiar. O acesso a essa história permite um questionamento e até um rompimento de legados disfuncionais inconscientes que podem estar dificultando as interações da família em terapia (Neri, 2002).
Terapia de casal – A compreensão da vida através de estágios, com crises vitais e normais de desenvolvimento, permite a visão do próprio casamento como uma estrutura flexível que se remodela ao longo do tempo.
No ciclo vital do casal, há pontos críticos, períodos de transições e de crises que levam a modificações nas formas como o casal interagem. Tais modificações são importantes para a manutenção de uma relação conjugal satisfatória (Guite Zimerman, 2000).
É uma terapia conjunta, centrada no relacionamento amoroso, visando melhorar a comunicação, desenvolver habilidades de resolução de problemas.
Há muitos problemas que podem levar um casal a procurar psicoterapia conjugal, tais como aumento das discussões, dificuldade na área sexual, separação ou divórcio. Seja também para ajudar ao vinculo da relação do casal, o psicoterapeuta trabalha pela harmonia e minimizar os problemas de comunicação. Em qualquer estágio do ciclo vital, o processo terapêutico pode ajudar o casal a pensar, negociar, esclarecer expectativas implícitas, facilitando, desta forma, o desenvolvimento bem-sucedido de todos os membros do sistema familiar. O ciclo vital do casal tem início em fases anteriores ao casamento uma vez que sofre a influência das famílias de origem dos cônjuges. As diversas fases vivenciadas pelo casal (fase do apaixonar-se, o pânico pré-nupcial, final do período do romance, estabilidade, comprometimento e co-criação) têm desafios que devem ser vencidos. O casal de terceira idade, em sua maioria, vive o período da co-criação, no qual se sentem em condições de devolver ao mundo o que construíram ao longo da vida em com Esta fase do ciclo vital é caracterizada por ser o período no qual a afetividade e atenção entre os cônjuges tornam-se o elemento principal da interação conjugal. É o momento no qual os filhos estão constituindo suas famílias e o casal se vê sozinho diante de desafios pessoais próprios dessa etapa da vida (Neri, 2002).
É neste momento de vida que o marido, e cada vez mais a esposa, se depara com a realidade da aposentadoria. O tempo ocupado com o trabalho fica disponível para ser despendido com outras atividades e, se não há uma possibilidade de negociação e criação de novas ocupações, o espaço vazio pode gerar um campo de conflito e distanciamento conjugal. Por outro lado, a aposentadoria pode proporcionar um território de intimidade, permitindo ao casal a conquista de atividades conjuntas e prazerosas (Neri, 2002).
As possibilidades terapêuticas com a população idosa não se encerram nesses quatro exemplos. Aqui somente foi possível dar uma breve noção que indica a riqueza que o trabalho com essa população pode apresentar. Apesar de problemas e dificuldades característicos da velhice, o terapeuta pode conectar-se com os aspectos saudáveis e "preciosos" da pessoa que vivencia as últimas fases do ciclo de vida da pessoa que vivencia as últimas fases do ciclo de vida. Com tudo vemos as grandes possibilidades da psicoterapia para idosos independente da faixa etária, com as quais podem mudar de acordo com as condições e circunstancias de cada situação especial (Cordioli, 1998).
Entretanto, é fundamental estar atento a algumas características que perpassam qualquer trabalho com essa faixa etária. Estas podem ser encaradas como impedimentos, desafios ou possibilidades. O conhecimento das mesmas e a abertura para o trabalho levando-as em consideração são muitas vezes a peça chave para o sucesso da intervenção terapêutica e da promoção de uma velhice bem-sucedida.
1.12. INTERVENÇÕES PSICOLOGICAS
A terapia de método analítico com idosos, traz muita positividade em seu tratamento, onde nas últimas décadas foi crescente o número de velhos procurando psicoterapia, isso também se deve ao aceitamento dos psicólogos psicanalistas. “O velho que procuram analise o fazem habitualmente por problemas de um sentimento de vazio existencial, de sérias dificuldades de relacionamento, queda da autoestima, sentimentos depressivos” (Guite Zimerman, 2000. P 212).
O idoso tem todo o direito de se permitir novas escolhas, buscar novas experiências, ampliar seu mundo interno, desde que haja motivação de faze verdadeiras modificações no seu modo de enxergar a vida e permitir atingir muitas vezes em segredos ocultos, feridas que não estão cicatrizadas (Guite Zimerman, 2000). Uma das intervenções que pode ser feito é:
1. Levar o velho a refletir sobre uma possível vida ativa, tanto para uma atividade física, quanto intelectuais, sociais e de lazer; agora claro dentro da capacidade de cada individuo
2. O psicólogo precisa ter sempre metas e objetivos a serem feitos, não ser uma pessoa totalmente bondosa ou uma pessoa solicita, embora seja importante, mais não olhar o outro como digno de compaixão isso só reforça um preconceito.
3. Proporcionar reflexões sobe coragem e o desenvolvimento da força de vontade, para uma vida de mais conforto e de realizações.
4. Instigar a participação em grupos com família, amigos, vizinhos entre outros.
5. Trazer a importância das recomendações médicas, cuidado com alimentação, exercícios físicos, tudo como foi na prescrição do profissional.
6. Manter a cabeça ativa sempre é positivo, mais isso não implica em fazer somente jogos da velha, sadoku dentre outros, trazer ao velho a possibilidade de estar atualizado em relações a notícias ou eventos por meios de jornais, televisão etc.
7. É importante que o idoso também esteja consciente de suas possibilidades e as suas limitações, assim trabalhando a ambivalência para que não haja uma cobrança excessiva de si ou também que não haja um relaxamento das suas verdadeiras capacidades.
8. Também trazer a reflexão de que independente de qualquer idade todos tem limitações, isso estende para todos em sua volta.
9. Trazer como modo de pensar que todos tem direitos de pensar e agir, e direitos como autonomia de conduta, caso tenha filhos eles já são crianças e podem tomar suas próprias decisões.
10. Faça um bom uso das experiência vividas e da sabedoria adquirida, quem sabe até utilizando-a para ajudar outros.
11. Poder se dar o direito de falar de outras coisas, até porque não existe só queixas negativas da vida.
12. Enxergar as possibilidades que a vida oferece, amar pessoas, ter novos desafios sempre fazem bem.
Ao definir os objetivos terapêuticos é importante atentar para que estes sejam realistas. Levando em consideração o quadro clínico do paciente, de forma geral, os objetivos devem contemplar as seguintes áreas: desenvolvimento da capacidade de falar sobre si e seus problemas, melhora na autoestima, manejo dos sintomas e aumento na capacidade de utilizar recursos próprios, familiares e da comunidade. No momento em que um objetivo é estabelecido, o terapeuta assume a responsabilidade de mantê-lo no centro das intervenções clínicas. O paciente atinge suas metas, seguindo intervenções diretas e breves construídas no processo terapêutico. Essas intervenções, baseadas na perspectiva sistêmica, podem acionar os recursos presentes na rede social (amigos, familiares, agentes de saúde e grupos de convivência) a que pertencem. Enfim, a terapia na velhice pode ser um campo propício para a valorização da sabedoria e da história de vida da pessoa que vive esse momento específico do ciclo vital. O movimento de perceber que os velhos têm recursos (hoje e ao longo de sua história pessoal) fortalece vínculos com sua família, seus amigos e com eles mesmos. É, portanto, uma ferramenta útil na construção e promoção de um envelhecimento saudável (Neri, 1995).
CAPÍTULO 2
2 - PRESSUPOTOS DA PSICANÁLISE FRENTE AO ENVELHECIMENTO.
2.1. O VELHO É O OUTRO
Ao abordar o aspecto, o velho é o outro Jack Messy (1999) traz à tona questionamentos onde a imagem do idoso (jovem) é quase irreconhecível por ele. Há um descompasso como frisa o autor entre a realidade de autrora e a realidade atual. Questionamentos e admirações como: Era eu mesmo nessa foto? Como eu era jovem; este confrontamento de imagens gera inquietação e temor. A imagem refletida no espelho não é a mesma da foto nem da projetada na memória. O espelho se contradiz a estas duas imagens (foto e memória) projetando uma imagem marcada pela velhice.
O velho não reconhece que a imagem refletida no espelho é a dele, aquela imagem jovem e bela guardada na foto e na memória é a mesma que agora o espelho cruelmente reflete, para ele parece outro, uma imagem desconhecida e não aceita. As
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