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PROCESSO DE TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL: UMA TRAJETÓRIA INVESTIGATIVA.

Por:   •  5/2/2018  •  Artigo  •  2.510 Palavras (11 Páginas)  •  115 Visualizações

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PROCESSO DE TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL: UMA TRAJETÓRIA INVESTIGATIVA.

Ana Carolina Santini de Abreo

 Sandra Regina de Abreu Pires

docentes do Curso de Serviço Social da Universidade Estadual De Londrina.

Introdução

No início da década de 90, em função de toda a conjuntura presente interna e externamente à profissão, eleva-se nossa preocupação com questões pertinentes à prática profissional como a configuração do espaço ocupacional, as funções atribuídas e desempenhadas, as possíveis mudanças em termos de mercado de trabalho, os temas emergentes demandados pelo cotidiano profissional e outras que nos permitissem a visualização do processo de trabalho do Assistente Social nas crises presentes na contemporaneidade.

Em decorrência, deliberamos por iniciar uma investigação que nos outorgasse o levantamento de elementos subsidiadores à ampliação do debate sobre questões afetas à prática profissional, sobretudo na relação com a formação profissional tendo em vista a necessária revisão curricular.

Sendo multifacetário o nosso foco de interesse, entendemos que mais pertinente seria respeitarmos o princípio metodológico de aproximações sucessivas ao real já que, assim, num processo contínuo e progressivo de apreensão da realidade, nos seria possível acompanhar as diferentes manifestações do fazer profissional.

Sob este intento, até o momento empreendemos três aproximações e é sobre este processo, bem como sobre alguns de seus resultados, que versa este presente texto. Isto é, nos propomos aqui a socializar a trajetória investigativa por nós percorrida e os resultados obtidos desde 1994 no Departamento de Serviço Social da UEL acerca do processo de trabalho do Assistente Social.

1. Os caminhos da investigação

1.1. “Perspectivas do Mercado de Trabalho e a Formação Profissional de Serviço Social: Região Metropolitana de Londrina”,

Numa primeira aproximação desenvolvemos, nos anos de 1994 a 1996, em parceria com o CRESS -11ª Região – Delegacia Seccional de Londrina e com o apoio do CNPq, um projeto de pesquisa para estudar a configuração, as expectativas e as perspectivas do mercado de trabalho do Assistente Social na citada região.

Seu propósito particular era fazer avançar o conhecimento sobre a realidade ocupacional do Assistente Social e, deste modo, trazer contribuições tanto no referente a estratégias possíveis de conquista de novos espaços no mercado de trabalho, como no que tange à reflexão sobre os rumos e o nível da formação profissional, em especial a desenvolvida pela Universidade Estadual de Londrina.

Visualizávamos que o estudo do mercado de trabalho era fundamental para o delineamento do perfil profissional existente e das demandas postas ao Assistente Social e que esta dimensão se vinculava estritamente à formação profissional. Ou seja, partíamos de uma correlação inegável entre as dificuldades vivenciadas no cotidiano profissional e o preparo dos profissionais, entendendo que só através de uma formação que levasse em consideração, além de uma formação crítica e global, a retroalimentação constante de novos conhecimentos e as novas exigências do mercado de trabalho seria possível um enfrentamento competente do mesmo.

Sendo o mercado de trabalho o foco prioritário naquele momento, elegemos como população alvo da pesquisa os Assistentes Sociais nele inseridos e os dirigentes das organizações empregadoras. A expectativa era colher elementos tanto pelo prisma do patronato como dos profissionais, o que foi plenamente atendido na medida em que ambos os segmentos pesquisados emitiram opinião sobre diversas mudanças que poderiam ser realizadas nas disciplinas, no estágio, na extensão, enfim, no currículo do Curso de Serviço Social como um todo.

A coleta de dados, por intermédio de entrevista foi efetivada com 100% dos profissionais inseridos nas 46 (quarenta e seis) organizações empregadoras da região e com quase a mesma porcentagem de seus dirigentes. Como resultado, obtivemos de fato um perfil dos profissionais da região com dados como universo dos espaços ocupacionais existentes, média salarial, situação empregatícia, condições objetivas de trabalho, competências e atribuições delegadas e exercidas e outras.

No mesmo sentido, foi possível também traçar um perfil das organizações empregadoras e de seus dirigentes e obter deles (e dos Assistentes Sociais) dados significativos no que tange às exigências e expectativas como, por exemplo, necessidade de aumento de oferta de cursos de aperfeiçoamento e/ou atualização profissional, de maior capacitação para atuação em espaços ocupacionais específicos e de debate sobre as mudanças em curso no mercado de trabalho e no interior dos espaços ocupacionais.

Estes e outros elementos nos deram a constatação de que os Assistentes Sociais tinham como uma fonte de preocupação a tendência, ainda que não posta de modo fortemente visível, de introdução nos espaços ocupacionais e no mercado de trabalho como um todo, de exigências e demandas de nova ordem.

1.2. “As Questões Sociais Contemporâneas e as Demandas da Profissão frente à Reconstrução do Projeto de Formação do Assistente Social”.

Uma reflexão mais apurada mostrou-nos que as alterações no processo de trabalho vinculavam-se às transformações em curso no processo capitalista brasileiro, articuladas às demandadas internacionalmente. Nesta medida, como segunda aproximação, delimitamos estudar as questões contemporâneas decorrentes deste processo e seu rebatimento no Serviço Social, o que foi efetivado no período 1997-1999.

Nele privilegiamos o estudo das grandes mudanças no mundo e na sociedade brasileira contemporânea, intentando uma leitura crítica dos espaços de formação e de ocupação do Assistente Social que nos facultaria, dentre outras, ampliar o reconhecimento das metamorfoses em desenvolvimento no mercado de trabalho, as áreas de intervenção profissional emergentes e as novas expectativas e exigências postas.

O processo de reconstrução do conhecimento nesta proposta também seguiu o princípio de aproximações sucessivas e não se restringiu à coleta de dados. Empreendemos concomitantemente ações que oferecessem aos envolvidos a construção de um quadro de referência teórico-metodológico e investigativo por intermédio de Seminários internos; Seminários ampliados a profissionais, docentes e discentes; Cursos e Encontros em nível local e estadual; e outros. Destaca-se ainda como uma dimensão do processo, a elaboração de Trabalhos de Conclusão de Curso de Graduação, publicações, confecção de boletins informativos e de home page na Internet, todos direcionados à socialização das informações dando acesso à utilização das mesmas em atividades de interesse dos profissionais.

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