PROCESSO GRUPAL E A QUESTÃO DO PODER EM MARTÍN-BARÓ
Dissertações: PROCESSO GRUPAL E A QUESTÃO DO PODER EM MARTÍN-BARÓ. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: neylla123456 • 27/9/2013 • 4.819 Palavras (20 Páginas) • 1.187 Visualizações
Psicologia & Sociedade; 15 (1): 201-217; jan./jun.2003
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PROCESSO GRUPAL E A QUESTÃO DO PODER EM
MARTÍN-BARÓ
Sueli Terezinha Ferreira Martins
UNESP- Bauru
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RESUMO: O presente artigo trata da concepção de processo grupal
e poder social enfocada por Martín-Baró.1 O autor retoma a concepção
de grupo presente no trabalho de Sílvia Lane, quando considera
os aspectos pessoais, as características grupais, a vivência subjetiva e
realidade objetiva e o caráter histórico do grupo. Na perspectiva da
psicologia social, segundo o autor, é muito mais relevante a análise do
papel do poder na vida cotidiana, no dia-a-dia das pessoas, do que se
centrar nos acontecimentos excepcionais e não rotineiros. Considerando
que grande parte da prática profissional do psicólogo, principalmente
numa perspectiva psicossocial, envolve o trabalho com grupos,
a abordagem da questão do poder passa a ter papel fundamental.
Neste sentido, o contato com a produção de Martín-Baró é essencial
e pode contribuir incisivamente no nosso trabalho cotidiano.
PALAVRAS-CHAVE: processo grupal, poder social, ação humana,
abordagem psicossocial crítica.
GROUP PROCESS AND THE POWER ISSUE IN
MARTÍN – BARÓ
ABSTRACT: The present article discusses the group process and
the social power conceptions focused by Martín-Baró. The author
retakes the group conception present in Sílvia Lane’s work, when it
considers the personal aspects, the group characteristics, the
subjective existence and objective reality and the historical character
1 Martín-Baró viveu em El Salvador. Foi jesuíta, teólogo e psicólogo social. Foi
assassinado em 16 de novembro de 1989 por soldados do governo de El Salvador.
Comprometido politicamente com a população mais pobre, atuou e publicou vários
trabalhos sobre o povo latino-americano.
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Martins, S. T. F.; “Processo grupal e a questão do poder em Martín-Baró”
of the group. In the perspective of the social psychology, according
to the author, it is much more important the analysis of the role of
the power in the daily life, in the people’s day by day, which implies
routine events than to center it in the exceptional ones. Considering
that great part of the psychologist’s professional practice, mainly in
a psychosocial perspective, involves the work with groups, the power
issue approach starts to have a fundamental role. In this sense, the
contact with Martín-Baró’s production is essential and it can
contribute to our daily work incisively.
KEYWORDS: group process, social power, human action, critical
psychosocial approach.
À força [Gewalt], costuma-se associar a idéia
de algo que se encontra próximo e presente. Ela é mais
coercitiva e imediata do que o poder [Macht]. Falase,
enfatizando-a, em força física. O poder, em seus
estágios mais profundos e animais, é antes força. ... O
poder é mais universal e mais amplo; ele contém muito
mais, e já não é tão dinâmico. É mais cerimonioso e
possui até um certo grau de paciência.
(CANETTI, 1960/1995:281)
Em geral os autores definem grupo como sendo uma unidade
que se dá quando os indivíduos interagem entre si e compartilham
algumas normas e objetivo. Muitos são os aspectos indicados como
relevantes para diferenciar um grupo de outras situações em que verificamos
a presença de várias pessoas em uma mesma atividade.
Martín-Baró (1989), ao abordar a temática, faz menção ao
trabalho de Lane (1984), reafirmando alguns aspectos apontados
na concepção de grupo apresentada pela autora, quando considera
os aspectos pessoais, as características grupais, a vivência subjetiva
e realidade objetiva e o caráter histórico do grupo.
Neste sentido, tanto Lane (1984) quanto Martín-Baró falam
em processo grupal e não em grupo ou dinâmica de grupo. Não se
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trata apenas de diferença na denominação mas uma diferença profunda
no fenômeno estudado. Ao falar em processo os autores remetem
ao fato do próprio grupo ser uma experiência histórica, que
se constrói num determinado espaço e tempo, fruto das relações
que
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