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Produção Textual Interdisciplinar II Individual Modelo De Homem E Teoria Administrativa

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Por:   •  7/11/2013  •  1.448 Palavras (6 Páginas)  •  677 Visualizações

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PUC-PR/MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO/SÉRIE MONOGRÁFICA:

“CADERNO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS”

MODELOS DE HOMEM E TEORIA ADMINISTRATIVA (*)

Alberto Guerreiro Ramos (**)

Número 3 Dezembro de 2001

RESUMO: Já não cabe mais à teoria administrativa continuar a legitimar a racionalidade funcional da organização, como tem feito em larga escala. O problema básico do passado era superar a escassez de bens materiais e de serviços elementares. Nessa época, era técnica e socialmente necessário, e até mesmo inevitável que houvesse um grande esforço nos ambientes de trabalho, o que já não é verdade hoje. O que provoca crises nas organizações de hoje é o fato de elas, por desígnio e por operação, ainda admitirem que as velhas carências continuem a ser básicas, enquanto de fato o homem contemporâneo tem consciência de carências críticas que pertencem à outra ordem, isto é, que estão relacionadas a necessidades que vão além do nível da mera sobrevivência. Assim, o darwinismo social, que tradicionalmente tem validado a teoria e a prática da administração, tornou-se obsoleto por força de circunstâncias. Neste artigo tenta-se reavaliar a evolução da teoria administrativa, usando-se modelos de homem como seu ponto de referência (a saber, homem operacional, homem reativo e homem parentético).

PALAVRAS-CHAVE: Teoria administrativa; Modelos de homem (operacional, reativo e parentético); Racionalidade funcional e substantiva.

_____

(*) Artigo publicado originalmente na Public Administration Review, vol. 32, n. 3, pp. 241-6, May/June 1972. O autor deu-lhe então o subtítulo “Ascensão do homem parentético”. Uma tradução anterior do artigo saiu publicada na Revista de Administração Pública, da Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, vol. 18, n. 2, pp. 3-12, abril/junho de 1984. Presente tradução, compilações e nota biobibliográfica: Francisco G. Heidemann.

(**) Em 1972, Ramos era professor da University of Southern California (USC). Ver nota biobibliográfica, no final do texto.

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À memória de John Pfiffner, a quem devo a centelha que

me inspirou a desenvolver esta linha de reflexão.

Entre o final do século 19 e o presente, aconteceu uma dramática mudança de orientação nos estudos sobre organização e trabalho. Houve um tempo em que o sucesso nos negócios era tido como sinal de virtude e talento, e os ensinamentos de Malthus, Darwin e Spencer encontraram condições ideais para florescer. Nesse sentido, o influente sociólogo William Graham SUMNER (1883: 84-5) não hesitou em afirmar que não faria sentido tentar integrar os interesses de empregadores e empregados. O antagonismo entre esses interesses era legitimado pela tradição e pela ciência social da época. A prova de que era acertado e bem-sucedido o critério determinante de valor humano, então em uso, é dada pela popularidade alcançada pelo ensaio Mensagem a Garcia, de Elbert HUBBARD (1899), e pelos livros Power of will, de Frank Channing HADDOCK (c1907) (ver Nota do tradutor), e Como fazer amigos e influenciar pessoas, de Dale CARNEGIE (1936); publicado pela primeira vez em 1936, este último atingiu vendas superiores a quatro milhões de exemplares (ver BENDIX, 1963: cap. 5).

A imagem de homem contida nesses livros populares estava em consonância com o tipo de administração que Taylor e os autores clássicos advogavam. Entretanto, hoje os livros que têm grande aceitação pública e cuja leitura é exigida com freqüência nas escolas de administração pública e de empresas são, entre outros: Eros e civilização (MARCUSE, c1955), The making of a counter culture (ROSZACK, c1969) e The greening of America (REICH, 1970) – todos notórios por suas críticas aos sistemas sociais e organizacionais vigentes.

Hoje tornou-se lugar comum afirmar que há uma atmosfera de crise a envolver as organizações contemporâneas, e esta se reflete na teoria que se formula sobre elas. Os profissionais e os acadêmicos vivenciam continuamente esta crise em seu dia-a-dia. Um elevado grau de ambigüidade e confusão atormenta o ambiente interno e externo das organizações atuais. A literatura corrente em nosso campo mostra que há, sem sombra de dúvida, um grande interesse em saber como abordar os problemas que nos confrontam. Ao pôr em foco estas dificuldades, diversos estudiosos deram a entender que está surgindo um novo modelo de homem, cujo desenvolvimento e elucidação são essenciais para superar o atual estado crítico da arte e da teoria da administração. James Carroll, por exemplo, vê uma “crescente conscientização” que está “transbordando e inundando... os atuais sistemas

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sociais”. Ele também detecta o surgimento de um novo tipo de personalidade, que já não “se ajusta mais tão facilmente à estrutura de valores organizacionais e institucionais baseada em percepções e interesses previamente estabelecidos” (CARROLL, 1969: 493). E Anders Richter propõe que as burocracias dos EUA estão precisando do que ele chama de “executivos existencialistas”, cuja estrutura de personalidade assemelhar-se-ia à prefigurada pelo paradigma psicológico descrito por Carroll (RICHTER, 1970).

As orientações propostas por Carroll e Richter e muitos outros se assentam sobre a idéia de que se precisa de um ponto de referência, um foco central, para desenvolver certo senso de direção no trato dos problemas de administração. Precisamos compreender que tipos de circunstâncias sociais contemporâneas estão afetando atualmente cada indivíduo e, por conseqüência, as organizações. De fato, a história contemporânea está gestando um novo tipo de homem, ao qual em outra ocasião dei o nome de “homem parentético”¹.

Neste artigo, tento reavaliar a evolução da teoria administrativa, usando modelos de homem como seu ponto de referência, a saber: o homem operacional²,

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