Projetos profissionais e ética

Projetos e Éticas Profissionais: Compreendendo a Projeção e o Modo de Ser das Profissões

“[...] faz- se essencial entender primeiramente: o que são as profissões? As profissões são práxis sociais, com particularidades e especificidades, responsáveis por darem respostas às necessidades sociais, ou seja, surgem diante das diferentes necessidades e interesses coletivos com a finalidade de darem respostas a estes. É uma das práxis realizadas pelo homem e, portanto, também um processo de objetivação do ser social.” (p. 69-70)

“Toda sociedade precisa do trabalho para produzir e reproduzir a vida, tanto a material quanto a intelectual. Tal trabalho será sempre coletivo e terá uma divisão entre os membros de determinada coletividade, pois nenhum ser humano é capaz de criar absolutamente todos os produtos dos quais necessita para sua produção e reprodução[...] Assim [...] diferentes formas de divisão do trabalho para produzir e reproduzir a vida, o que, como também vimos, terá impactos diretos nas ideologias, culturas, valores e morais. ” (p. 70)

“Na sociedade capitalista, a divisão de trabalho é social e técnica. É social no que se refere ao lugar que cada um está no processo de produção e reprodução: a divisão das classes sociais, a burguesia e o proletariado. [...] Ambas as classes participam do processo de construção da riqueza social [...] Tal produção e apropriação se dão de forma completamente desigual, sendo a burguesia a detentora da maior parte da riqueza socialmente construída, apropriando- se de maneira privada desta.” (p. 70)

“E é técnica no que se refere ao tipo de trabalho que é realizado: material ou intelectual. Diz respeito ao lugar que determina profissão se encontra na especialização do trabalho coletivo; a preparação necessária à atividade a ser realizada, o que inclui o nível de formação, os conhecimentos e as habilidades a serem desenvolvidos por cada profissão.” (p. 70)

“[...] toda profissão exige para atender/ responder aos interesses e necessidades. Social.’’ (p. 71)

“Defendemos, portanto, a idéia de que toda profissão apresentará um projeto sobre o seu deve ser, sua autoimagem ou imagem ideal, diante de seu significado social e razão de existir socialmente. E tal deve ser será informado por um determinado etbos que orientará os profissionais. Falamos, portanto, dos projetos e éticas profissionais.” (p.72)

“Tais projetos e éticas apontarão orientações a serem alcançadas, mesmo quando, assim como nos diz Mário Quintana, a projeção em questão pareça inalcançável.” (p. 72)

Projetos profissionais: construção coletiva das respostas das profissões em consonância com s projetos societários.

“[...] teologia é a capacidade humana de antecipar no plano ideal, ou seja, das idéias, aquilo que se realizará, tendo por base o que se pretende alcançar: sua finalidade.” (p. 72)

“O homem é o único ser capaz de realizar tal antecipação [...] Fazemos isso o tempo todo, muitas vezes sem nem mesmo perceber.” (p.72- 73)

“[...] antes de realizarmos algumas atividades temos a necessidade de planejá-las para que estas tenham êxito. Ou seja, o ser humano sempre projeta sua ação antes de executá-la.” (p. 73)

“[...] nem sempre as finalidades previamente elaboradas se realizarão na realidade da maneira como foram pré- concebidas. Não há uma relação direta entre a prévia ideação e a concretização das finalidades. Há, no entanto, a possibilidade de, quanto maior a clareza de objetivos e finalidade, repensar as estratégias adotadas diante das impossibilidades concretas apresentadas.” (p. 73- 74)

“Nossa ação terá sempre uma intencionalidade, donde estarão presentes metas e fins. Diante disso, podemos afirmar que coletiva e individualmente construímos e nos relacionamos com diferentes projetos em nossas vidas, pois, a todo momento, diante da realidade, realizamos escolhas, projetamos finalidades e construímos meios para realizá- las.” (p. 74)

“A construção de nossa vida demanda-nos posicionamentos quanto ao que desejamos amorosamente, financeiramente, profissionalmente, com os amigos, com a família, etc. Ou seja, diante da realidade na qual nos inserimos, enquanto parte de uma classe, com determinada condição social e financeira, acesso ou não a processos informativos e formativos, à cultura, à arte, entre outros, construímos projeções – uma imagem ideal – do que intencionamos para nossas vidas.” (p. 74 -75)

“Tal imagem está pautada em valores que direcionarão a escolha de meios para alcançar nossas finalidades. Diante disso realizaremos escolhas e ações nas diferentes dimensões da vida de maneira articulada e buscando coerência.” (p. 75)

“[...] A reflexão, o questionamento sobre o que realmente buscamos para nós na vida em coletividade, faz- se fundamental para a construção de projetos individuais coerentes internamente – no que se refere às diferentes esferas da vida- e ao mesmo tempo articulados com projetos coletivos, pois nossos projetos individuais estarão sempre relacionados àqueles projetos.” (p.76)

“Ao falarmos de projetos coletivos, referimo- nos aos mesmos elementos discutidos sobre os projetos individuais: condições objetivas, intencionalidade, escolha de valores e meios para atingir tal intencionalidade.” (p.76)

“Assim, todo projeto coletivo será sempre um projeto ético e político, o que envolve, como vimos antes, a escolha de valores (ético) e a construção de meios para atingir sua finalidade (político). (p. 76)

“Os projetos coletivos têm um nível maior de abrangência do que nossos projetos pessoais, pois envolvem um conjunto de pessoas e o posicionamento dessas diante de uma projeção para esse grupo em relação à outra projeção: à sociedade. Seus sujeitos coletivos podem ser movimentos sociais, de profissões, organizações sociais, grupos étnicos, geracionais, partidos políticos, entre outros.” (p. 76)

“Em linhas gerais, podemos afirmar que temos dois grandes tipos de projetos societários: os conservadores e os emancipatórios.[...] Cada um desses grandes projetos terá divergências internas e será definido e apropriado pelos diversos grupos sociais que irão propor diferentes formas, estratégias e táticas na busca de sua concretização” (p.77)

“[...] ao entendermos que as profissões são reconhecidas e legitimadas a partir das respostas que dão às demandas que lhe são postas pelo movimento da sociedade e, no caso da sociedade capitalista, pela relação capital/ trabalho, devemos observar que essas respostas ‘estão vinculadas