REVOLUÇÃO INDUSTRIAL DO MOVIMENTO DE TRABALHO
Tese: REVOLUÇÃO INDUSTRIAL DO MOVIMENTO DE TRABALHO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: pastor12 • 23/3/2014 • Tese • 10.460 Palavras (42 Páginas) • 390 Visualizações
DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AO MOVIMENTO OPERÁRIO
As origens do mundo contemporâneo
Osvaldo Coggiola
As origens da Revolução Industrial podem ser encontradas nos séculos XVI e XVII, com a política de incentivo ao comércio, chamada de “mercantilismo”, adotada pelas monarquias absolutistas, que tinham grandes necessidades monetárias (e, portanto, de saldos comerciais favoráveis) em função da manutenção de seus exércitos, em virtude de seu freqüente envolvimento em conflitos bélicos de todo tipo, tanto nas suas colônias como dentro da própria Europa. As circunstâncias imediatas e contingentes, no entanto, refletiam um processo histórico mais profundo. O desenvolvimento do comércio internacional, simultaneamente, criou as bases do mercado mundial (condição para a vitória histórica do capital), e teve um efeito deletério sobre as relações de produção feudais na Europa, ao introduzir as relações mercantis de forma generalizada, e também exigir que a produção se desenvolvesse sobre uma escala qualitativamente mais ampla (para atender às necessidades do desenvolvimento comercial).
O capitalismo, e os próprios Estados nacionais que expressaram a sua vigência, nasceram no quadro da economia mundial. Mas bem antes que ficassem estruturados os principais Estados modernos, o comércio internacional já tinha um desenvolvimento bastante grande. Esse comércio foi um dos fatores que impulsionou a revolução inglesa do século XVII. O capitalismo e os Estados nacionais nasceram já obrigados a terem uma política externa, e a aliarem-se uns contra outros, em função de seus interesses comerciais contraditórios, e em relação com a autodeterminação das nações atrasadas. A Revolução Industrial foi conseqüência, e não causa, desse processo histórico. Esse momento revolucionário, de passagem da energia humana, hidráulica e animal, para a energia motriz, como base da produção social, foi também o ponto culminante de uma longa evolução tecnológica, social e econômica que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média.
A História Muda de Rumo
Com a Revolução Industrial, a “constante revolução dos meios de produção”, nas palavras de Marx, se transformou na norma geral do desenvolvimento histórico e econômico. O próprio nome de revolução industrial refletiu seu impacto relativamente tardio sobre a Europa. A coisa existiu na Inglaterra antes do termo (os ingleses, e franceses, só o inventaram por volta da década de 1820). Na década de 1780, e pela primeira vez na história da humanidade, foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas, que daí em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante, e ilimitada, de homens, mercadorias e serviços.
O debate em torno às causas deu destaque à sua gênese na Inglaterra. A Revolução Industrial britânica foi qualificada, pelos historiadores, como o acontecimento mais importante da história universal desde a revolução neolítica (desenvolvimento da agricultura e aparecimento das cidades). Para que a Revolução Industrial pudesse acontecer, eram necessários: 1) Uma renovação técnica do aparato de produção; 2) Um incremento do capital líquido monetário e físico; 3) Uma oferta maior de trabalho.
Nenhuma sociedade anterior tinha sido capaz de transpor o teto que uma estrutura social pré-industrial, uma tecnologia e uma ciência deficientes, a fome e a morte periódicas, impunham à produção: “A partir da metade do século XVIII, o processo de acumulação de velocidade para a partida é tão nítido que historiadores mais velhos tenderam a datar a revolução industrial de 1760. Mas uma investigação cuidadosa levou a maioria dos estudiosos a localizar como decisiva a década de 1780 e não a de 1760, pois foi então que, até onde se pode distinguir, todos os índices estatísticos relevantes deram uma guinada repentina, brusca e quase vertical para a partida. A economia, por assim dizer, voava. Chamar este processo de revolução industrial é lógico e está em conformidade com uma tradição bem estabelecida... Se a transformação rápida, fundamental e qualitativa que se deu por volta da década de 1780 não foi uma revolução, então a palavra não tem qualquer significado prático. De fato, a Revolução Industrial não foi um episódio com um princípio e um fim. Não tem sentido perguntar quando se "completou", pois sua essência foi a de que a mudança revolucionária se tornou norma desde então.
“Ela ainda prossegue; quando muito podemos perguntar quando as transformações econômicas chegaram longe o bastante para estabelecer uma economia substancialmente industrializada, capaz de produzir, em termos amplos, tudo que desejasse dentro dos limites das técnicas disponíveis, uma "economia industrial amadurecida", para usarmos o termo técnico. Na Grã-Bretanha, e portanto no mundo, este período de industrialização inicial começou com a "partida" na década de 1780, (e) pode-se dizer com certa acuidade que terminou com a construção das ferrovias e da indústria pesada na Grã-Bretanha na década de 1840”.
A característica fundamental da renovação técnica foi constituída pela passagem da produção baseada em um sistema de manufatura estático, para a forma de produção que Marx denominou «a grande indústria», entendendo uma forma de organização dinâmica da produção e da divisão do trabalho; e também industrial, introduzida através da descoberta de numerosos processos de produção e de máquinas novas; sobretudo máquinas- ferramenta e máquinas produtoras de energia, como as que se fabricavam em Inglaterra em número crescente desde a década de 1760. Ainda considerando as inovações técnicas como conseqüência, e não causa, das transformações, elas não deixam de ser característica histórica essencial da Revolução Industrial,
Na Inglaterra coincidiram a disponibilidade e a possibilidade de uma exploração ótima do capital líquido, com uma impulsão decisiva para o aproveitamento econômico das inovações e das descobertas técnicas. O capital comercial acumulado era originado menos no crescimento da demanda externa e o comércio com as colônias do que na expansão do comércio interno. Os câmbios revolucionários estiveram precedidos pela revolução agrária e pelo crescimento da população, que registraram uma evolução paralela, menos causada pela expansão das superfícies agrícolas
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