RODOANEL, ANEL VIÁRIO OU AVENIDAS PERIMETRAIS?
Ensaios: RODOANEL, ANEL VIÁRIO OU AVENIDAS PERIMETRAIS?. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: 20380996 • 19/11/2014 • 4.077 Palavras (17 Páginas) • 339 Visualizações
Revista LABVERDE n°8 –
Artigo n°02
Junho de 2014
José Bento Ferreira*
*Engenheiro Civil graduado pela Universidade de Taubaté (UNITAU), Mestre e Doutor pela
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP).
Docente do Departamento de Engenharia Civil do Campus de Guaratinguetá da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”(UNESP)
RESUM O
O artigo tem como objetivo a discussão da funcionalidade de um dispositivo de trans-
porte rodoviário, o anel viário, com suas variações operacionais, e, utilizando um
exemplo, o Rodoanel Mário Covas, implantado na Região Metropolitana da Grande
São Paulo, mostrar como a adoção de um modelo operacional inadequado pode com-
prometer o seu desempenho e degradar o ambiente construído.
Palavras-chave:
Anel viário; Rodoanel; Modelo operacional; Sistema viário; Degrada-
ção do ambiente construído.
BELTWAY, RING ROAD OR PERIMETER AVENUES?
ABSTRACT
This article intends to discuss the functionality of a road transportation complex, the
ring road with its operational variations. Using as an example the Rodoanel Mário
Covas, built in São Paulo Metropolitan Region, will show how the adoption of an ina-
dequate operational model can compromise its performance and degrade the built
environment.
Keywords:
Beltway; Ring Road; Operating Model; Road System; Degradation of built
environment.
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INTRODUçãO
Com o atual estado de saturação dos sistemas viários urbanos e metropolitanos, mui-
tas cidades, de médio e grande porte tem se voltado para soluções que pretendem
resolver o problema do transporte de pessoas e cargas, sendo a solução mais comum
a implantação de anéis viários.
No entanto, deve-se entender, antes da proposição de uma solução que invariavel-
mente apresenta elevados custos diretos e indiretos, qual a vocação real de cada
um dos sistemas viários, e quais os ônus gerados, para que essas obras viárias não
apresentem uma baixa eficiência ou mesmo sejam ineficazes.
Assim, é importante entender realmente como, sob o título genérico de anel viário,
diversas soluções, tecnicamente muito diferentes, dialogam com o espaço urbano que
se pretende ordenar ou recuperar.
Nessa análise, será utilizado como exemplo o Rodoanel Mário Covas, que atende a
região metropolitana da Grande São Paulo.
OBjETIVOS A SEREM ATEN DIDOS POR UM SISTEM A DE TRANSPORTES
Todo sistema de transporte deve ser pensado, projetado e executado com um objeti-
vo bem claro em mente. Note-se que o primeiro termo utilizado é “pensado”, pois se
deve considerar que, principalmente no ambiente antropizado, é essencial se imagi-
nar como o sistema deve funcionar.
Esse aspecto se torna mais complexo quando se entende que um sistema de transporte
pode privilegiar diversos pontos, como o transporte coletivo, o transporte individual ou o
transporte de mercadorias, mas nunca irá atender de forma otimizada a todos.
Da mesma forma, as vias implantadas, conforme se define o seu sistema operacional,
tanto podem causar integração como a segregação de áreas urbanas, na sua zona
de influência.
É interessante notar que quando se discute a implantação de uma obra viária, nas
audiências públicas dificilmente se discute o sistema operacional da via, como se isso
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fosse um fato inconteste, e não um elemento passível de discussão.
Tome-se como exemplo o Rodoanel Mário Covas. É interessante notar que seu proje-
to e implantação ficou a cargo da DERSA, uma autarquia com grande experiência em
projetar e implantar estradas de alto desempenho, classificadas, no jargão da área,
como estradas Classe 0. Mais adiante essa classificação será melhor esmiuçada.
Quando da apresentação do projeto ao público em geral, foi dito que o grande obje-
tivo do rodoanel seria desviar o trânsito de passagem pela região metropolitana de
São Paulo, conectando as estradas que afluem à região metropolitana e permitindo a
passagem desse volume de tráfego de forma segregada, não sobrecarregando mais
o sistema urbano
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