TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Relação entre Modernidade e Sociologia

Por:   •  5/6/2016  •  Seminário  •  1.750 Palavras (7 Páginas)  •  1.239 Visualizações

Página 1 de 7

1º ANO – 1º TRI

AULA 1- A RELAÇÃO ENTRE A MODERNIDADE E A SOCIOLOGIA - A CHEGADA DOS TEMPOS MODERNOS[1]

INTRODUÇÃO

        É importante entender o cenário de mudanças que favoreceu o surgimento da Sociologia no século XIX. (...) As mudanças foram tão importantes que se viu nelas o anúncio de uma nova era na história da humanidade: “os tempos modernos”. Confiantes no futuro, ao olhar para trás, os europeus qualificaram o tempo vivido até então de uma idade intermediária entre duas épocas brilhantes, por isso chamaram de Idade Média o período que se estendeu do fim da Antiguidade Greco-Romana, no século V, até a Idade Moderna, que se iniciava em meio a grandes expectativas.

Que mudanças foram essas, afinal? Muitas, de vários aspectos, e não aconteceram todas ao mesmo tempo. Ao contrário, estenderam-se ao longo de séculos.

DO CAMPO PARA A CIDADE

Durante a maior parte da história do Ocidente, a população se concentrou no campo. A agricultura era a principal fonte de riqueza e a terra era o bem mais cobiçado. O historiador Eric Hobsbawm chamou a atenção para ao fato de que, excetuando algumas áreas comerciais e industriais bastante desenvolvidas, seria muito difícil encontrar um grande Estado europeu no qual ao menos quatro de cada cinco habitantes não fossem camponeses. E até mesmo na própria Inglaterra, berço da Revolução Industrial, a população urbana só ultrapassou a população rural em 1851.

A partir do século XV, porém, importantes transformações ocorreram no cenário rural até então predominante. As cidades estenderam-se por toda a parte. Na Inglaterra, por exemplo, o processo de cercamento dos campos provocou a expulsão de grande parte da população das áreas rurais para as vilas ou cidades nas últimas décadas do século XVIII – especialmente de 1760 a 1790. O crescimento das cidades, a expulsão dos trabalhadores do campo e a saída em busca de trabalho nos ambientes urbanos promoveram a transformação de uma maneira específica de ser e de viver em outra, em muitos aspectos, inteiramente diferente.

Ocorreu uma alteração profunda na estrutura das sociedades no século XVIII, a saber: no sentido econômico, a modificação no processo de trabalho; e, no sentido político, a ampliação e a conquista de direitos que os indivíduos não experimentavam nos períodos anteriores. É no contexto da cidade moderna que emerge o cidadão como titular de direitos individuais, alguém que faz parte de um Estado regido por leis e não mais um súdito do reino.

As transformações econômicas e políticas mudaram também o relacionamento entre as pessoas. A cidade foi o cenário onde essas transformações se tornaram visíveis a olho nu.

NOVAS MOBILIDADES DE COISAS E PESSOAS / ESTRATIFICAÇÕES SOCIAIS => Estamental => classista (abandono do “dogma” e chegada do “mérito”)

Na sociedade medieval praticamente não havia mobilidade social. Por isso, a sociedade medieval pode ser chamada de estamental – tipo de estratificação social em que as diferentes camadas, ou estamentos, não chegam a ser tão rígidas quanto as castas, nem tão flexíveis quanto as classes sociais.

Mas, pouco a pouco, uma nova classe, alheia aos estamentos, começa a surgir. Pois, na rígida estrutura medieval, os comerciantes cristãos enfrentavam um grande dilema: viviam divididos entre o desejo de ver seus negócios prosperarem e o medo de ofender a Deus. Mas, a atividade comercial foi se expandindo com o ressurgimento das finanças, a volta da circulação monetária e o desenvolvimento do sistema de crédito – a ponto de se poder falar em uma Revolução Comercial a partir do século XII (indo até o XVIII).

À medida que o comércio europeu se expandia, a Igreja encontrava formas de amenizar a censura às iniciativas dos comerciantes. Uma delas foi defender a ideia de que as atividades dos mercadores traziam conforto a muita gente. O conceito de “bem comum” foi ficando cada vez mais forte. O trabalho investido em percorrer caminhos à procura de mercadorias era tão grande e tão custoso que pareceu justo os mercadores obterem juros quando emprestavam aos que precisavam. E foi dessa atividade que o capitalismo retirou rendimentos para erguer-se.

Ainda, “no mundo moderno, cuja legitimidade é baseada na liberdade e igualdade de seus membros, o poder não se manifesta abertamente como no passado. No passado, o pertencimento à família certa e ao estamento certo dava a garantia, aceita como tal pelos dominados, de que os privilégios eram justos porque espelhavam a superioridade natural dos bem-nascidos (...).

A ideologia principal do mundo moderno é a meritocracia, ou seja, a ilusão, ainda que seja uma ilusão bem fundamentada na propaganda e na indústria cultural, de que os privilégios modernos são justos (...). O ponto principal para que essa ideologia funcione é conseguir separar o indivíduo da sociedade (...). O esquecimento do social no individual é o que permite a celebração do mérito individual, que em última análise justifica e legitima todo tipo de privilégio em condições modernas. ”[2]

NOVOS TEMPOS

Ao longo da Idade Média, tão forte era o poder da Igreja [católica] na organização da vida em sociedade que muitos historiadores se referem à Europa medieval como “Europa cristã”. A importância da religião católica ajuda, assim, a entender a mentalidade da sociedade medieval: Deus era o centro e a explicação de tudo.

Assim, até o tempo pertencia a Deus e os homens não deveriam utilizá-lo em seu próprio interesse. Nessa lógica de tempo divino, cobrar juros seria como cobrar aluguel do tempo que só pertence a Deus. Além disso, emprestar dinheiro não era o mesmo que trabalhar visando à produção de um bem, de algo concreto.

Também, a própria forma de dividir o tempo obedecia ao ritmo da natureza e não dos intervalos regulares de uma máquina como o relógio. O tempo era natural e sagrado.

Acima de tudo, acreditava-se que a natureza pertencia a Deus – não era dada aos homens e mulheres a capacidade de controlá-la, alterar seu curso, contê-la.

Contudo, com a chegada dos “tempos modernos”, deixou-se de priorizar o tempo natural (regulado pela natureza) e abriram-se as portas para o tempo mecânico (marcado pelo relógio). O tempo passou a ser um recurso, ou seja, algo que se pode aproveitar, gastar, perder ou economizar.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (11.3 Kb)   pdf (130.1 Kb)   docx (15.6 Kb)  
Continuar por mais 6 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com