Resenha Do Filme Um Crime De Mestre

O filme “Um crime de mestre”, retrata a vida do milionário Ted Crawford que decide assassinar sua esposa quando descobre que ela está tendo um caso com o tenente Rob Nunally. Aparentemente é um caso simples já que era um crime premeditado e com uma confissão clara, mas Ted Crawford cria um labirinto complexo em torno do caso de forma a tentar sua absolvição.

Ele contrata um detetive para investigar a vida do policial-amante.

No julgamento o engenheiro pede para se representar dispensando o advogado.

Surge então o jovem e ambicioso promotor Willy Beachum (Ryan Gosling) que ganhou quase todos os casos de que participou e anseia um cargo em uma renomada empresa de advocacia, mas antes ele só precisa vencer um último desafio, que é este crime premeditado e com uma confissão clara do agente, no entanto, tida como inválida pela juíza ao entender que o tenente-amante estaria presente no momento da confissão e o réu sob pressão. Assim por falta de provas que incriminem o acusado o mesmo é posto em liberdade.

O réu, agora solto, consegue uma autorização para desligar os aparelhos que mantém viva sua esposa e que segundo diagnóstico médico dificilmente se recuperará . Para o promotor isso será um fato essencial para desvendar o quebra-cabeça.

Assim chega-se na cena mais importante do filme, onde o promotor depois de analisar o processo,incansavelmente, percebe a semelhança das armas do acusado e do tenente-amante. Com o falecimento da vítima, o promotor consegue a bala que estava alojada na cabeça da mulher, e que confere com a arma utilizada pelo tenente, que outrora foi trocada pelo próprio acusado. O promotor vai então até a residência do acusado.

Com base nessas peças chave, o promotor consegue armar o quebra cabeça que por pouco não mancha sua brilhante carreira.

O acusado acredita estar livre por falta de provas, no entanto quando da primeira acusação, tentativa de homicídio, sua esposa estava viva. Tendo a vitima falecido e com os novos fatos desvendados pelo promotor, uma nova acusação é formalizada, agora de assassinato, dando inicio um novo julgamento.

Comentários e comparativos ao sistema brasileiro:

Observa-se que, o fato retratado no filme trata-se de um crime passional, motivado por traição, onde a emoção não exclui a culpabilidade do crime.

O artigo 28 CP brasileiro é taxativo:

Não exclui a imputabilidade penal:

I - a emoção ou a paixão

Por outro lado, se o sentimento gerado for uma provocação injusta, pode existir situação em que esse estado de espírito gere uma atenuante. É o que ocorre no homicídio privilegiado (CP, art. 121, par. 1º.) em que se pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3, quando praticado "sob o domínio de violenta emoção".

Daí, em algumas situações, a defesa tentar usar a antiquada e ultrapassada tese de se "lavar a honra com sangue...”

Então havendo a tentativa de homicídio, através de um disparo de arma de fogo contra a face da conjugue, onde o assassinato não foi consumado mas houve a execução dos atos preparatórios e o início da execução, assim no caso do filme deixando a vítima em coma e ligada a aparelhos que administram a sua vida.

No caso retratado no filme, pela falta de provas concretas que incriminem o acusado e o leve a julgamento, ele é solto. Ao longo do julgamento, imputava-se a tentativa de homicídio. Após a absolvição por ausência de provas, o promotor descobre que a arma do crime fora trocada pelo agente com a arma do tenente.

Crawford então, revestido de direito como cônjuge, consegue autorização para desligar os aparelhos que mantém viva sua esposa e vítima do crime. Com base nesse ato, com novos argumentos e provas substanciais, inclua-se aqui a bala extraída da vítima, o promotor o acusa de homicídio doloso, que não é qualificado ou privilegiado, ou seja, que é cometido buscando o resultado