Resenha Durkheim - Um Toque de Clássicos
Por: Bruno Marozzi • 12/11/2019 • Resenha • 1.823 Palavras (8 Páginas) • 521 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
BRUNO MAROZZI FERNANDES
RESENHA DO LIVRO: UM TOQUE DE CLASSICOS (EMILE DURKHEIM)
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS / 2° SEMESTRE
Professor: Drª Isabella Fernanda Ferreira
Corumbá, MS
2019
O livro Um Toque de Classicos (editora UFMG, 2003), dos autores Tania Quintaneiro, Maria Lígia de Oliveira Barbosa e Márcia Gardência Monteiro de Oliveira, tem como objetivo a análise das obras dos autores clássicos da sociologia: Marx, Durkheim e Weber, descrevendo seus pensamentos de uma forma mais simples já que as obras originais são de difícil compreensão. Nesta resenha falaremos sobre o capítulo dois, que descreve o trabalho de Durkheim pela visão da autora Tania Quintaneiro.
Tania Quintaneiro é graduada pela UFMG em Ciências Políticas. Mestre na área, é professora aposentada do Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMG. Atua na área da Sociologia Clássica e na política interamericana e a atuação do Estado, com ênfase no Brasil. Outras obras da autora que podemos citar: Processo civilizador, sociedade e indivíduo na teoria sociológica de Nobert Elias; Labirintos simétricos: introdução à teoria sociológica de Talcott Parsons e Retratos de mulher.
Émile Durkheim foi um pensador francês que mais contribuiu para a consilodação da Sociologia como ciência empírica e para sua instauração no meio acadêmico, tornando-se o primeiro professor universitário dessa disciplina. Viveu em um momento conturbado de Europa, com guerras e em vias de modernização, e sua produção reflete a tensão entre valores e instituições que estavam sendo corroídos e as formas emergentes que ainda não se encontravam totalmente configuradas.
Ele teve como referências a Revolução Francesa e Industrial, além de Saint-simon e Comte. Também recebeu influencia de Kant, do darwinismo, do organicismo alemão e do socialismo de cátedra. Acreditava na lei do progresso (aperfeiçoamento gradual da humanidade) herdada do Iluminismo, e acreditava que o estudo das ciências sociais deveria ser pelo método positivo.
Durkheim definia a Sociologia com a ciência das instituições, do seu nascimento, do seu funcionamento e o seu estudo se dava pelos fatos sociais. Tais fenômenos compreendem toda a maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter. Sendo assim, o fato social é algo dotado de vida própria, externo aos membros da sociedade e que exerce sobre seus coracoes e mentes uma autoridade que os leva a agir, pensar e a sentir de determinadas maneiras. Para Durkheim a sociedade não é o somatório dos individuous vivos que compõem ou de uma mera justaposição de suas consciências. “A sociedade então, mais do que uma soma, é uma síntese e, por isso, não se encontra em cada um desses elementos, assim como os diferentes aspectos da vida não se acham decompostos nos átomos contidos nas células: a vida esta no todo e não nas partes.” (QUINTANEIRO, pág. 62)
As representações coletivas são uma das expressões do fato social. Elas compreendem os modos como a sociedade vê a si mesma e ao mundo que a rodeia como, por exemplo, a massa de indivíduos que compõem, as coisas de que se utilizam e o solo que ocupam, representando-os através de suas lendas, mitos, concepções religiosas, ideais de bondade ou de beleza, crenças morais, etc. (QUINTANEIRO, pág. 65)
Outro importante aspecto destacado pela autora sobre o conjunto de fatos social são os valores de uma sociedade. Eles possuem uma realidade objetiva, independente do sentimento ou da importância que alguém individualmente lhes dá. Sempre que alguém não atende a uma convenção humana, resisti a uma leu, viola uma regra moral, ou não use o idioma local, esse individuo tropeçará com os demais membros da sociedade que tentaram impedi-lo, convence-lo, ou restringir suas ações.
Uma das preocupações dele, era utilizar um método de estudo que permitisse a ele estudar de maneira cientifica, superando o senso comum. A autora conclui que o método adotado por Durkheim se assemelha ao adotado pelas ciências naturais, com a ressalva de que os fatos que a Sociologia examina pertencem ao reino social e têm particularidades que os diferem dos fenômenos da natureza. Portanto, tal método deveria ser estritamente sociológico. Para Durkheim, os fatos sociais deveriam ser tratados como coisa, afastando o investigador de suas manifestações pessoais.
O pensamento de Durkheim ajuda a compreender a sociedade atual em diversos aspectos. Um exemplo que pode ser aplicado para o mundo inteiro é a língua que falamos, ela se constitui um fato social a medida em que nos é externa, ou seja, logo que nascemos já existe a coerção de falarmos a língua que nos foi imposta conforme a nossa nacionalidade, e a não utilização desta língua acarreta em isolamento social.
A autora destaca que as regras morais, que são fatos sociais, possuem uma autoridade que implica a nocao de dever e, aparecem-nos como desejáveis, embora o seu cumprimento se dê com esforço que nos arrasta para fora de nos mesmo, e que por isso mesmo eleva-nos acima de nossa própria natureza.
De acordo com a autora, Durkheim acreditava que nos possuímos duas consciências, uma comum ao grupo e outra individual. Quando há integração social, a consciência do grupo se sobrepõe a individual, e quanto maior a consciência do grupo, maior a coesão entre os indivíduos. Ao mesmo tempo, em sociedades onde há a divisão do trabalho, a coesão também aumenta, devido ao surgimento de uma solidariedade baseada na interdependência dos indivíduos do grupo.
Para Durkheim, existia dois tipos de solidariedade: a orgânica e a mecânica. “A solidariedade é chamada mecânica quando liga diretamente o individuo à sociedade, sem nenhum intermediário, constituindo-se de um conjunto mais ou menos organizado de crenças e sentimentos comuns a todos os membros do grupo: é o chamado tipo coletivo”. (QUINTANEIRO, pág. 72). A solidariedade orgânica acontece quando a divisão do trabalho social se acentua na sociedade. Os indivíduos passam a ser interdependentes entre si, resultado do processo de individualização dos membros dessa sociedade. Durkheim se utilizava da predominância de certas normas do Direito como indicadores da presença de um ou outro tipo de solidariedade, já que esta sendo um fenômeno moral, não pode ser diretamente observada.
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