Resenha do livro - Dos meios às mediações
Por: Raphael Ruas • 15/11/2017 • Resenha • 1.087 Palavras (5 Páginas) • 2.483 Visualizações
UNIVERSIDADE PAULISTA
Victória Raysa Botelho Lourenço
Resenha do livro “Dos meios às mediações”
Primeira parte, capítulo II
2017
SP
- NEM POVO NEM CLASSES: SOCIEDADE DE MASSAS
A maioria dos manuais para estudiosos da comunicação tenta justificar o advento das sociedades massificadas deu-se entre os anos de 1930 e 1940, ignorando – praticamente desconhecendo – todas as causas sociais e políticas que levaram a esse resultado, tomando, como causa única e suficiente, a tecnologia para essa “nova sociedade”. Isolando as mudanças culturais que ocorriam há quase um século nos anos 30 que causaram a massificação da sociedade.
A industrialização teve claro papel na mudança de vida das classes populares. Na mesma medida em que as técnicas de produção e as riquezas materiais aumentavam, o racional ganhava poder, o povo se tornava mais pobre de cultura.
Como citado por Tocquesville, a primeira vez que se identificou a sociedade de massas deu-se pelo “medo das turbas”. Com a revolução industrial houve uma separação clara entre a burguesia e a população trabalhadora, que, por consequência, gerou uma consciência coletiva quanto à exploração arquitetada pela minoria burguesa que passa a reger a sociedade. Essa consciência torna-se chave para a democracia moderna, começa a crescer o senso de que toda a pessoa é igual e livre, assim a população começa a girar entorno de sí própria.
O primeiro exemplo dessa sociedade pode ser observado mais claramente no solo estadunidense, onde não se trabalha necessariamente por dinheiro, mas sim pelo entendimento do seu papel na máquina social, isso rege a “grande máquina social”, bem ajustada, dando um “ar de família”.
No final do século XIX a ideia de massa associada ao proletariado se intensifica, a burguesia começa a reagir a essa força crescente, em que a grande massa tende a atrapalhar a ordem social existente.
Le bom e Freud começam a estudar como sugestionar as massas a um devido fim, através de ideologias, abrindo a possibilidade da criação de ferramentas para controle das massas.
Wilhelm Reich traça a alma coletiva com a fidelidade ao sangue e a terra, advinda da ideologia do nacional socialista. “não existe nenhum processo socioeconômico de alguma importância histórica que não esteja ancorado na estrutura psíquica das massas e que não se tenha manifestado através de algum comportamento dessas massas”[1].
Nas décadas de 30 e 40, cria-se a primeira teoria da comunicação L 'Opinion et Ia Foule[2], onde o conceito de crença religiosa é tratado como opinião e a massa convertido em público. As crenças se recolocam no espaço de sua circulação na imprensa e o público ativo e ruidoso é progressivamente convertido em uma massa silenciosa e assustada, através de uma cultura de espetáculo.
No primeiro terço do século XX é clara a sensação de desastre definitivo por parte da direita tradicional conservadora, Ortega traz a teoria do homem-massa, utilizando de uma linguagem metafísica para explicar o aparecimento da multidão antes despercebida do cenário social agora como personagem principal. As massas e o medo de uma revolução voltam a ameaçar a ordem vigente.
Ortega traz o paradoxo entre as ideologias políticas da época e o popular. Nenhuma das políticas aparentemente conseguiram representar os anseios da população. Na mesma época Spengler, através do seu livro “a decadência do Ocidente”, apresenta a cultura como um ciclo vivo, com os estágios nascimento, crescimento e morte, e assim, a democracia de massas, nesse ponto histórico, apresenta indícios de sua morte. Os dois sinais da morte da cultura e democracia da época são a desvirtuação da verdadeira liberdade e a dissolução da ciência – fragmentação. A democracia falsa a perda da unidade do saber a concepção da história é incapaz de dar conta das novas contradições.
Após a II Guerra Mundial a Europa deixa de ser o foco do mundo, e é nos Estados unidos que se encontra o novo exemplo de democracia moderna, alterando a direção de queda considerada inevitável por grande parte dos filósofos. Na segunda metade dos anos 40 em diante os EUA se afirmam como um novo líder mundial e seu novo conceito de liberdade – econômica e social – é difundido para o resto do mundo através da cultura produzida pelos meios massivos, segundo Schiller é nos EUA que acontece o renascimento da fé na democracia com fusão da igualdade e liberdade.
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