Sociologia
Por: juliamelo3 • 10/4/2015 • Trabalho acadêmico • 5.007 Palavras (21 Páginas) • 204 Visualizações
FACULDADE PITÁGORAS
ENGENHARIA QUÍMICA 2º PERÍODO MATUTINO
ÉTICA, POLÍTICA E SOCIEDADE
PROCESSO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA PARA A GLICERINA PRODUZIDA NO PROCESSO DE OBTENÇÃO DO BIODIESEL
ALUNOS:
Ana Letícia Guterres Almeida
Gabriela Rangel
Júlia Bernardo Soares Melo
Márcio Soares Lima
Ronald Soares Silva
Pedro Cavalcante da Costa Neto
Luís Thiago Fonseca Santos
SÃO LUÍS
Novembro/2014
- Introdução
O uso do biodiesel, como combustível alternativo ao diesel fóssil, tem aumentado nos últimos anos, e isto tem ocorrido, devido ao fato de diminuir a dependência da importação de óleo diesel e também por possibilitar a diminuição das emissões veiculares poluidoras. Isso porque, sendo o biodiesel um combustível renovável, pode também servir como ferramenta de desenvolvimento rural pelo estímulo à produção de matérias-primas agrícolas destinadas à sua produção.
Segundo César (2009), o Brasil possui vantagens competitivas importantes na produção geral de biodiesel e é considerada uma referência no uso de fontes renováveis de energia, apresentando disponibilidade de áreas agricultáveis que poderiam ser direcionadas às atividades da agro energia, fato este que não ocorre na maioria dos países produtores de bioenergia, especialmente os da Europa.
No Brasil, a produção de biodiesel foi estimulada pela criação, em 2004, do Programa Brasileiro de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) e pela Lei 11.097, de 13/01/2005, que estabeleceu a obrigatoriedade da adição de 2% em volume de biodiesel do óleo diesel em qualquer parte do território nacional, a partir de 2008.
No entanto, com a evolução da capacidade produtiva brasileira instalada, houve uma antecipação das porcentagens mínimas da mistura. Entre julho de 2008 e junho de 2009, a adição passou para 3% (B3). A partir de julho de 2009, o biodiesel passou a ser adicionado ao óleo diesel na produção de 4% (B4) em volume. Desde 1º de janeiro de 2010, o óleo diesel comercializado em todo o Brasil contém 5% de biodiesel. Este último incremento foi estabelecido pela resolução nº 6/2009 do Conselho Nacional de Política Enérgica (CNPE), publicada no Diário Oficial da União (DOU), em 26 de outubro de 2009.
Uma das consequências deste aumento da produção do biodiesel do PNPB foi o aumento da produção de glicerina, um coproduto da produção do biodiesel. Para cada 100 litros de biodiesel produzidos, são gerados aproximadamente 10 kg de glicerina bruta ( PARENTE, 2003; NAE, 2005; KNOTHE ET al., 2006; CHING e RODRIGUES, 2007).
Além da produção de biodiesel, a glicerina é coproduto de outros dois processos produtivos de origem natural, a saponificação e a hidrólise, que produzem respectivamente sabões e ácidos graxos. Devido a esta característica de coproduto, a produção de glicerina não é determinada pelo seu mercado, mas pela demanda global dos produtos que utilizam os processos que geram a glicerina.
Podendo a glicerina ser utilizada como matéria-prima para as indústrias farmacêuticas, cosmecêutica, alimentícia, sendo esse direcionamento feito de acordo com o seu grau de pureza (APPLEBY, 2006).
Devido a todo este quadro favorável ao crescimento da produção e comercialização do biodiesel no Brasil e, consequentemente, a geração de glicerina, torna-se, então, conveniente explorar como a cadeia produtiva do biodiesel está operando seu principal coproduto, a glicerina. Esta dissertação tem como proposta, avançar na análise dos processos de inovação tecnológica nessas cadeias produtivas.
1.1. Problemática e Justificativa
A previsão de produção de biodiesel no Brasil é de 2,4 milhões de m³ para o ano de 2010 (BIODIESELBR, 2010), gerando, aproximadamente, 240 mil toneladas de glicerina. No entanto, o consumo interno de glicerina do país é de cerca de 40 mil toneladas anuais (ABIQUIM, 2008). Para agravar este cenário, estima-se que, no mundo, cerca de 700 mil toneladas de glicerol por ano já sejam consideradas excedentes de mercado (BIODIESELBR, 2008).
Este excedente causa preocupação, já que esta glicerina derivada do processo de fabricação do biodiesel é altamente poluidora. Este coproduto, por ser insolúvel, em contato com rios e lagos, precipita-se na água e dificulta a oxigenação dos animais aquáticos. Por outro lado, se queimada, ela emite acroleína, um composto químico tóxico e cancerígeno.
“A condição humana do trabalho é a mundanidade.” (Condição Humana- Hannah Arendt, p.15), ou seja, aquilo que o homem consegue através de sua capacidade de produzir. Tendo-se em vista que os interesses do homem vêm em primeiro lugar.
Outro ponto importante é a queda do preço deste produto no mercado interno. O preço deste produto caiu de R$ 4,00 para R$ 0,80 por kg com início da produção de biodiesel (BIODIESELBR, 2008).
“Em outras palavras, a distinção entre trabalho produtivo e trabalho improdutivo contém, embora eivada de preconceito, a distinção mais fundamental entre obra e trabalho. Realmente, é típico e todo trabalho nada deixa atrás de si: o resultado do seu esforço é consumido quase tão depressa quanto o esforço é despendido. E, no entanto, este esforço, a despeito de sua futilidade, decorre de enorme premência; motiva-o um impulso mais poderoso que qualquer outro, pois a própria vida depende dele. A era moderna em geral e Karl Marx em particular, fascinados, por assim dizer, pela produtividade real e sem precedentes da humanidade ocidental, tendiam quase irresistivelmente a encarar todo o trabalho como obra e a falar do animal laborans em termos muito mais adequados ao homo faber, como a esperar que restasse apenas um passo para eliminar totalmente o trabalho e a necessidade.” (ARENDT 2010, p. 98).
Arendt considera, também, que a própria atividade da obra, independentemente de estar na esfera privada ou na esfera pública, possui uma produtividade própria, mesmo que a duração de seus produtos seja muito menor. Essa produtividade reside na força de trabalho humana, que explica a produtividade do trabalho. Contudo, ao contrário da produtividade da obra, que tem como característica acrescentar novos objetos ao artifício humano, a produtividade do trabalho apenas ocasionalmente produz objetos e sua preocupação fundamental são os meios da própria reprodução e nunca obtém outro “produto” do que a vida.
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