Sociologia Classica
Artigo: Sociologia Classica. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: renannovaes • 17/9/2014 • Artigo • 2.019 Palavras (9 Páginas) • 348 Visualizações
Sociologia Clássica
A formulação do pensamento social em bases científicas dependeu do aparecimento de condições históricas exigindo a análise da vida social em sua especificidade e concretude. Dependeu também do amadurecimento do pensamento científico e do interesse pela vida material do homem. Resultou ainda do aprofundamento das análises filosóficas especialmente as propostas pelas Revoluções Burguesas. Esses movimentos trouxeram a tona, dúvidas relativas às liberdades humanas, aos direitos individuais e a legitimidade dos movimentos sociais. Por trás da ação política, havia um questionamento a respeito das peculiaridades da vida humana e da sociedade. Essa filosofia social gerou tendências e escolas de pensamento que desembocaram nas primeiras formulações sociológicas
O Darwinismo Social: A expansão das indústrias resultante das Revoluções Burguesas que atingiram a Europa no Sec. XIX trouxe a destruição da velha ordem feudal e a consolidação da nova sociedade – a sociedade Capitalista (estruturada no lucro e na produção ampliada de bens). Mas no final desse século, amadurecido o capitalismo e estabelecidas bases industriais de produção, a economia européia passa por um novo choque: o crescimento do mercado não obedece ao ritmo de implantação da indústria, gerando crises de superprodução que levam a falência milhares de pequenas indústrias e negócios - há um excedente da oferta sobre a demanda, gerando guerra concorrencial, provocando acentuada queda de taxa de lucro. Como conseqüência, as empresas sobreviventes se unem e disputam entre si o mercado e a livre concorrência. O que parecia ser a condição geral de funcionamento da sociedade capitalista foi sendo substituída pela concentração das atividades produtivas nas mãos de um pequeno número de produtores. Começam a se formar grandes monopólios e oligopólios asso9ciados a poderosos bancos, que passam a financiar a produção por meio do capital financeiro, gerando dívidas crescentes que só poderiam ser pagas com a expansão do mercado e da produção. Ultrapassar os limites da Europa seria a única solução para garantir a sobrevivência dessas indústrias e lucros desses bancos.
A Europa se volta mais uma vez pára conquista de impérios além-mar, tendo como alvo, África e Ásia. Nesses continentes, podia-se obter matéria-prima bruta e mão de obra a baixíssimo custo. Havia também pequenos mercados consumidores e áreas ideais para investimento em obras de infra-estrutura. Porém a exploração dessas novas colônias encontrava resistência nas estruturas sociais e produtivas vigentes.
Os países europeus tiveram que lidar com civilizações organizadas sob princípios diferentes dos seus como o politeísmo, poligamia, poder tradicional, castas, economia baseada em agricultura de subsistência e artesanato local. Tornava-se necessário organizar sob novos moldes as nações que conquistavam, estruturando-as segundo os princípios capitalistas, do contrário seria impossível racionalizar a exploração da matéria-prima e da mão-de-obra de modo a permitir o consumo de produtos industrializados europeu e a aplicação rentável dos capitais excedentes nesses territórios.
A conquista, a dominação e a transformação da África e Ásia pela Europa exigiam justificativas que ultrapassassem os interesses econômicos imediatos. Assim, os países da Europa se revestiram de uma aparência humanitária que ocultava a violência da aculturação e se transformavam e “Missão civilizadora”. Transformavam de modo radical suas tradições, costumes, hábitos. A “civilização” era oferecida, mesmo contra vontade dos dominados, como forma de elevar as nações do estado primitivo ao mais desenvolvido. O argumento inquestionável baseava-se no princípio de que o mais alto grau de civilização teria sido alcançado pelos europeus com a sociedade industrial capitalista do século XIX. Essa forma de pensar apoiava-se em modelos teóricos desenvolvidos pelas ciências naturais, especialmente o proposto pelo cientista inglês Charles Darwin. Políticos e cientistas da época leram as teses de Darwin como se fosse a explicação da formação das espécies: a seleção natural pressiona as espécies no sentido da adaptação ao ambiente obrigando-as a se transformar continuamente com a finalidade de se chegar a perfeição e garantir a sobrevivência. Em conseqüência, os organismos tendem a adaptar-se cada vez melhor no ambiente criando formas complexas e avançadas de vida que possibilitam, pela competição natural, a sobrevivência de seres mais aptos e evoluídos.
Para a sociedade, tais idéias resultam no Darwinismo Social – o princípio a partir do qual as sociedades se desenvolvem de forma semelhante, segundo um modelo “superior” e tais transformações representariam a garantia de sobrevivência, fortalecimento e evolução. E inspirados nessa concepção evolucionista, cientistas sociais estudaram sociedades tradicionais da África, da Ásia, América e Oceania como se fossem “fósseis vivos” – exemplares primitivos, do passado da humanidade. Essa explicação aparentemente científica justificava a intervenção européia em outros continentes. Naquela época, como hoje, os frutos do progresso não eram igualmente distribuídos e nem todos participavam das benesses da civilização. Movimentos de reivindicação de camponeses e operários provaram isso.
Uma visão crítica do Darwinismo: A transposição de conceitos físicos e biológicos para o estudo das sociedades e do comportamento humano promoveu desvios interpretativos graves, que acabaram por emprestar uma garantia de cientificismo a ações guiadas por preconceito e interesses particulares. Um desses desvios aconteceu à aplicação do conceito de Darwin. Hoje, percebe-se que a complexidade da cultura humana tem concorrido para limitar a ação da lei de seleção natural. Mesmo autores que continuam aceitando a idéia de que as leis de evolução explicam escolhas realizadas pelo homem, admitem que o entendimento de como essa lei age deve basear-se em critérios amplos, flexíveis e relativos que deem conta da maravilhosa diversidade da cultura humana.
Essa aplicação leviana do conceito de espécie à análise da sociedade serviu no século XIX para justificativas de ações políticas e econômicas européias sobre a África, Ásia, sem que avaliassem as conseqüências do que se entendia, em termos sociais, por país mais forte ou mais evoluído. Identificar a especificidade das regras que regem as sociedades é fundamental para o uso de conceitos de outras ciências. Ainda hoje se tenta essa transposição para justificar realidades sociais. A regra darwinista de competição e da sobrevivência do mais forte é aplicada às leis do mercado, principalmente
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