Sociologia do Ambiente
Por: Ana Garcia • 8/6/2016 • Trabalho acadêmico • 2.486 Palavras (10 Páginas) • 231 Visualizações
INSTITUTO SUPERIOR DE CIENCIAS DO TRABALHO E DA EMPRESA – INSTITUTO UNIVERSITÁRIO DE LISBOA
LICENCIATURA DE SOCIOLOGIA
SOCIOLOGIA DO AMBIENTE
Ano letivo 2015/2016
Docente: Aida Valadas Lima
Sociologia do Ambiente,
Um alerta para a humanidade?
Ana Miguel Garcia
Nº32157
A sociologia é, no âmbito das ciências humanas, a “disciplina” que tem por objeto o estudo do comportamento do homem como unidade integrante e constitutiva da sociedade, tendo em conta as diversas situações em que ele, homem, se movimenta ou se vê envolvido, nessa mesma sociedade, em função do meio em que vive e das regras ou leis a que estão sujeitos os indivíduos que eventualmente se organizam em associações, grupos ou instituições dos mais diversos carizes e com multifacetados objetivos.
É, assim, que a sociologia se assumiu durante muitos anos como uma ciência marcadamente antropocêntrica, isto é, que direcionou as suas preocupações para o ser humano, fazendo dele o foco essencial dos seus objetivos, do seu estudo, das suas investigações, enfim das suas preocupações quase únicas, como ciência.
O homem estava no centro de todo o trabalho científico da sociologia. Ela analisava, investigava e acompanhava o homem no seu percurso como individuo e como parte integrante da sociedade. Quase não se preocupava com fenómenos que, aqui e ali, emergiam sobre a terra, os quais, embora influenciando frequentemente os comportamentos e as atitudes dos seus habitantes, não se constituíam como direto e imediato objeto do estudo para esta ciência social.
Por exemplo, um sociólogo contrato por uma empresa, procura essencialmente diminuir e dar a solução possível aos problemas e conflitos que emergiam no âmbito dos recursos humanos dessa mesma empresa, para que tudo funcionasse o melhor possível no campo do trabalho e para que os objetivos a atingir não sofressem desvios por meras questões laborais. O sociólogo centrava a sua atividade no interior da empresa, deixando a outros, as preocupações (se é que elas existiam) com potenciais malefícios que a unidade de produção, eventualmente, pudesse provocar no espaço envolvente, não só do ponto de vista estritamente físico, isto é, na natureza, como também no âmbito das comunidades humanas próximas e ocupantes desse mesmo espaço.
Estas mesmas comunidades “ignoravam” também esses mesmos malefícios, preocupadas como estavam sobretudo com os benefícios, sobretudo financeiros, que poderiam usufruir com a laboração das unidades industriais que lhes eram próximas.
No entanto, tais malefícios começaram a atingir grandezas de tal forma preocupantes, que já não era mais possível ignorar tal situação. Os homens passaram, desta forma, a ser agredidos no exterior com o drástico efeito dos problemas que eles próprios criavam no interior das empresas onde exerciam a sua atividade.
Aqui, a comunidade científica, e nomeadamente aquela que à sociologia diz respeito, não pode mais voltar as costas a estes problemas e “seguir em frente”, como se nada se passasse nas suas barbas.
Por isso, a sociologia, viu-se constrangida a olhar para estas questões com um espírito de cruzada, no sentido de despertar as consciências para uma eventual catástrofe eminente.
Desta forma surgia, no âmbito da sociologia, um ramo especificamente dedicado ao estudo das questões do meio ambiente, por forma, se não a travar, pelo menos a dar uma ajuda no sentido de minorar o desastre ambiental que se desenhava.
Nasce assim a “sociologia do meio ambiente” ou a “sociologia ambiental”, de que irei ocupar-me neste trabalho.
Procurarei fazê-lo numa perspetiva histórica por forma a integrar, dentro do possível, os elementos e os fenómenos que levaram à criação daquele disciplina, bem como das necessidades em que tal mística se vê envolvida.
Um dos fatores que haveriam de ser decisivamente mais influentes e constrangedores no aparecimento e criação da “sociologia ambiental” foi, sem dúvida, a “revolução industrial” que dominou a Europa nos séculos XVIII e XIX e que teve como características mais preponderantes a substituição do trabalho puramente laboral e artesanal, sem regras de remuneração, pelo trabalho assalariado em que predominava a utilização de máquinas. Esperava-se, deste modo uma radical transformação nos usos e costumes da sociedade humana, primeiramente na Europa, onde a maior parte da população tinha a sua morada no campo, vivia essencialmente da agricultura, produzindo com as suas próprias mãos aquilo de que necessitava para conseguir sobreviver.
Até então predominavam as manufaturas caraterizadas por serem grandes complexos laborais, onde os produtos finais eram obtidos pelas grandes massas de trabalhadores, mediante operações realizadas manualmente (daí o nome “manufatura”).
A grande percursora e dinamizadora da Revolução Industrial foi a Inglaterra, que dispunha de uma burguesia endinheirada e usufruía de uma situação geográfica em pleno atlântico e que lhe era vantajosa para o escoamento dos produtos fabricados para mercados longínquos.
No entanto, as leis do trabalho eram praticamente inexistentes. Quem as ditava eram os donos das fábricas, que obrigavam os operários a trabalhar em condições desumanas (chegavam a trabalhar 15 horas diárias), recebendo miseráveis salários.
A Revolução Industrial teve uma primeira etapa confinada à Inglaterra e ficou caracterizada pelas indústrias de tecido de algodão, produzidas em teares mecânicos, bem como pelo aperfeiçoamento da máquina a vapor.
Numa segunda fase, a Revolução Industrial chegou à Alemanha, França, Rússia e Itália e caraterizou-se pela utilização do aço, da energia elétrica, do petróleo, do motor de explosão, da locomotiva a vapor e dos produtos químicos.
A história parecer consagrar já a invenção e utilização das novas tecnologias, verificadas em todo mundo nos séculos XX e XXI, como uma terceira etapa da revolução industrial.
Todo este avanço tecnológico, operado a partir de finais do século XVIII até aos nossos dias, proporcionou relevantíssimos benefícios à humanidade por um lado, mas por outro, trouxe consigo grande carga negativa para o planeta, já que tudo o gerava riqueza para conforto e felicidade do homem era produzido a partir de uma apropriação desenfreada e descontrolada dos recursos da natureza, nas suas mais diversas manifestações, a um ritmo vertiginosamente geométrico. Hoje podemos olhar, por um lado, para o fausto e sumptuosidade que uma parte da população do planeta usufrui, mas, por outro, observamos, com justificada apreensão, o panorama desolador da pobreza cada vez mais acentuada dos recursos naturais, que uma “louca” exaustão operada pelo homem provocou, além de nos legar um mundo terrivelmente agredido nos seus mais valiosos e indispensáveis requisitos para uma existência e vivência saudáveis, situação que nos inibe de olhar o futuro sem os temores, ansiedades e angústias que nos invadem perante a “visão” de um futuro terrivelmente negro para o ser humano sobre a terra.
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