Sociologia do trabalho
Seminário: Sociologia do trabalho. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: RAFAELACAD • 20/2/2015 • Seminário • 1.300 Palavras (6 Páginas) • 214 Visualizações
Essa justificativa é explicada através do paradigma industrial e tecnológico, no modo de acumulação flexível, adotado a partir dos anos oitenta, pelo uso da força de trabalho polivalente, ágil, multifuncional com fins de dar consistência a esse modelo que se baseia na economia de escopo, sustentada na demanda. A flexibilidade e a polivalência são elementos condicionantes desse padrão de produção, rompendo com o modelo fordista que caracterizava a força de trabalho pela sua especialidade, devido à linearidade de seu sistema. A rigidez do fordismo é substituída pela idéia de flexibilidade e pela polivalência que o trabalhador deve desempenhar no uso de suas funções. O operário que anteriormente controlava apenas uma máquina ou uma operação de uma máquina, passa a ser responsável por uma ou várias máquinas que executam diversas operações e que muitas vezes pode ser operacionalizada no próprio escritório. Esse dado reflete que a economia líquida do tempo de trabalho ocorre e que essa circunstância é um fator do desemprego tecnológico, apesar de não ser o único.
Nos países avançados, o desemprego tecnológico é minimizado por planos de desenvolvimento e reorganização social, nos quais, apesar do uso de novas tecnologias, são mantidos os níveis de emprego. Porém existe uma discussão contínua promovida pelos seus sindicatos, conforme afirma Falabella (apud NEDER,1988,p.15-16) no que diz respeito à diminuição ou ao desaparecimento de seus coletivos de trabalho, "sobre o flagelo do desemprego e a concorrência entre os jovens treinados para lidar com a nova tecnologia e os operários especializados de meia-idade"[1].
Já nos países não avançados, como o Brasil, as discussões normalmente não ocorrem e quando acontecem têm fins socialmente estabelecidos pelas classes hegemônicas, defendendo seus principais interesses políticos. Dessa maneira, precisa-se começar a discutir a possibilidade de políticas que girem em torno de medidas reivindicatórias, que permitam ao trabalhador ter conhecimento daquilo que pode ocorrer consigo, à medida que é afastado do processo de trabalho pelas causas decorrentes dessas novas exigências mercantis do modo de acumulação, de suas potencialidades frente à recolocação no mercado como meio de enfrentar o desemprego tecnológico.
Essas medidas não podem ser avaliadas, sem serem questionados os aspectos que concernem às questões econômico-estruturais, que envolvem aumento da produção e da demanda; de investimentos nas áreas produtivas, nas condições de trabalho, nos planos de ocupação, de emprego e do uso de novas tecnologias. Certamente essas discussões afetam a "ordem social", pois questionam regras, leis, padrões de consumo, de produção, novas incorporações de categorias ao mercado de trabalho, relação campo-cidade, uma nova divisão do trabalho entre grupos, uma nova estrutura da própria família, uma escola funcional, uma diferente visão de espaço e de utilização de energias naturais e respeito à natureza. Esses poderiam ser bons motivos para se discutir o futuro de uma sociedade que começa a ser ameaçada pelo uso excessivo de máquinas e que tem claros os impactos imediatos dessas políticas tecnológicas que são usadas na competição econômica, sem preparar a população para as suas conseqüências.
Na literatura disponível de sociologia do trabalho, aparece atualmente com muita freqüência a discussão de que a reestruturação produtiva acarreta desemprego tecnológico. Entretanto, não se pode esquecer que, no início da década de oitenta do século passado, houve uma forte recessão econômica no Brasil, acompanhada de desemprego, sem que tenha ocorrido uma reestruturação na produção. Vale lembrar que as políticas econômicas adotadas naquele período, para combater a inflação e enfrentar a recessão, reduziram o ritmo de crescimento da economia, trazendo consigo uma série de efeitos como baixo índice de investimentos nas atividades produtivas, uma forte sangria financeira para o pagamento dos juros da dívida externa, bem como uma deterioração de importantes setores da infra-estrutura econômica. Essas políticas foram marcadas por uma economia oligopolizada, que ensejou ao país sofrer uma forte deterioração da capacidade operativa dos empreendimentos econômicos. A diferença entre países avançados e não avançados está no fato de que enquanto os primeiros fizeram a revolução tecnológica e investiram em novos processos de produção, os segundos permaneceram naquele período defasados, com um parque industrial incapaz de acompanhar os avanços da revolução tecnológica e as exigências do comércio mundial.
Pode-se dizer que, no contexto da crise econômica, expandiu-se o desemprego tecnológico, quando o capital aproveitou-se dela para redefinir suas relações com o trabalho e impor novas formas de produção. Simultaneamente à reestruturação produtiva proposta, novos padrões de desempenho gerais na economia foram imprimidos, para salvaguardar as relações entre capital/trabalho, ferindo certamente o trabalho por relações e práticas tradicionais, precárias e intensas e fortalecendo o capital pela adequação de processos modernos, tecnologicamente viáveis, com investimentos financeiros públicos e privados, com a marca do novo modo de acumulação, ou seja, pela flexibilidade.
Terceirização, precarização e flexibilidade
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