Trabalhos dos Ciganos
Por: Luciano Bezerra Agra Filho • 26/8/2023 • Artigo • 6.605 Palavras (27 Páginas) • 58 Visualizações
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA
DOCENTE: IOLANDA BARBOSA DA SILVA
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO II
DISCENTE: LUCIANO BEZERRA AGRA FILHO
AS PERSPECTIVAS DA CIGANIDADE PARA A COMPREENSÃO SOCIOLÓGICA DA EDUCAÇÃO ESCOLAR: ESTUDOS CULTURAIS E HISTÓRICOS DE UM POVO À MARGEM DA SOCIEDADE.
Luciano Bezerra Agra Filho[1]
RESUMO
O presente ensaio é o alicerce das discussões iniciadas de uma pesquisa bibliográfica desenvolvida a partir de livros a respeito dos temas centrais dos Estudos Culturais da Cultura dos Povos Ciganos, Identidade, linguagens, e Formação Educacional em Sociologia. Levando em consideração, neste contexto, faz necessário compreender a perspectiva de desconstruir as falsas estereotipias sobre os povos ciganos é preciso conhecê-los, defendemos um processo de formação da educação articulado aos aspectos pedagógico e político que contribua para uma educação intercultural, de alteridade e de reconhecimento de distintas maneiras de sermos humanos. Destaco uma indagação: Como esses grupos foram vistos pela Sociologia? Outro ponto importante é que a linguagem cigana faz parte do processo de educação do grupo, de interação e além do mais é ensinada e aprendida num processo de aprendizagem oral e visual. Partindo desta compreensão tem por objetivo um estudo bibliográfico sobre a educação que ocorre dentro de clãs ciganos, entendendo-a como um processo formador que ocorre fora de ambientes escolares. Deve-se ressaltar que parte do princípio de que a educação vai além dos muros da escola, estando presente em todos os ambientes de socialização. Portanto, outro ambiente educacional, os clãs ciganos, nômades ou sedentarizados. Diante deste panorama apresento uma pesquisa sobre a história dos estudos culturais da educação e sociabilidades.
Palavras-chave: Estudos Culturais, Sociologia, Povos Ciganos, Educação Escolar, Identidade.
INTRODUÇÃO
Este ensaio nos reporta-se com um grupo social que se caracteriza por deslocamentos e mobilidades no tempo e no espaço me impulsiona a romper com a ideia de conceber do sistema educacional como sinônimo de escolarização e conhecimentos transmitidos pela escola. É importante ressaltar que os ciganos me aproximam de uma concepção alargada de educação que se depreende dos conhecimentos adquiridos nas práticas das representações sociais e culturais, nas dinâmicas cotidianas, na produção material da vida e no patrimônio imaterial. Isso posto, reportamo-nos poucos ciganos tem um contato duradouro com a escola e os conhecimentos nela adquiridos. Assim sendo, isso não significa que eles nada sabem e nem que não tem educação. Neste contexto, percebe-se que essa concepção alargada de educação é denominada por alguns de educação informal e tem como objeto de estudo o processo ocorrido em todas as formas de interação, a todo o tempo e em todo o lugar, isto é, a educação informal socializa os indivíduos, desenvolve os valores, princípios, hábitos, atitudes, comportamentos, modos de pensar e de se expressar no uso da linguagem, ou seja, segundo os valores, símbolos, poder e reprodução das crenças de grupos que se frequenta ou que pertence por herança, desde o nascimento. Visto que trata-se do processo de socialização dos indivíduos. De maneira geral discorre sobre a história cultural do povo cigano, seu nomadismo, o costume, as tradições de não fixar em um território específico, mas as perseguições acumuladas ao percurso do processo da unificação dos estados nacionais que definem como nação uma comunidade estável constituída por um agregado de indivíduos, com base no território, numa língua e com aspirações materiais e imateriais comuns. Compreende-se que o povo cigano ao não se vincular a um território, a um estado e não ter uma única língua, na geopolítica moderna, não se configura como uma nação.
Partindo desse pressuposto a origem e início da migração dos povos ciganos e sua dispersão inicial pelo mundo é um tema que desperta divergências entre os estudiosos, sendo incerta até o presente momento por não expor resultados. Em virtude disso, podemos dizer que a falta de informações suficientes sobre o assunto deve-se, sobretudo, ao fato de que em suas diversas andanças pelo mundo os ciganos foram incorporando uma parte dos costumes locais ao seu repertorio, havendo uma grande mistura em suas práticas. Nota-se que “a princípio, com um embasamento mais religioso do que científico acreditava-se que eles eram originários do Egito” (SANT’ANA, 1983, p.22) em que estas reflexões da origem da etnia cigana se deram embasada pela cor de pele, aparência e costumes, crenças, ofícios, linguagens dos ciganos que chegavam à Europa Central. Diante disto, percebe-se partir destes estudos, por meio das práticas sociais e culturais deste povo, presumiram ser de origem indiana, no antigo sistema de castas indiano os párias recebiam cargos que as “castas superiores achavam indignas, funções estas muito semelhantes às dos ciganos, como cuidar de animais e forjar metais” (SANT’ANA, 1983. p.26).
Como se pode observar não se submeterem ao sistema de castas começaram a se dispersar no próprio território hindu a princípio e pelo restante do mundo. Importa destacar que os estudos aproximaram os ciganos aos judeus, pela dispersão dos povos pelo mundo em virtude de perseguições políticas, raciais, econômicas e religiosas, entretanto, a falta de demais semelhanças descartou esta possibilidade. Seguindo esse pensamento partiu-se então para o “estudo da língua romani na tentativa de encontrar um suporte material para determinar a origem. Leyde Stephan Valyi, em 1763, encontrou proximidade entre vocábulos indianos e ciganos, concluindo que o romani provinha de uma língua hindu próxima ao sânscrito”. (SANT’ANA, 1983, p. 28). Percebe-se assim que, pelo nomadismo, característica essencial e marcante nos coletivos ciganos, há pouco da cultura de todos os países por onde andaram intrínsecas aos seus costumes, mas o que impede a reconstrução de sua origem por meio de comparações, não havendo um consenso até esse momento. Em suma, a maioria dos estudiosos desta temática insiste na origem hindu deste povo, apesar da carência de documentação.
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