A Análise e Desenvolvimento de Sistemas
Por: Eduardo Didrich • 31/8/2021 • Trabalho acadêmico • 2.131 Palavras (9 Páginas) • 1.016 Visualizações
Instituto Federal de Rondônia IFRO – campus de Ji-paraná
Atividade avaliativa da Língua Portuguesa
Acadêmico: Carlos Eduardo da Silva Didrich. Curso: Análise e Desenvolvimento de Sistemas Data: 31/agosto/2021
1- Leia o texto e respondas as questões abaixo: (Valor: 10 pontos);
Quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de cruzeiros, compro uma ilha; não muito longe do litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também, que de lá possa eu aspirar a fumaça e a graxa do porto. Minha ilha (e só de a imaginar já me considero seu habitante) ficará no justo ponto de latitude e longitude que, pondo-me a coberto dos ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bem viver; uma fuga relativa, e uma não muito estouvada confraternização.
De há muito sonho esta ilha, se é que não a sonhei sempre. Se é que a não sonhamos sempre, inclusive os mais agudos participantes. Objetais-me: “Como podemos amar as ilhas, se buscamos o centro mesmo da ação?” Engajados, vosso engajamento é a vossa ilha, dissimulada e transportável. Por onde fordes, ela irá convosco. Significa a evasão daquilo para que toda alma necessariamente tende, ou seja, a gratuidade dos gestos naturais, o cultivo das formas espontâneas, o gosto de ser um com os bichos, as espécies vegetais, os fenômenos atmosféricos. Substitui, sem anular. Que miragens vê o iluminado no fundo de sua iluminação?… Supõe-se político, e é um visionário. Abomina o espírito de fantasia, sendo dos que mais o possuem. Nessa ilha tão irreal, ao cabo, como as da literatura, ele constrói a sua cidade de ouro, e nela reside por efeito da imaginação, administra-a, e até mesmo a tiraniza. Seu mito vale o da liberdade nas ilhas. E, contentor do mundo burguês, que outra coisa faz senão aplicar a técnica do sonho, com que os sensíveis dentre os burgueses que se acomodam à realidade, elidindo-a?
Andrade, Carlos Drummond de. Divagações sobre as ilhas. In: __Poesia e prosa. Rio de janeiro. Nova Aguilar, 1983. P. 964
a) No primeiro parágrafo, verificamos que o narrador quer comprar uma ilha. Levando em conta apenas esse período, a palavra “ilha” tem aí um sentido denotativo ou conotativo?
b) No segundo parágrafo, o narrador diz que todos, mesmo os mais participantes e mais engajados politicamente, sonham essa ilha, ou seja, idealizam uma certa ilha. Que é a ilha para uma pessoa engajada?
c) O narrador afirma que a pessoa politicamente engajada é visionária; apesar de abominar o espírito de fantasia, cultiva-o em grau elevado. Por que considera ele que o ativista político possui um forte espírito de fantasia?
d) O significado da palavra “ilha” depreendido do segundo parágrafo obriga a redefinir o significado da palavra “ilha” no primeiro parágrafo. Levando em conta a localização desejada pelo narrador, que significa aí o termo “ilha”?
e) A partir da redefinição do significado da palavra “ilha”, é preciso redefinir os termos “ventos”, “sereias” e pestes. Significam eles respectivamente;
( ) corrente de ar, seres fabulosos, doenças contagiosas
( ) agitação, buzinas, pessoas más e rabugentas
( ) velocidade, coisas ambíguas, epidemias
( ) futilidades, seduções enganadoras, tudo o que corrompe moralmente
2- Leia o texto
Ditadura/Democracia
“A diferença entre uma democracia e um país totalitário é que numa democracia todo mundo reclama, ninguém vive satisfeito. Mas se você perguntar a qualquer cidadão de uma ditadura o que acha de seu país, ele responde, sem hesitação: “Não posso me queixar”.”
Millôr Fernandes. Millôr definitivo: A bíblia do caos
Questão: Para produzir o efeito de humor que o caracteriza, esse texto emprega o recurso da ambiguidade? Justifique sua resposta.
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3- A variante linguística concorre, entre outros recursos, para criar a imagem social do seu usuário, sendo, por isso, considerada como um expediente de figurativização da personagem. No diálogo transcrito a seguir, um dos interlocutores é falante de uma variedade de Português que apresenta uma série de diferenças com relação ao Português culto. Identifique, na fala desse interlocutor, as marcas formais dessas mudanças e transcreva-as. Faça, a seguir, uma hipótese sobre quem poderia ser esta pessoa (sua classe social e grau de escolaridade)
INTERLOCUTOR 1: Por que o senhor acha que o pessoal não estar mais querendo tocar?
INTERLOCUTOR 2: É ............... a rapaziada nova agora não são mais como era quando nós ia, não senhora. Quando nós saia com o Congo (dança africana) nós levava aquele respeito com o mestre que saía com nós, né? Então nós ficava ali, se fosse tomar arguma bebida só tomava na hora que nós vinhesse embora.
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4- Texto:
Paisagens com cupim
No canavial tudo se gasta
pelo miolo, não pela casca
nada ali se gasta de fora,
qual coisa que em coisa se choca.
Tudo se gasta mas de dentro:
o cupim entra nos poros, lento,
e por mil túneis, mil canais,
as coisas desfia e desfaz.
Por fora o manchado reboco
Vai-se afrouxando, mais poroso,
Enquanto desfaz-se, intestina,
O que era parede, em farinha.
E se não se gasta com choques,
mas de dentro, tampouco explode,
Tudo ali sofre a morte mansa
Do que não quebra, se desmancha
Melo Neto, João Cabral de. Poesias completas.3ª edição. Editora Olympio.
Levando em conta a possibilidade de várias leituras do poema, a corrosão (o desgaste) pode ser lida de diferentes planos. São eles o plano físico, o histórico(social) e o humano. Como entender a corrosão em cada um desses planos?
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