Estudos culturais em comunicação: da tradição britânica à contribuição latino-americana
Por: Jayara Lima • 9/9/2017 • Resenha • 938 Palavras (4 Páginas) • 315 Visualizações
DALMONTE, Edson Fernando, Estudos culturais em comunicação: da tradição britânica à contribuição latino-americana. São Paulo, IDADE MÍDIA ,2002
Os Estudos Culturais em comunicação abordam a relação que os meios de comunicação de massa possuem com os diferentes perfis de indivíduos na sociedade. Dessa forma, é relevante destacar que os receptores não são isentos de bagagem cultural, devido a função do passado na interpretação das mensagens midiáticas. Tendo em vista a ideia de cultura mundializada fica claro a figura adaptativa do cidadão numa sociedade que está em constante movimentos e transformações. A interação da mídias com as pessoas torna-se portanto, um fator cultural que orienta as ações individuais frente aos produtos da indústria cultural, no entanto, é nítido que há diferentes maneira de se apropriar e consumir aquilo que é produzido graças à diversidade cultural existente. Nesse contexto, os estudos culturais se apresentam como uma ferramenta capaz de verificar como acontece essa apropriação do discurso produzido pelas mídias.
Cultura esta intimamente ligada a diversidade em todos os níveis sociais, cada qual com suas especificidades. Marx, portanto, elaborou uma metáfora espacial na qual basicamente diz que a base (econômica) possui prioridades explicativas ou estabelece limites sobre a superestrutura (instituições culturais e políticas). Desse modo, para ele, a superestrutura (cultura) seria uma resposta reflexiva a uma determinação econômica. No entanto surge uma nova forma de se entender o processo, tomando a dinâmica cultural como objeto central do estudo. Nesse sentido, o consumo exerce uma construção de significado e não de submissão total à esfera econômico.
Gramsci toma para si o conceito culturalista de hegemonia para denominar o domínio exercido por um grupo social sobre outro, esse domínio, por sua vez é responsável por dar suporte à política. O domínio hegemônico é muito importante a qualquer tipo de dominação existente, uma vez que as ideias que serão difundidas entre o povo são aquelas pertencentes a classe dominante. Gramsi ainda defende sobre intelectualidade ao refletir que não existe trabalho que esteja isento de uma reflexão sobre o ato em si, no entanto, ele afirma que pode ser, que na sociedade nem todos os indivíduos desempenham funções intelectuais. Outro objeto de estudo muito frequente foi as classes, sendo que o fato de pertencer a uma classe foi por muito tempo a temática central, uma vez que somente a partir da noção de grupo pode-se perceber o indivíduo.
Prática pode ser entendida como a percepção imediata da sociedade, já que a consciência de problemas juntamente com o desejo de transformação gera o que chamamos de manifestações. Para Hoggart a cultura pode ser definida a partir de um longo processo de negociação entre o novo e o velho, uma espécie de hibridização entre características inovadoras e antigas. Dessa maneira a formação e divisão cultural que é um processo de grande importância nas relações de poder está sob responsabilidade de empresas capitalistas, uma vez que a parcela consciente da sociedade está ocupada das questões econômicas e políticas.
Podemos perceber que as variadas interpretações exercidas pelos indivíduos sobre quaisquer aspectos são resultado de uma bagagem adquirida de sua própria vivência, de uma interação com a realidade imediata, desse modo o aumento das possibilidades interpretativas está diretamente ligação à interação com os produtos dessa indústria cultural.
Os estudos culturais possuem uma visão isenta de preconceito sobre a relação da mídia com os receptores da mensagem. Hoggart , estuda a influência da imprensa popular sobre as ações dos indivíduos e até que ponto eles são capazes de resistir a tal influência. Nesse estudo observa que a resistência por parte dos consumidores é um importante elemento de impacto social dos meios de comunicação. Hoggart analisa toda conjunto da produção cultual que veicula entre as classes populares, e conclui que há uma lógica de alienação nesses produtos. No entanto, o autor propõe que essa visão estereotipada define às pessoas mais simples membros da sociedade de consumo, obcecados pelas novidades que são apresentados ou impostos.
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