OS TIPOS DE REPORTAGEM
Por: amandaboechat • 4/5/2017 • Trabalho acadêmico • 7.626 Palavras (31 Páginas) • 2.652 Visualizações
2.1 OS TIPOS DE REPORTAGEM
Às vezes, um relato pede uma maior extensão e aprofundamento ou um fato poderia ter sido explorado com mais relevância e valor. Desta maneira, surgiu a grande-reportagem, modelo jornalístico dedicado e alcançado para fugir da forma rasa e simples do jornalismo informativo, ampliando os fatos e suas percepções. Apresentando maior amplitude, a reportagem jornalística permite a imersão na profundidade dos fatos e toda a situação criada. Essa forma de contar história no jornalismo permite, por sua vez, desprender das regras e imposições – o maior deles, o lead – da maneira tradicional de noticiar.
Seu início foi em 1920, nas revistas semanais e também com o jornalismo interpretativo que, de acordo com Ana Maria Cordenonssi e José Marques de Melo (2008, p.1), é um gênero jornalístico que possibilita ao leitor uma ampla compreensão da ocorrência e elementos que envolvem os fatos por conter uma abordagem contextualizada e abrangente. Além disso, essa forma de apresentar jornalismo é “complementada com box, gráfico, tabela, ilustração, cronologia, mapa, matérias secundárias, etc”. (2008, p.1)
A Primeira Guerra Mundial foi considerada a gênese para a problemática – a partir do momento que a sociedade passou a necessitar e exigir boa informação – e evolução da informação. Lima (2009, p.19) relata que se percebe que a imprensa na época estava atrelada somente aos fatos, mas não era importante estabelecer a ligação de um fato ao outro. Visto isso, notou-se que o jornalista não estava preocupado em contextualizar os fatos e alinha-los – linha temporal e linha de conhecimento –, transferindo para a sociedade um sentido, mas somente em relatar um acontecimento de forma trivial.
Neste episódio, se vê a necessidade de qualificar as informações que eram divulgadas pela imprensa, a fim de construir um jornalismo mais conceituado e sociedade mais conhecedora, instruída e civilizada. Diante disso, cada vez mais a reportagem passou a ser aproveitada com intenção de fundamentar e justificar os relatos que, anteriormente, caracterizavam as informações vazias e desconhecidas. Não se trata somente de um novo modelo informativo, mas uma condição que, de acordo com Lima (2009, p.21):
Voltada para uma abordagem multiangular para uma compreensão da realidade que ultrapassa o enfoque linear, ganhando contornos sistêmicos no esforço de estabelecer relações entre as causas e as consequências de um problema contemporâneo (LIMA, 2009, p.21)
Vale complementar que, conforme Lage (1979, p.63):
Como estilo de texto (não como departamento das redações), a reportagem é difícil de definir. Compreende desde a simples complementação de uma notícia – uma expansão que situa o fato em suas relações mais óbvias com outros fatos antecedentes, consequentes ou correlatos – até o ensaio capaz de revelar, a partir da prática histórica, conteúdos de interesse permanente (LAGE, 1979, p.63)
Dessa forma, “a notícia é o relato integral de um fato que já eclodiu no organismo social” (MELO, 1985, p.49).
A notícia recebe a caracterização de reportagem e grande-reportagem quando passa a receber um tratamento extensivo e intensivo, buscando o além que é buscado na própria, pretendendo alcançar o contexto, revelar circunstâncias, descrevendo e interpretando uma situação.
Em conformidade com Lage (1979, p.63), referente à produção da reportagem, existem diferentes gêneros: de investigação, interpretação e as do novo jornalismo. O primeiro tipo, Lage aclara que toma partida de um fato para desencadear outros que estão, em parte, ocultados, surgindo uma nova situação que interesse jornalisticamente. O gênero de interpretação, quando “o conjunto de fatos é observado da perspectiva metodológica de dada ciência” (1979, p.63) e o último, as reportagens do novo jornalismo, que procuram revelar e tornar conhecido um caso, utilizando características particulares da literatura para compreensão verticalizada – espaço e tempo – de tal.
Para que a reportagem seja desenvolvida, além de haver interesse no momento de produção, algumas características são consideradas essenciais, principalmente a objetividade dos fatos que estão sendo narrados. É por isso que Sodré e Ferrari (1986) propõem a divisão em três modelos existentes, sendo eles: a reportagem de fatos, a reportagem de ação e reportagem documental.
A partir desse conhecimento, Lima, baseado na exposição dos dois jornalistas, relata em seu livro Páginas Ampliadas (2009, p.25), a particularidade de cada uma. Por conseguinte, a primeira, reportagem dos fatos (fact-story), como o próprio nome diz, dá-se a importância à sucessão dos fatos, situando-os por ordem de importância, pelo método conhecido como pirâmide invertida, usado nas notícias. A segunda, a reportagem de ação (action story), opta por criar movimentação no relato. Nesse caso, inicia com o fato mais atraente, fazendo com que capte a atenção do leitor, fazendo com que este visualize as cenas. E a última, a reportagem documental (quote-story) que, por sua vez, é constituída de dados que comprovam e esclarecem o tema, diante de depoimentos e entrevistas.
Buscando ampliar o conhecimento pela divisão dos modelos de reportagem existentes, Sodré e Ferrari (1986) complementam a ideia de reportagem de ação. Nesta, o repórter deve desenrolar a história procurando tocar o leitor. Além disso, independentemente do modelo de reportagem escolhido, todos os tipos vão ser esquematizados ou em ordem cronológica – não obedece a pirâmide invertida, levando os fatos a serem apresentados pelo acontecimento menos importante, não o mais – e dialético – quando se trabalha o texto a fim de argumentar uma ideia. (1986, p.52)
Ainda sobre os tipos de reportagem e os dois autores, afirma-se que existem outras duas formas de reportagem: a reportagem conto e reportagem crônica. Sabendo disso, tem-se a primeira como um jeito de relatar de forma específica, elegendo um personagem que irá desenvolver o tema. Já a segunda, “se detém mais em situações flagrantes do cotidiano, conduzindo a narrativa de forma impressionista, por meio de um narrador colocado em posição observadora ou reflexiva; de caráter mais circunstancial e ambiental”. (SODRÉ e FERRARI, 1986, p.53)
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