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Processo de Formação da Opinião Pública

Por:   •  19/8/2015  •  Trabalho acadêmico  •  7.126 Palavras (29 Páginas)  •  243 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O papel da Opinião Pública dentro da sociedade é de extrema importância. Primeiramente, não deve ser entendida como a somatória de percepções individuais. A Opinião Pública se origina no debate público, surgindo em meio a um processo de discussão coletiva. Desse modo, deve haver a expressão pública dessa opinião. Mesmo que haja consenso sobre um determinado assunto, se ninguém o discutir e nem agir sobre ele, não existe o fenômeno da Opinião Pública.

A Opinião Pública muitas vezes é expressa através dos meios de comunicação. Por mais que não tenha a capacidade – de forma exclusiva – de determinar a percepção sobre todos os temas, tem forte influência sobre o modo como os assuntos ficarão em suspenso no oxigênio social, contribuindo, principalmente, para que haja uma integração de públicos devido ao consenso da opinião passada. Entender o papel desse conceito dentro da sociedade é de fundamental importância para um profissional de Comunicação, principalmente pelo fato de que as características da Opinião Pública e seus desdobramentos influenciam muito a maneira pela qual a sociedade se molda e as pessoas se comportam.

O nosso trabalho percorrerá a trajetória da formação da Opinião Pública em um contexto de crise organizacional, descrevendo como foi o desenrolar desse processo desde o início da crise há 2 anos até hoje, já que o caso ainda encontra-se sem resolução.

Por decorrência, o ambiente em que nossas opiniões públicas atuam é refratário em muitas maneiras, por censura ou privacidade na fonte, por barreiras físicas e sociais na outra extremidade, por atenção escassa, por pobreza de linguagem, por distração, por constelações inconscientes de sentimento, por desgaste, violência, monotonia. Estas limitações sobre nosso acesso ao ambiente combinam com a obscuridade e a complexidade dos próprios fatos que impedem a clareza e a justa percepção, substituindo ficções enganosas por ideias aplicáveis, impedindo-nos de adequados exames dos que conscientemente se esforçam em enganar. (LIPPMAN, 2011, p. 79)

DESENVOLVIMENTO

  1. – Contexto

Em 24 de fevereiro de 2012, Gabriella Yukari Nichimura, de 14 anos, morreu ao cair do brinquedo La Tour Eiffel, do parque de diversões Hopi Hari, no interior de São Paulo. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a estudante sofreu politraumatismo ao cair do brinquedo. Já o laudo do Instituto de Criminalística de Campinas apontou falha humana no acidente que causou a morte da estudante.

A perícia concluiu que um dia antes do acidente, por um equívoco, os técnicos da manutenção mudaram a chave que mantinha o assento interditado. Já na semana seguinte ao acidente, a direção do parque admitiu que realmente a cadeira em que jovem estava quando despencou de uma altura de trinta metros deveria ter sido interditada.

Em fevereiro de 2013, os pais da adolescente e os representantes do parque formalizaram um acordo de indenização por danos morais. A família pediu R$ 4,6 milhões, mas um termo de confidencialidade assinado pelas partes impediu a divulgação do valor e quer que os responsáveis sejam processados por homicídio com dolo eventual (quando não há intenção de matar, mas assume-se o risco). O processo continua em julgamento, mesmo após 2 anos, e o caso não aparenta resolução breve.

  1. - Grupos
  1. – Descrição e Marcos Sociais
  1. – Empresa Hopi Hari

A empresa Hopi Hari teve sua história inicial baseada em uma sucessão de pareceres comuns que auxiliaram a consolidação de uma boa reputação. Durante 8 anos, a imagem da organização, inaugurada no dia 27 de novembro de 1999, prosperou de forma equilibrada e distante de quaisquer divergências por parte do seu público (a não ser pelo alto valor do ingresso). O ex-presidente Armando Pereira Filho, que participou dessa fase, relatou a conquista como “algo a ser feito dia após dia”.

Porém, em 2007, nasceu o primeiro grande caso a ser avaliado como extremamente relevante e de rápida solução para a sobrevivência do parque: no dia 28 de setembro, um estudante de 15 anos, Arthur Wolf, sofreu um choque anafilático durante o passeio num túnel de uma das atrações, chamada Hora do Horror, e morreu horas depois. Apesar do alarde, a organização se manteve estagnada e não sofreu mudanças pós-acusações por motivo de falta de provas. O fato não afetou também ao amadurecimento do parque, e a empresa se manteve aquém da situação tratando com normalidade o ocorrido.

Como na teoria de Walter Lippman sobre a opinião pública, todo indivíduo, e no caso tratemos o indivíduo como a empresa, não está isento de influências potenciais formadas por suas crenças, símbolos e esteriótipos, podendo, assim, aceitar ou não um marco social como positivo, negativo ou relevante para seu grupo. Na visão do grupo Hopi Hari, claramente, o  marco social não teve relevância para ser discutido como fato negativo e trabalhado com seus públicos adequadamente em momentos posteriores.

Em 2012, aconteceu o caso mais complexo que, de fato, atingiu em cheio o Hopi Hari e sua estabilidade: uma menina de 14 anos, Gabriella Nichimura, caiu de uma altura de 25 metros do brinquedo mais alto do parque e morreu antes mesmo de chegar ao hospital mais próximo do local. O acidente ocorreu por imprudência, omissão e negligência por parte dos funcionários, da gerência e presidência do parque.

Esses dois fatores, como marcos sociais negativos para a instituição e com atenção e prioridade ao segundo, encaixam a organização em uma situação de gradual degradação. O caso Nichimura, como maior foco para a abordagem da crise organizacional do presente trabalho, vem intensificando isso nos últimos dois anos, ainda mais após o início de suas audiências e julgamentos.

O grupo tratou e ainda trata o marco com total normalidade. Para eles, o acidente não impediu o funcionamento da empresa que luta contra a imagem negativa formada por conta da irresponsabilidade de uma minoria, a partir de esteriótipos muito resistentes e desvinculados de quaisquer sentimentalismos perante a vítima e familiares. A reação é explicada também ao observar o acidente anterior, com o menino Arthur, que não prejudicou a empresa: um marco que sofreu um julgamento não negativo, criando, assim, esse esteriótipo de que tal fator (uma acidental morte) não seria forte o suficiente para derrubar a reputação de um parque tão famoso e conceituado, sendo irrelevante para o grupo (parque).

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