RESENHA DO FILME “O INFORMANTE”
Por: Caroline Martins • 23/4/2015 • Resenha • 1.409 Palavras (6 Páginas) • 819 Visualizações
No filme “O Informante” produzido em 1999, nos Estados Unidos relata a história de um ex-executivo da empresa Brown & Williamson, produtora de tabaco. O personagem principal Jeffrey descobre substância maléfica no cigarro e passa a sofrer perseguição e ameaças por parte da empresa. Pode-se perceber a partir da história do filme, traços característicos dos textos lidos pelo grupo.
No início do longo-metragem, o personagem Bergman, de Al Pacino, consegue uma entrevista com um líder do Hezbolah. Ele passa por momentos difíceis para conseguir tal entrevista, enquanto o jornalista e apresentador do programa, apenas realiza a entrevista. Podemos perceber que esta parte do filme pretende legitimar a credibilidade do produtor e gerar confiança em quem assisteo filme. Tal credibilidade é utilizada posteriormente para dar confiança aopersonagem Jeffrey a contar os segredos da indústria do tabaco.
No filme podemos ver ainda a administração clássica de Fayol e UrwicK, uma vez que seus princípios básicos como organização, comando, coordenação e controle estão presentes na Indústria de tabaco e seus princípios de comando são observados na relação entre o diretor da empresa que ordena silêncio a Jeffrey, seu antigo subordinado.
Essas características são notáveis também na emissora de TV, que quando foi propicio a ela, ordenou ao produtor que não levasse a entrevista de Jeffrey ao ar. Segundo o autor José Henrique de Faria, a partir da história do filme, características evidentes citadas em seu texto “Poder e Relações de poder: Os
Fundamentos nucleares da economia política do poder” são condizentes com a
película estudada. Como por exemplo, o poder que é conferido à informação é o principal atributo argumentativo no filme em questão. O conhecimento se torna fator determinante para estabelecer relações sociais dentro das organizações e da sociedade.
Percebe-se também a manipulação da realidade pela unidade a transformando em verdade absoluta, para os subordinados esta é construída visando adesão dos agentes. Assim a ideologia se transforma permanentemente no instrumento de poder. É evidente o poder de intimidação que os altos níveis burocráticos exercem. No filme, por exemplo, a perseguição ao personagem principal e sua família
ocorre devido à detenção de uma informação importante, que compromete a organização, e ameaça de denuncia dessa informação a sociedade exercida pelo personagem. Com isso, percebe-se o poder da companhia se como superior que é protegida em suas próprias leis, a impunidade dessa perseguição é percebida pela proteção do Estado aos mais poderosos. Percebemos claramente a Identidade Corporativa rígida e opressora da empresa de tabaco, quando a mesma após ter despedido sem justa causa um
funcionário, tenta fazer o mesmo assinar um novo termo de sigilo, delimitando assim o que não pode ser pronunciado.
Percebe-se que o personagem de Russel Crowe sofre alguns tipos de violência estudados. A violência, de acordo com Faria, “está ligada à toda a forma de exploração e dominação” (FARIA, p. 283). Após ser demitido da indústria de tabaco, o personagem Jeffrey passa a ter dificuldades financeiras, sendo como um “refém” de seu acordo de comprometimento em não revelar segredos da empresa, sofrendo assim duas formas de violência: econômica e psíquica. A primeira forma de violência se deve justamente ao fato de Jeffrey estar desempregado e não poder arcar com as despesas de um lar, pagar um bom plano de saúde para as filhas e uma boa escola. A violência psíquica perpetrada pela empresa ocorre na intensa luta que acontece na mente do personagem, sobre ser ético e responsável socialmente e falar a verdade para a população ou permanecer calado, recebendo a indenização da empresa e plano de saúde, porém sentindo-se culpado. Ainda como forma de violência psíquica, existem as ameaças de morte que Jeffrey e sua família sofrem durante a história. Vemos crescer o conflito e a não identificação em relação à organização na mente do antigo funcionário, que se sente injustiçado pelas ações da empresa, que após lhe demitir, desconfia de sua índole e ameaça retirar seus merecidos benefícios.
Segundo o autor John Micklethwait, quanto mais a empresa tenta se distribuir o poder, mais ele concentra nas mãos de um lider. Essa ideia é mostrada no filme O informante, quando o cientista Jeffrey Wigand é pressionado pelo líder da industria de tabacos para não contar a informação comprometedora que protagonista descobriu sobre a empresa.
Poder entendido como “o conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados”. No caso de “O Informante” o poder é exercido de todas as formas: tanto persuadindo e manipulando (no caso da CBS News que tenta convencer os jornalistas de que não poderiam transmitir a notícia por estarem cometendo o crime de “Interferência Ilícita”, quando na verdade não queriam comprometer a venda da CBS); quanto ameaçando de punição e prometendo recompensa (no caso da Brown & Williamson, que oferece para Wigand uma gorda indenização e plano de saúde, após ter sido demitido, ao mesmo tempo em que ameaça cortar estes benefícios e processá-lo caso ele descumprisse o acordo de Confidencialidade).
Os tipos de poder, segundo a Tipologia Moderna, são três: poder econômico, poder ideológico e poder político. Das três formas de poder o filme aponta duas: o poder econômico das grandes empresas e o poder ideológico.
Como “todo aquele que possui abundância de bens é capaz de determinar o comportamento de quem se encontra em situação de penúria, mediante promessa e concessão de vantagem”,
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