Trabalho Mídia e Cultura – Malandragem como identidade nacional

Trabalho Mídia e Cultura – Malandragem como

identidade nacional

Aquele que se esquiva, que foge das responsabilidades, que presa o

ócio, está sempre querendo levar vantagem em todas as situações com o

mínimo de esforço, aquele que nega o trabalho, muitas vezes por ter origens

na escravidão e não querer abrir mão da liberdade enfim adquirida, o

malandro tem sido um importante protagonista na formação da identidade

brasileira desde a época da abolição da escravatura, mas que continua

presente na nossa sociedade até os dias de hoje.

Manuel Antônio de Almeida, Chico Buarque de Holanda, Noel Rosa,

Ismael Silva, Nilson Bastos, Francisco Alves, Mário Reis, entre outros músicos,

escritores e artistas imortalizaram a malandragem em suas obras,

contribuindo para fazer dela um aspecto essencial na cultura brasileira.

Muitas vezes inclusive retratando a própria realidade do artista, o qual era

visto como malandro assumido.

Hoje é impossível não associar o brasileiro ao malandro, muitas vezes

inclusive de uma maneira pejorativa como podemos ver no personagem

brasileiro do Walt Disney “Zé Carioca”, um papagaio com vida mansa com

traços de malandro que não trabalha e não tem conteúdo, presa apenas o

samba, a bebida e a vida boêmia.

Houve momentos na história em que se tentou erradicar o malandro

da identidade do país, a fim de instaurar uma imagem de um brasileiro

trabalhador, correto e direito, principalmente na época da ditadura militar.

Músicas que fizessem apologia à malandragem eram censuradas. O que

resultou em uma grande quantidade de músicas e poemas com tons irônicos

mostrando um “malandro consertado”, como podemos observar na música

de Chico Buarque:

CAPANGAS:

E eu que já fui

Um pobre marginal

Sem documento

E sem moral

Hei de ser um bom profissional

Que sucesso

O progresso

Corta