Técnicas de Redação - Análise Série 9mm
Por: Juliano Tramujas • 13/4/2017 • Trabalho acadêmico • 2.052 Palavras (9 Páginas) • 285 Visualizações
Série 9mm: São Paulo / "Aqui se faz, aqui se paga" - (1ª Temp. / Ep. 01)
(Produção Moonshot, exibido no dia 10/06/2008, pelo canal FOX).
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Às 22h foi ao ar pela FOX o primeiro episódio de "9MM: São Paulo", a primeira série brasileira exibida pelo canal, na época uma grande aposta que acabou dando certo. Os criadores da série, Roberto d’Ávila (Produtor), Newton Cannito (Roteirista) e o Michael Ruman (Diretor), juntos com os executivos da Fox produziram 13 episódios na primeira temporada que foi de (junho/08 a julho/09) e sete na segunda de (junho/11 a julho/11). Na primeira "9MM" retratou acontecimentos como os ataques do PCC em 2006, episódios direcionados mais à política. Já na segunda, a violência familiar, como o abuso sexual e a violência contra a mulher, é o tipo de crime que predomina em todos os episódios. Na primeira temporada foram gastos menos de R$ 1,5 milhão e a segunda custou R$ 3,6 milhões, mesmo tendo cinco episódios a menos, a maioria desses recursos foram bancados pela ANCINE (Agência Nacional do Cinema), através de incentivo fiscal à produção audiovisual.
A série conta o cotidiano de uma Divisão de Homicídios de São Paulo sobre o qual é explorado tanto a investigação dos crimes como a vida pessoal dos personagens principais, tem conteúdo adulto, pesado e não conta com toda aquela tecnologia que a série policial têm, mas sim com elementos parecidos com a série americana The Shield. O melhor de tudo é que o Brasil é o único país que a Fox exibiu a série em 2008 e só em 2009 a série foi passada em toda América Latina, sendo bem recebida por todos.
Também retrata com muito realismo a situação do Brasil e o drama das famílias nas favelas de São Paulo. O primeiro episódio foi bom, apresentando um pouco de cada personagem e a história central do episódio “Aqui se faz, aqui se paga” foi sobre prostituição. O corpo de uma jovem modelo é encontrado na periferia da cidade de São Paulo, por envolver o sofisticado mundo da moda e a TV, o crime chama a atenção da mídia e este caso representa uma excelente oportunidade para que o jovem delegado Eduardo Vilaverde (Luciano Quirino) obtenha destaque. Porém, a chave para a solução do crime está nas mãos de Horácio (Norival Rizzo), um experiente membro da Divisão de Homicídios que encontra uma pista enquanto investiga cafetões e pedófilos no submundo do sexo.
Como disse o essencial foi a apresentação dos personagens, na qual conhecemos um pouco mais deles, mas ainda não somos apresentados por todos, do que eles são capazes, tirando o Horácio que já provou que não é de brincadeira. Enfim, "9MM: São Paulo" acabou sendo um grande sucesso nos episódios seguintes e finalmente jogou fora aquele rótulo de seriado brasileiro em formato de novela da globo, transformando a série em algo mais sério e com cara de seriado mesmo, mas é claro que existe um abismo imenso entre a melhor produção nacional e as melhores produções americanas e inglesas do gênero audiovisual.
A FOX se arriscou em exibir a série para o mesmo público que já assiste "24 Horas", "Dexter" e "Nip/Tuck", especialmente aqueles que gostam de assistir essas séries dubladas em português. O canal quis fazer uma comparação, quis o vínculo e talvez ainda quisesse o nosso feedback e a nossa crítica.
O sentimento ao assistir "9mm: São Paulo" é de conflito, a série é cheia de inegáveis boas intenções e também cheia de pequenos pecados e são tantos os pequenos pecados, que eles vão minando a paciência do telespectador mais exigente. Melhor analisar por partes este primeiro episódio.
Produção:
A Moonshot, produtora independente nacional, pesquisou muito para descobrir a verdadeira estrutura de um seriado de ação, o que vemos na tela é um piloto bem produzido, coeso, repleto de referências ao que melhor se faz na TV americana (eles prometeram que a série teria muito de "The Shield" e "24 Horas", e tem mesmo).
O que mais se nota é uma grande preocupação com as locações, em explorar a paisagem urbana de São Paulo. Este deslumbramento com São Paulo acaba criando a monstruosidade de misturar centro, bairro, periferia e favela em poucas tomadas. "The Shield" é super econômica neste sentido, a ação se fecha num espaço geográfico bem definido de Los Angeles. "9mm" poderia aprender um pouco com isto. Ao invés de rodar atrás das melhores locações, melhor seria investir num belo cenário para a delegacia de polícia, como "The Shield" também faz muito bem.
Nas sequências finais de ação, onde a captação de áudio é ruim (um problema histórico do cinema brasileiro), temos a nossa amiga e odiada dublagem, gravar na mata sempre foi um grande problema, poderia ter sido gravada em outro lugar ou ter sido feito em estúdio.
Enredo:
Achei a história do primeiro episódio um pouco frustrante. O gênero policial é um gênero esgotado, é só conferir o que aconteceu nos seriados da temporada 2007-2008 nos Estados Unidos, o único que conseguiu emplacar foi a série policial "Life". As boas histórias já foram todas contadas mais de uma vez, e este era o grande desafio para a produção.
A proposta inicial de "9mm: São Paulo" é muito boa, por ser um programa realista e colocar na tela policiais tridimensionais, mas isto acaba sendo muito decepcionante, pois vemos na tela policiais aparentemente complexos e cheio de conflitos e uns vilões que são uns bandidos sem escrúpulos, a história acaba fugindo um pouco da proposta inicial, que era colocar em cena uns vilões mais cheios de nuances.
Logo mais adiante nos outros 12 episódios que foram feitos para a primeira temporada, os produtores se deram conta que é dificílimo querer fazer um show realista com histórias fechadas em si, resolvidas nos 40 minutos de duração do episódio. Isto obrigou a série a usar argumentos simplórios ou a resolver a ação rapidamente nos minutos finais do episódio, que foi exatamente o que aconteceu neste.
Roteiro:
Este foi o ponto em que mais me decepcionei com a série, os diálogos deste primeiro episódio não soavam natural na boca dos atores, especialmente daqueles menos conhecidos. Os diálogos machucavam os ouvidos, mesmo com os palavrões, que pareciam ter sido introduzidos justamente para que tudo que era dito na tela parecesse mais natural.
Direção e Edição:
Em alguma horas se parecia muito com a série "Nova York Contra o Crime", pelo fato de dispensarem o tripé e filmarem com a câmera na mão e em outras tomadas meio esquisitas lembrava "The Shield", só acho que exageram um pouco, pois ambos usam esses recursos, mas são super econômicas na hora da edição, fazendo poucos cortes, sem prejudicar a filmagem, "9mm: São Paulo" mistura as duas coisas, construindo um piloto visualmente poluído.
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