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A AGONIA E ÊXTASE

Por:   •  4/3/2018  •  Trabalho acadêmico  •  694 Palavras (3 Páginas)  •  407 Visualizações

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AGONIA E ÊXTASE. Direção de Carol Reed. EUA: [s.n], 1965. 139 min, Colar.

Kaike Araújo Gusmão[1]

RESENHA[2]

Inicialmente o filme Agonia e Êxtase apresenta a sublime pintura da Capela Sistina do exímio escultor e pintor Michelangelo. O enredo da película foi baseado no livro de Irving Stone, The Agony and the Ectasy por meio de uma ampla pesquisa usando, a título de exemplo, as cartas de Michelangelo e a biografia do artista escrita no século XVI por Giorgio Vasari com o título Lives of the artists.

O filme possibilita algumas indagações acerca dos detalhes expressos nos afrescos de Michelangelo, a saber, a possibilidade de pensar a respeito dos meandros da produção daquele artista e de seus momentos de sublimação e crise. É relevante considerar os aspectos formais designativos da arte no período renascentista. De acordo com o filosofo e escritor francês Denis Diderot em seu Ensaio de Pintura, o artista do Renascimento empenha--se por criar um universo paralelo ao mundo real. Tal ação avaliava a concepção grega para a qual a arte afirmava-se como segunda natureza. A arte, nessa definição, não é um paralelo que recria uma outra natureza, mas seria a própria natureza sublimada.

O trabalho pictórico e escultural do notável Michelangelo é um bom ensejo para refletir certos aspectos da sociedade florentina e romana no cume da chamada alta renascença. Ele acreditava ser um instrumento de Deus e com sua inspiração fazia renascer do mármore as figuras que nele adormeciam. Em o Agonia e Êxtase, o escultor acredita libertar as imagens da pedra, isto é, delega o ato de criação a Deus e não a si mesmo. Esse pronunciamento parece contrastar com um ideal humanista para o qual o homem é a medida das coisas. A visão sobre Michelangelo apresentada no filme é a de um artista cético com a Igreja, com o mundo e, sobretudo, consigo mesmo, ressaltando os valores humanistas em evidência à época. Sob outra perspectiva, diviniza a criação do pintor e escultor, à medida que o torna instrumento de um gênio metafísico.

Segundo o crítico e historiador da arte alemão Erwin Panofsky a palavra humanistas significava no período medieval uma comparação entre o homem e todas as criaturas que estão acima ou abaixo dele na hierarquia do universo. No primeiro caso, esse conceito possui um valor positivo, em oposição com a definição que coloca o homem numa relação inferior e limitada às coisas que estão acima dele. O Renascimento conduziu uma nova explicação a essa palavra, cuja ideia consiste no ímpeto criador da mente humana. Assim, com base nessas explicações é que pode-se caracterizar o humanismo de Michelangelo e seu empenho criador na escultura e nos afrescos.

O pensamento de Michelangelo era emblemar sua própria angústia face o trabalho da Capela não terminado. Ao ser convidado para pintar os afrescos da Capela Sistina, ele passou a esculpir com pincéis. As pinturas de tão monumentais mais assemelham esculturas, além disso o autor fez uso de um recurso bastante conhecido em sua época as quais suas pinturas pareciam sentar nas bordas do teto como se as formas de expressão se completassem. A composição de elementos da pintura e da arquitetura era uma técnica já conhecida à época de Buonarrotti que enganava os olhos.

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