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A Avaliação Na Universidade Pedagógica: Entre A Teoria E A Prática

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Por:   •  30/10/2013  •  3.834 Palavras (16 Páginas)  •  444 Visualizações

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Introdução

A educação, em Moçambique, no seu dia-a-dia de sala de aula, está muito presa a avaliação sumativa ou tradicional que mede todo o esforço de aprendizagem do aluno na nota quantificada duma avaliação, em muitos casos, escrita. Parece que os professores ensinam para avaliar. Por isso, o que interessa neste tipo de educação, como apontou Perrenoud (1999: 68), “é ter boas notas (ou seu equivalente qualitativo) para progredir na trajectória escolar e ter acesso às habilitações mais almejadas”.

Assim, o aluno não se esforça por saber ou em fazer progressos no processo da aprendizagem, mas se preocupa em ter notas para passar para outra etapa ou classe. Esta é postura não apenas dos alunos do ensino básico e secundário, mas faz parte também do comportamento do estudante universitário. Deste modo, o estudante recorre a processos de memorização da matéria para reproduzir nos testes, socorre-se da fraude académica para o que não consegue memorizar (em algumas salas de aulas, pode observar-se anotações à lápis nas carteiras e nas paredes); em caso extremo, o estudante usa tráfico de influências para poder obter a nota requerida para fazer a disciplina.

Assim, a educação universitária, em Moçambique, não vê o aluno como protagonista no processo de aprendizagem. A universidade deixa de ser um lugar de produção do conhecimento crítico; a filosofia, em particular, quando deixa por fora a característica da complexidade, que não se pode medir numa avaliação sumativa, desvia-se da sua missão de formar pensadores com um olhar complexo perante a realidade humana.

A situação acima descrita, muitas vezes, é contrária ao preconizado nos estatutos da avaliação da instituição. As normas da avaliação, que as universidades emanam, nos últimos anos, aproximam-se mais da avaliação formativa ; no entanto, a prática está longe deste tipo da avaliação. Neste ensaio analisamos a avaliação na sua complexidade de teoria e prática na Universidade Pedagógica (UP). Este olhar crítico é feito tendo em conta a avaliação orientadora, que é considerado o método ideal da avaliação para educação contemporânea.

O objectivo geral deste ensaio é: Analisar a teoria e a prática da avaliação no curso de ensino de Filosofia da UP. Três objectivos específicos ajudarão a concretizar o objectivo geral; a saber:

• Falar do lugar da avaliação no processo de ensino e aprendizagem;

• Indicar a relação que existe entre a teoria e a prática da avaliação no ensino da filosofia na Universidade Pedagógica;

• Apontar as vantagens do uso da avaliação orientadora como instrumento de aprendizagem no ensino de filosofia.

Decorrente dos três objectivos específicos, o ensaio apresenta três partes, a primeira procura indicar o lugar da avaliação no processo de ensino e aprendizagem; o segundo capítulo será um questionamento sobre a teoria e a prática da avaliação no ensino de filosofia (aqui o ensaio baseia-se nas entrevistas feitas a estudantes do curso de filosofia ministrado na Universidade Pedagógica); e o último busca uma avaliação orientadora como resposta ao problema dos desvios da prática da avaliação no curso de ensino de filosofia. Assim, o ensaio, além duma pesquisa bibliográfica correlacional, baseia-se em entrevistas feitas aos estudantes do primeiro ao quarto ano do curso de Ensino de Filosofia na UP.

Capítulo I – O Lugar da Avaliação no Processo de Ensino e Aprendizagem

1. Avaliação no Processo de Ensino-Aprendizagem

Quando tratamos de definir o que seja a avaliação, dado a abundância da literatura, parece-nos uma empresa fácil. No entanto, é algo complexo. Hodiernamente, não podemos contentar em ver a avaliação como a comparação constante entre os resultados dos alunos, ou o seu desempenho e objectivos, de acordo com Tyler (1949), considerado como o pai da avaliação educacional.

A avaliação, hoje, é entendida como “actividade crítica de aprendizagem, é parte integrante e dinâmica da educação. Procura tanto a aquisição como a produção e reprodução do conhecimento” (MÉNDEZ, 2002: 53). Assim, compreendemos que a avaliação é complexa; visto que não significa verificar o que foi aprendido, compreendido ou retido, mas sim julgar o valor de toda a actividade educativa, conduzindo o aluno a melhorar a sua aprendizagem.

A complexidade da avaliação afasta-nos da visão dialéctica da aprendizagem, que pode ser expressa na seguinte fórmula: matéria – assimilação pelo aluno.

No processo de ensino e aprendizagem, a avaliação visa a verificar se os objectivos educacionais estão a ser atingidos pelo programa de ensino. “Ela tem por finalidade fornecer informações quanto ao desempenho dos alunos em face dos objectivos esperados, possibilitando que se verifique o quanto as experiências de aprendizagem, tal como previstas e executadas, favorecem o alcance dos resultados desejados” (SOUSA, 1997: 28).

Podemos afirmar que a avaliação é inerente ao processo de ensino e aprendizagem, no sentido em que ela oferece-nos o grau de mudança de comportamento dos estudantes, visto que ela avalia os comportamentos do domínio cognitivo, afectivo e psicomotor, daí decorre a necessidade de utilizar procedimentos diversificados. Ela está presente desde o início até ao fim do trabalho que se desenvolve no aluno, atendendo em cada fase, as diferentes funções do processo de ensino e aprendizagem.

A avaliação é imprescindível na educação, posto que nos ajuda a verificar os resultados alcançados numa certa etapa de aprendizagem, para melhor planear o trabalho a ser feito; por outro lado, a verdadeira avaliação deve actuar como factor estimulante para o crescimento do aluno, dado que a partir dela ele se conhece e desenvolve melhor a capacidade de auto-avaliação. Assim percebida a avaliação, não é um processo meramente técnico, pois ela busca a reflexão da intencionalidade subjacente ao processo pedagógico (cfr. SOUSA, 1997: 45).

A avaliação serve para informar sobre o valor das habilidades do aluno e não para hierarquizar os alunos em mais aptos e menos aptos, não deve ser uma expressão da posição do indivíduo em relação à sua turma. A avaliação não é um processo selectivo, mas sim catalisador do processo de aprendizagem.

Capítulo II – Avaliação da Aprendizagem no Curso Ensino de Filosofia na Universidade Pedagógica: Entre a Teoria e a Prática

1. A

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