A EXISTENCIA DO PENSAR NO UNIVERSO CARTESIANO
Por: amarildo matos • 23/12/2018 • Artigo • 1.485 Palavras (6 Páginas) • 180 Visualizações
A EXISTENCIA DO PENSAR NO UNIVERSO CARTESIANO
Amarildo de Lima Matos[1]
Resumo: Este artigo objetiva apontar contribuições relevantes do filosofo e matemático Francês René Descartes para o desenvolvimento do pensamento cientifico moderno, tomando como base o significado traduzido em uma de suas frases mais conhecida “penso, logo existo” e sua obra O Discurso Sobre o Método.
Palavra-chave: Descartes; Pensamento cientifico; Cartesiano
Abstract: This article aims to point out relevant contributions of the French philosopher and mathematician René Descartes to the development of modern scientific thinking, based on the meaning translated into one of his best known phrases "I think, therefore I am" and his work The Discourse on Method .
Keyword: Descartes; Scientific thought; Cartesian
- INTRODUÇÃO
É na concepção de mundo Socrático e Pré-Socrático que a vida vai se tornando mais racionalizada, dicotomizada e categorizada, vai se esvaindo a beleza do invisível, do holístico e uma nova sociedade vai se despontando dentro de conceitos puramente racionais. Assim, é a racionalidade que vai nortear a vida e as relações humanas, é nesse limiar da razão que novas correntes de pensamentos filosóficos vão surgindo e se reconfigurando, nesse contexto Antonio Medina Rodrigues em sua obra Entre o Mito e a Razão (1988) destaca que “quando, no século VI a.C., o pensamento racional começou a despontar nas cidades gregas da Ásia Menor, não apareceram tribunais inquisitoriais, como ocorreria nos tempos de Galileu”.
No entanto, é com o filosofo René Descartes (1596-1650) um dos principais expoentes da corrente de pensamento racionalista que essa idéia irá se conceituar, categorizar e apontar para uma nova forma de pensar, não mais com a força das concepções aristotélicas clássicas, mas, numa concepção racionalizada em que não há espaços para certezas absolutas, mas, em que tudo é posto a duvida e o conceito de verdade está completamente ligado ao método. É nesse sentido que aponta Camargo (2014)
Tal método de interpretação das fórmulas abriria caminho para o conceito de função, o cálculo infinitesimal e o limite, no período seguinte ao cartesiano. “La Géométrie” é um dos três ensaios prefaciados pelo "Discours de La Méthode pour bien conduire as raison à chercher La verité dans les sciences" (Discurso sobre o Método para Bem Conduzir sua Razão a Procurar a Verdade nas Ciências), introdução que se tornou a sua obra mais importante. Aqui, Descarte descreveu a essência do método: partir de premissas verdadeiras; parcelar etapas de raciocínio complexos em "cadeias de raciocínio", tantos outros raciocínios "simples" quantos se fizerem necessários; evitar omissões na condução de raciocínios longos.
É diante do ponto de vista racional, que Descarte partia de pressupostos que as soluções dos problemas não poderiam ser influenciadas por fatores externo através das sensações, emoções, pois a interpretação da realidade não é contemplada através do sentido humano, nesse sentido, poderia conduzir a erros e nesse aferimento o fator sorte não pode ser admitido.
O que Descartes chama de método consiste, em última análise, na ordem e disposição das coisas, para as quais é necessário dirigir toda agudeza do espírito para descobrir a verdade. O que obteríamos se, do espírito, reduzimos gradualmente os problemas complicados e obscuros a outros mais simples, tentando, a partir desses últimos, elevarem o grau de conhecimento de todas as outras coisas. Daí, para distinguir as coisas simples das mais complexas e prosseguir ordenadamente na investigação, seria preciso que deduzíssemos diretamente algumas verdades de outras. É preciso, pois, examiná-las como um movimento contínuo e jamais ininterrupto de pensamento, tendo em vista como estas coisas se relacionam com o nosso propósito, para uma reunião em uma enumeração suficiente e ordenada. Entretanto, se entre as coisas tratadas, há alguma que nosso intelecto não possa intuir suficientemente bem, haveríamos de nos deter mais nestas, dirigindo toda a força do espírito às coisas menores e deter-se nelas tempo suficiente até que possamos vê-las por uma intuição de maneira clara e distinta. (MERTENS, 2007).
Nessa direção, Descartes no grau Maximo de sua duvida encontra a verdade inquestionável que é no momento que duvida de tudo não pode duvidar que esteja duvidando, sou algo que duvida, sou algo que pensa na duvida, sou algo que existe por pensar, “se penso, logo existo”. Daí, sua máxima onde está ancorado o ponto de partida em que vai fundamentar a sua filosofia onde o duvidar de tudo é a premissa.
Nesse contexto, uma de suas sentenças irá corroborar para o conceito de ciência moderna, “Se quiser buscar realmente a verdade, é preciso que pelo menos uma vez em sua vida você duvide, ao máximo que puder de todas as coisas.” Diante disso, Souza ressalta que.
Na filosofia cartesiana o homem é agente ativo e participativo e o mundo inteira objetividade. Embora pareça tratarem-se de uma resolução definitiva, essas máximas para Descartes significaram o início de um problema que precisaria ser posto ao crivo da dúvida, para enfim adentrar na verdade absoluta. Mas, a precisão do pensamento cartesiano recai principalmente em torno da reviravolta dada em torno da natureza humana e seu poder cognoscível, em contraponto a tradição dogmática da medievalidade. Todas essas idéias estão contidas em suas obras mais célebres, e a forma que ele as escreve não deixa de ser peculiar.
É no Discurso do Método onde Descartes revela que a escolha da matemática no início ainda não o tinha por inteiro convencido, porém seu sólido embasamento surpreendia-o. Assim ele afirmava:
“Comprazia-me, sobretudo com as matemáticas, por causa das certezas e da evidência de suas razões, mas não percebia ainda seu verdadeiro uso, e pensando que só serviam para as artes mecânicas, espantava-me de que, sendo tão firmes e sólidos seus fundamentos, nada de mais elevados se tivesse construído sobre eles”. (DESCARTES, 1996 p. 11)
O duvidar de Descartes abrange vários níveis do conhecimento desde aqueles trazidos pelas sensações através dos sentidos por vezes enganadores, até os trazidos pelos sonhos que não distinguem as coisas no acordar e no dormir. Nessa perspectiva Damião discorre.
Alcançada a certeza do pensamento, Descartes passou a considerar a origem e a qualidade de nossas idéias. Existem idéias que são claras e distintas. Essas idéias são inatas, independem dos sentidos, não estão sujeitas ao erro, são verdadeiras e racionais. O cogito como nos referimos à certeza alcançada, é uma idéia inata. Outras idéias inatas nomeadas pelo filósofo são: a idéia de perfeição de Deus e as idéias de extensão e movimento.
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